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Reportagem: Devil In Me, M.E.D.O., Contra Corrente, Mau Olhado @ *SIGA* Wallride, Faro


Com o levantar de algumas restrições - no que diz respeito a concertos e eventos - tornou-se uma boa altura para a banda Devil In Me e os concertos de hardcore regressarem aos palcos, daí terem voltado à estrada para realizarem uma mini-tour em território nacional, distribuída por três datas, 12, 13 e 14 de Novembro (Faro, Porto e Lisboa, respetivamente). Estas datas são ponto de partida para a edição do novo trabalho discográfico dos Devil In Me, que se encontra previsto ser lançado no próximo mês de janeiro de 2022, através da alemã Dead Serious Records e também para a tour na Europa e no UK, com Comeback Kid e Be Well. Como tal, no passado dia 12 de Novembro coube a vez à Associação Recreativa e Cultural de Músicos em Faro receber esta mini-tour, com o carimbo da Hell Xis. Também para esta data em concreto, as bandas convidadas para o começo das hostilidades foram os Mau Olhado, os Contra-Corrente e os M.E.D.O. 
Acresce que este concerto se inseriu na programação *SIGA* e contou também com um Evento de Skate, que foi organizado pela WALLRIDE. Os Devil In Me, a WALLRIDE e a ARCM trabalharam em conjunto, para que se pudesse envolver a comunidade do skate neste evento, dado que, para as gravações do videoclip do single "War" a banda tocou neste skatepark privado. No início deste evento da ARCM, estive ainda por um bom bocado a ver os jovens da comunidade da WALLRIDE a efetuarem manobras no parque de skate, montado dentro da Sala Morcego. Muito salto e algumas quedas, mas muito boa disposição. De seguida, dado que a hora de começo dos espetáculos se aproximava, e com a quantidade de pessoal que se encontrava no pátio do espaço, dirigi-me para a Sala *SIGA*, onde iriam decorrer os concertos. 

A banda de abertura para esta noite de absoluta loucura de massa humana e muita animação foram os Mau Olhado, que começaram a sua atuação pouco passava das 21:30h e banda que nos entrega com muita diabrice o seu punk, com laivos de thrash, e que são ali da zona de Faro. Que dizer de uma banda que se apresenta com "O Mau Olhado chega e corrompe-vos a alma!"? Muito. Tião Costa, seu vocalista, parecia realmente um diabo à solta no palco. A banda trouxe-nos o seu EP "Diabo à Solta", lançado o ano passado, e que, entre muitas puxadas pelo público por parte de Tião, a incentivar o pessoal ao mosh, a que subissem ao palco e ainda a censurar, com muita marotice, o pessoal que tanto se queixava das restrições e que agora não se chegavam à frente. Realmente são uma devassidão em palco, com um som mesmo brutal e completamente amaldiçoado. Venha de lá esse veneno mais vezes ao vivo. No final, a banda agradeceu a todas as entidades envolvidas pelo convite em ali estarem e também ao público, para que continuem a aderir em grande aos eventos e assim também ajudar os espaços a manterem portas abertas.

Tempo para um intervalo e para apreciar a quantidade de pessoal que compareceu para este evento e vindos de todas as zonas algarvias. Na continuação desta noite, e, com uma sala bem povoada por malta das mais variadas idades, foi a vez da banda de punk rock Contra Corrente entrar em palco. São oriundos de Olhão e já cá andam há uns valentes tempos. Foi uma banda que também já tive a oportunidade de ver ao vivo na ARCM em 2020. Apresentaram vários temas dos seus álbuns "Mundo Novo" e "Navegando", ambos cantados em Português. Abriram com a "Mundo Novo" e passaram por temas como "Anjo da Guarda" e "Voltar a Sorrir", tendo terminado com "Inveja". A malta estava já bastante animada e, se anteriormente não estavam assim tão chegados ao palco, aqui foi quase que uma obrigatoriedade o estarem perto da banda, inclusive muitas vezes cantavam em coro refrões das músicas. Subidas ao palco, algum mosh e a noite estava agora bem lançada. Talvez por os temas serem cantados em português, faz com que a maior parte do pessoal tenha ainda mais facilidade em acompanhar as letras. Perto do final da atuação o vocalista João Relógio aproveitou para indicar que ali no público estava a sua esposa e que lhe iria dedicar o próximo tema, dado ser a data que marcava os seus 10 anos de casamento e mais um de namoro. Houve ainda tempo para os normais agradecimentos a todos os envolvidos.

Mais um intervalo passado e foi então altura da banda local de hardcore entrar em palco: os M.E.D.O. Prontos para começarem a sua atuação e logo um pequeno percalço técnico com o microfone de Ricardo Catarro, o vocalista. A banda, claro, nem parou, e Ricardo calmamente trocou o microfone por outro que funcionava e rapidamente continuou a sua performance. A banda trouxe-nos alguns temas retirados dos seus trabalhos, tais como, por exemplo "Cadáver" e "Destruição do Homem", retirados do álbum "Monopólio da Violência", os temas "Tarde Demais" e "Burla Hardcore" do "Medocracia", passando pelo splitape "Vertigem" com os temas "MEDO 4" e "Mundo Unipolar". Banda sempre muito enérgica em palco, não parando um segundo sequer e sempre com um ritmo impiedoso e batida rápida, tão característica do hardcore. Houve ali altura que convidaram Afonso Ferreira para tocar na bateria um dos temas e que o mesmo tocou com tal fúria tremenda que eu até pensava que os pratos iam quebrar. Pausa para os normais agradecimentos à organização, bandas e público. De notar que os M.E.D.O. já têm malta que os segue para vários locais e demonstraram aqui que os conhecem muito bem, cantando e moshando o tempo todo. Invasão de palco, muitos gritos e muita alegria também, onde inclusive num dos temas o público ergueu Ricardo Catarro nos braços para um crowdsurfing que já estava a ser pedido. Encerraram a noite com um até breve e a desejar um rápido regresso aos palcos.

Novamente todos para intervalo, e já se ansiava por ar fresco, porque no interior a temperatura estava bem alta, mas que ainda haveria de ficar mais, para mal ou ou não de todos que lá estavam a assistir. Tempo para a entrada apoteosa e triunfante de uma das maiores bandas de hardcore nacional, os Devil In Me, que iriam demonstrar porque são os monstros que são em palco, e como conseguem animar o pessoal todo. Mal a banda entrou em palco o pessoal chegou-se todo à frente, e, de repente era uma moldura humana tão compacta que fazer crowdsurf era do mais fácil possível. Foi então que Poli Correia, vocalista de Devil In Me, se dirigiu ao público para referir que finalmente se encontravam as restrições a cair, e que ao fim de mais de um ano sem concertos, era hoje que iam arrancar para voltar a fazer a festa em palco, inclusive com o próximo álbum a cair já em janeiro de 2022. De referir que os mesmos passaram pelos seus temas mais conhecidos, tais como Soul "Rebel", "Warriors", "Own My Own", entre outros. A festa em palco e fora de palco não parou em momento nenhum, não é de admirar, a banda projeta uma energia tremenda. Muito mosh, muito circle pit, muita cerveja pelo ar, invasões de palco para stage dive e crowdsurfing. A sala *SIGA* foi pequena para tanta animação e quase que "veio abaixo" com a parede de som que a banda tem. Pode-se afirmar a pés juntos que o hardcore está mesmo de volta aos palcos nacionais. Tempo para uma breve pausa para apresentar o mais recente membro da banda, o guitarrista João Brito e ainda tempo para um lindo discurso por parte de Poli Correia a apelar à união do pessoal em relação a esta situação do Covid, deixando esta mensagem em concreto: "Vacinado, não vacinado, que se lixe. Somos Irmãos e Irmãs. É uma maneira nova de segregação. É preciso ter calma.".  Já perto do término da noite, e no meio da loucura total, a banda apresentou o single de avanço do futuro álbum, o tema "War". Para terminar, foram dados os usuais agradecimentos e, apesar de a noite ir longa,  Poli ainda puxou pelo pessoal a questionar se ainda queriam mais um tema, ao que o pessoal respondeu logo que sim. Um excelente fim para uma noite bem regada de adrenalina e que já deixa saudades. 
Em meu nome e em nome da Metal Imperium agradeço a todas as entidades envolvidas a excelente receção, e, ainda a simpatia demonstrada por todo seu staff, esperando regressar em breve para mais reports deste calibre.

Texto e fotografias por Sabena Costa
Agradecimentos: ARCMF