Fundado em 2018, no clima do norte da Alemanha, ao longo do mar Báltico, o coletivo anónimo de black metal Dødsdrift está prestes a lançar o seu segundo álbum intitulado "Ødnis", no dia 15 de outubro pela Vendetta Records. Nesta nova obra, a banda convida o ouvinte a uma jornada sombria e hipnotizante diretamente para as profundezas do ser humano.
Os Dødsdrift abrem o coração e entregam um lançamento de black metal intenso e comovente que marcará 2021, por isso, a Metal Imperium decidiu conversar com a banda para saber mais detalhes. Confiram aqui!
M.I. - Por que optaram pelo nome Dødsdrift, usando uma palavra norueguesa? Por que é que este é o melhor nome para vocês?
Em primeiro lugar, o nome da nossa banda é a palavra dinamarquesa para “desejo de morte”, mas também existe a mesma palavra na língua sueca e norueguesa, então digamos que é um termo escandinavo.
O objetivo da nossa música é combinar a beleza sombria e a atmosfera fria / áspera do black metal. Queremos causar o fascínio pelas trevas de uma forma bonita. É disso que trata a nossa música e é por isso que este nome paradoxo foi escolhido.
M.I. - Dødsdrift é outro coletivo misterioso na cena musical de hoje. Isso não é novidade. Por que querem fazer assim? Ser anónimos dá-vos uma aura mais misteriosa?
Como a maioria dos projetos musicais que atuam de forma anónima, queremos ser reduzidos à música e não às pessoas por trás dela. É importante para nós que todos no coletivo sejam vistos da mesma maneira.
M.I. - Vocês são músicos experientes? Os membros estão envolvidos noutros projetos?
Sim, todos nós temos outros projetos musicais no campo do metal e da música pesada há vários anos.
M.I. – A editora sabe as vossas verdadeiras identidades? Além de vocês, quem sabe quem vocês são?
A Vendetta Records não tem conhecimento de todas as identidades, mas sabe de todos os outros projetos musicais em que estamos envolvidos.
Há apenas um punhado de pessoas que sabem exatamente quem está por trás dos Dødsdrift. Tentamos manter isso o mais secreto possível, portanto, não mostraremos os nossos rostos nem partilharemos os nomes verdadeiros.
M.I. - Considerando que a banda tem um nome norueguês, presumo que o Black Metal norueguês tenha sido uma grande influência. É mesmo assim? Mencionem as bandas que tiveram um impacto maior.
Existem algumas bandas que gostamos de ouvir e que nos influenciam. Podemos referir Der Weg Einer Freiheit, Winterfylleth ou Harakiri for the Sky.
Claro, também existem outras bandas de black metal conhecidas da Noruega ou da Suécia nas quais nos inspiramos.
M.I. - Que álbum vos “virou” para o Black Metal? Porquê?
Existem algumas obras-primas por aí que todos ouvimos, gostando ou não. "A blaze in the Northern Sky" dos Darkthrone ou "Storm of the light’s Bane" dos Dissection são apenas dois exemplos.
As histórias e lendas que aconteceram na Noruega, durante os anos 90, são fascinantes se fores novo neste tipo de música. Não era apenas ser mauzão em disco, mas também na vida real. Eu acho que muitas pessoas encontraram o seu caminho para o BM dessa forma.
M.I. - Citem os 10 melhores álbuns de todos os tempos para vocês.
Darkthrone - A Blaze in the northern Sky
Dark Fortress - Stab Wounds
Dissection - Storm of the light’s bane
Iron Maiden - Somewhere in time
Mgla - Exercises in futility
Winterfylleth - The dark hereafter
Behemoth - Demigod
Dark Funeral - Where shadows forever reign
Immortal - Sons of northern darkness
Deafheaven - Sunbather
M.I. – O vosso primeiro álbum “Weltenszission” foi lançado a 20 de outubro de 2019 e o novo ‘Ødnis’ será lançado a 15 de outubro de 2021... algo especial sobre o mês de outubro?
Não. Pura coincidência.
M.I. - Eu li que “no próximo álbum, os Dødsdrift vestem os seus corações e entregam um lançamento de black metal intenso e comovente”. Concordam? Quão importante é colocar as vossas emoções nas músicas?
Sempre haverá músicas em que se não tem certeza do resultado final. Mas o mais importante é colocar sempre toda a energia nisso e concentrarmo-nos nas peças que são mais importantes para nós. Para o próximo álbum, queríamos que as músicas soassem mais amplas e poderosas do que em Weltenszission. Portanto, decidimos torná-las mais claras e diretas. Além disso, dobramos as vozes em alguns pontos para torná-las mais amplas e poderosas.
Como para muitos músicos, colocar as emoções na música é importante para nós. Isso não significa necessariamente que as letras devem refletir os sentimentos 1:1, mas também pode conseguir-se isso através de instrumentos e da voz.
M.I. - O novo álbum é intitulado “Ødnis” e inclui 10 faixas com títulos alemães. Sobre o que são as letras?
As letras de Ødnis falam sobre o desejo de encontrar o nosso próprio caminho, de prosperar em momentos críticos, o poder da natureza e os conflitos que todo o mundo está a enfrentar. Nunca nos verão a escrever canções sobre Satanás ou a punição de Jesus Cristo. Embora esses sejam temas típicos do Black Metal e dos membros por trás da música, não escolheremos essa abordagem, pois não seria autêntica para nós. E este é um grande ponto para nós. Existem tantas bandas por aí que adoram o diabo nas suas músicas e cuspem sangue em palco, mas depois do espetáculo, vemo-los a rir-se de tudo isso. Essa não é a nossa cena.
M.I. - Por que optaram por escrever e cantar na vossa língua materna?
Existe uma resposta bastante simples para isso. Achamos que as emoções e ideias por trás da música funcionam melhor na nossa língua materna. Quando iniciamos o projeto Dødsdrift, parecia a coisa mais natural de se fazer e nunca conversamos sobre o uso de inglês ou outro idioma.
M.I. - Como foi gravar um álbum durante uma pandemia?
Exaustivo. Como quase todos os membros vivem em áreas diferentes ao longo da costa do Mar Báltico, no norte da Alemanha, não nos foi permitido encontrarmo-nos como queríamos. Os nossos guitarristas tiveram sorte porque moram na mesma cidade, e puderam trabalhar as músicas juntos e apoiar-se um ao outro durante a gravação. Em geral, não tivemos uma sessão em que todos estivéssemos no mesmo lugar durante as gravações.
O mesmo acontece com a arte e o layout do CD e do vinil. Todo o processo ocorreu remotamente.
M.I. - Ambas as capas dos vossos álbuns incluem a imagem da Natureza. Quão importante é a mãe Natureza para vocês?
A natureza é sempre importante. A capa de Weltenszission mostra partes da costa acidentada da Ilha que se encaixa muito bem com a maioria dos temas das letras. A foto da capa de Ødnis, por outro lado, foi tirada no norte da Alemanha. Mostra uma área abandonada dentro de um pântano, onde não se permite muito crescimento ao lado de uma velha árvore, que consiste apenas em madeira morta. Alguns dias depois, essa árvore foi atingida por um raio e desfez-se, o que é bastante poético, pois é exatamente sobre isso que a letra da música “Moorbrand” fala.
M.I. – O videoclipe de "Fährde" atingiu as 10.000 visualizações no YouTube. Isso é ótimo! Quão poderosa é a internet hoje em dia? Acham que isso pode fazer ou quebrar uma banda? Por que é que as bandas ainda precisam de editoras?
Obrigada. A internet hoje em dia, e também na última década, é ótima para bandas. Muitos mais músicos têm a oportunidade de mostrar o seu potencial a um público maior. Processos que levavam muitos anos no passado podem ser acelerados facilmente em meses ou menos, novos géneros são descobertos e também as opções de compra de itens físicos como vinil ou CDs são muito melhores. Por outro lado, há tanta porcaria por aí e as pessoas ficam irritadas se não se comentar sobre as suas músicas como elas esperavam. A cena do metal é bastante benevolente, especialmente com bandas jovens. Mas se fores para outros géneros fora do Metal, as pessoas enlouquecem nos comentários.
M.I. - O vosso primeiro álbum foi lançado de forma independente, mas o novo será lançado pela Vendetta Records. Como surgiu o acordo com a editora?
O primeiro lançamento de Weltenszission foi DIY. A única exceção foi a masterização feita por um amigo nosso que trabalha com música ao vivo.
Apenas a versão em CD de Weltenszission foi um auto-lançamento. Recebemos alguns pedidos de diferentes pequenas editoras independentes. Mas todas as ofertas não corresponderam às nossas expectativas. Por exemplo, uma editora pediu-nos para renunciar aos direitos da nossa própria música... Mas alguns meses depois do lançamento de Weltenszission, a Vendetta Records perguntou-nos se estávamos interessados numa versão em vinil do lançamento. E assim encontramos na Vendetta Records um parceiro forte, com quem também lançaremos o álbum Ødnis. Estamos em ótima companhia com a Vendetta Records.
M.I. - Qual a principal diferença entre lançar um álbum de forma independente e através de uma editora?
Isso depende muito da editora. Por exemplo, a Vendetta Records dá-nos total liberdade artística na forma como queremos fazer a nossa música, o layout ou entrevistas e cooperação com outras editoras. As outras editoras, especialmente as grandes, são muito mais rígidas em termos do que uma banda deve oferecer e como a promoção deve ser, etc.
A maior diferença para um auto-lançamento é com certeza o apoio que não terás como banda nova. Não se trata apenas de conhecer os promotores ou locais para concertos ao vivo, mas também a experiência em termos de coisas operacionais em si até que o lançamento seja finalmente feito.
M.I. – A Vendetta Records tem muitas bandas de qualidade no seu catálogo. Como se sentiram quando se juntaram a eles?
Estamos muito orgulhosos de fazer parte da Vendetta Records e de estar em boa companhia com bandas como Ultha, Verheerer ou Afsky, para citar apenas algumas grandes deste cosmos. Também estamos ansiosos para entrar no festival da Vendetta em Berlim para conhecer todas as outras grandes mentes por trás da música.
M.I. - Receberam ofertas de outras editoras? Por que é que a Vendetta Records foi a escolhida?
Sim, recebemos algumas ofertas de outras editoras underground. Decidimos usar a Vendetta Records por vários motivos. Em primeiro lugar, sentimo-nos muito confortáveis com todas as outras bandas que a Vendetta tem na sua lista e a editora é conhecida por ter muitas bandas de Black Metal de qualidade. Além disso, desfrutamos de total liberdade artística na nossa música / arte / estilo, que é para nós (e deve ser para quase todas as bandas) uma das coisas mais importantes.
M.I. – Se os Dødsdrift pudessem fazer uma tournée com qualquer banda, que banda escolheriam primeiro e por quê?
Não há consenso aqui, ha.
M.I. - A tournée perfeita para vocês como banda agora, que bandas incluiria?
Pergunta difícil. Mas Der Weg Einer Freiheit, Dark Funeral ou Deafheaven estariam muito bem posicionadas no ranking.
M.I. – O vosso primeiro álbum foi lançado alguns meses antes da pandemia começar e provavelmente não lhe fizeram justiça com a promoção ao vivo por causa dos bloqueios. Pretendem fazê-lo agora que o mundo parece estar a abrir novamente?
Com a reabertura de clubes e festivais, poderemos dividir o palco com outras grandes bandas e queremos concentrar-nos em tocar ao vivo no final de 2021 e em 2022. O primeiro concerto em 2021 acontecerá no norte da Alemanha em novembro.
M.I. - Os concerto ao vivo incluirão faixas de ambos os álbuns ou concentrar-se-ão principalmente no novo?
Como não tivemos a oportunidade de apresentar o nosso primeiro álbum ao vivo até agora, a setlist conterá muitas das músicas antigas, mas é claro também as novas.
M.I. - Quais são os planos dos Dødsdrift para o futuro? Alguma coisa já planeada?
O lançamento de Ødnis será o nosso próximo grande marco a 15 de outubro. Será lançado pela Vendetta Records em CD e vinil, e talvez em cassete, posteriormente.
Durante a pandemia, tivemos a oportunidade de trabalhar em algum material novo para o terceiro álbum, mas vamos concentrar-nos em entrar em palco e trazer Ødnis à vida.
M.I. - Muito obrigado pelo tempo e música. Por favor, deixem uma mensagem aos leitores da Metal Imperium Webzine.
Obrigado pelo apoio!
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Entrevista por Sónia Fonseca
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