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Entrevista aos Terra Atlantica


Fundada em 2017, em Hamburgo, na Alemanha, os Terra Atlantica são uma banda de Power Metal, cujas canções andam à volta de uma história imaginada pela própria banda. Beyond the Borders é o 3º capítulo desta epopeia sobre a mítica Atlântida que emerge numa sociedade steampunk do século 19. No seu confinamento devido à Covid-19, Tristan Harders (fundador, vocais e guitarras) teve a gentileza de responder às nossas questões.
Sobre a história fantasiosa, criativa e coerente, podem ler aqui. 

M.I. - Olá! Daqui é o Ivan. Como estás?

Olá Ivan, sou o Tristan. Na verdade, estou em isolamento por causa da Covid. Mas não é tão mau e dá-me tempo para responder às tuas perguntas.


M.I. - Em primeiro lugar, obrigado por esta entrevista e parabéns pelo último álbum.

Sem problemas, ainda bem que gostaste!


M.I. – Um pouco de contexto… Para quem não vos conhece, como classificas o Terra Atlantica? Qual o conceito por detrás da banda?

Somos uma banda de power metal sinfónico de Hamburgo, na Alemanha, com o objetivo de fazer power metal como as bandas faziam no início dos anos 2000, com muitas melodias cativantes e muitas harmonias vocais.
O conceito da banda é construído em torno de uma história fictícia sobre o antigo reino da Atlântida. Esta história é contada através das canções e continua em cada álbum.


M.I. – Quem são vossas influências? Quem vos motivou a entrar na música?

As nossas principais influências são bandas como Edguy, Avantasia, Rhapsody, Blind Guardian ou para citar uma mais recente: Gloryhammer. Todos somos grandes fãs de power metal, mas começamos a fazer música separadamente em bandas diferentes e, em parte, também em géneros diferentes. Demorou um pouco para nos encontrarmos.


M.I. – Quem teve a ideia da história de Terra Atlântica, quem escreveu e como decidiram partir daí para escrever os álbuns?

Quando fundámos a banda, partimos do vago conceito de tocar sobre temas náuticos porque crescemos perto do mar e, por isso, temos uma ligação com ele. Vim com a história de um homem que vive no século 19, mas costumava ser um cidadão da antiga Atlântida na sua vida anterior. Isso possibilitou ter esses dois mundos nas músicas, pois gosto muito dos dois temas. Eles oferecem muito material sobre o qual escrever.


M.I. - Toda a história (dos três álbuns), não é uma metáfora da própria história da humanidade? O egoísmo e o egocentrismo que nos marcam, a forma como raramente conseguimos trabalhar juntos para atingir objetivos comuns, as diferenças que nos separam apesar de insistirmos que “somos todos iguais”?

Sim, ao longo dos álbuns há muitos conflitos, que na maioria são resultado do egoísmo ou ganância humana. Quer dizer, todo o continente da Atlântida afundou porque os seus habitantes não podiam satisfazer-se com a riqueza que já possuíam. Eles queriam sempre mais. Mas também há vislumbres de esperança, pois é mostrado que a redenção é possível. Por exemplo, no segundo álbum, Atlantis volta à vida depois dos habitantes decidirem usar apenas os seus conhecimentos para melhorar o mundo com tecnologia avançada e não para ganhar riquezas. Mas é claro que, novamente, há outros que veem uma ameaça nisto (um pequeno paralelo ao nosso mundo em que a tecnologia progressiva é frequentemente impedida por lobistas).


M.I. – Ao ouvir o álbum, constantemente vêm-me à mente elementos dos grandes musicais que giram em torno de conflitos: Miss Saigon, Les Miserables, West Side Story… Isso teve alguma influência neste trabalho?

Definitivamente! Na verdade, assisti à adaptação cinematográfica d` Os Miseráveis pouco antes de escrever Beyond the Borders. Por isso, não é coincidência.


M.I. – Tristan, tiveste aulas de canto para este álbum. Achaste que era necessário ou foi apenas uma maneira de levar a tua música para o próximo nível?

Bom, nunca tive aulas de canto antes e funcionou bem até agora, mas para o terceiro álbum investimos muito dinheiro na produção e queríamos descobrir se faria alguma diferença se um treinador vocal me apoiasse. Por isso, tentámos. Acontece que, realmente, ajudou muito! O Henning Basse fez um ótimo trabalho ao gravar os vocais principais comigo e acho que melhorou a qualidade do álbum.


M.I. – Beyond the Borders contou com a presença de Katharina Stahl. Foi mais uma forma de continuar a história e ligar este álbum aos anteriores?

Tecnicamente, precisaríamos, desta vez, de uma cantora diferente, porque a personagem da história, cuja parte ela canta, é diferente dos dois primeiros álbuns. Mas ficámos tão felizes com o trabalho dela nos dois primeiros álbuns, que acabámos por convidá-la novamente.


M.I. – Uma das canções de Beyond the Borders é “Sun of Pontevedra”. Outra canção, “Pirate Bay”, tem letra em espanhol. Existe alguma ligação entre ti e Espanha?

Parte da minha família mora em Espanha e tive de aprender o idioma para uma viagem à América do Sul, há alguns anos. Gosto muito da cultura e da língua também. Mas a principal razão pela qual temos Pontevedra e a parte espanhola do Pirate Bay no álbum, é porque o nosso baterista Nico tem as suas origens na Gran Canaria e, na verdade, é meio espanhol. Escrevemos juntos a canção “Sun of Pontevedra” e, por isso, achei apropriado situar ali parte da história. A Pirate Bay está localizada na Gran Canaria, na história.


M.I. – Este álbum tem dois novos elementos na banda, o Julian e o David. Porquê a entrada deles na banda? Eles fizeram alguma audição? Foi difícil escolher novos músicos?

Tivemos muitas mudanças de formação nos últimos 7 anos e posso dizer que é sempre difícil encontrar novos músicos, especialmente para este género, mesmo que mores em Hamburgo. Ironicamente, na maioria das vezes, perdemos um membro quando estamos prestes a gravar um novo álbum. É por isso que eu mesmo tive de tocar a maioria das coisas dos álbuns. O Julian está connosco desde 2019. Encontrámo-lo num concerto de Demons & Wizards quando perguntámos a um tipo aleatório, se ele queria ser o nosso baixista e ele apenas disse que “sim”. Fizemos algumas audições com guitarristas, mas, do meu ponto de vista, não é uma boa maneira de descobrir se alguém se encaixa na banda porque também tem que ser compatível com o lado humano e não encontras isso numa única sessão de audição. Já conhecíamos o David de outra banda onde ele toca com o Nico, por isso, facilitou.


M.I. – Beyond the Borders terá uma continuação? Quando podemos esperar o próximo álbum?

A história não termina no final do álbum, por isso, definitivamente, haverá uma continuação. Desta vez, vamos levar um pouco mais de tempo para produzi-lo porque a produção do último álbum foi muito estressante em termos de prazos. Portanto, não esperes antes de 2025.


M.I.- A vossa música gira muito à volta do steampunk. Este tema é muito utilizado na indústria do entretenimento. Só por curiosidade: dentro do steampunk, qual é o teu filme e videojogo favorito?

Stardust é muito bom. E, claro, Atlantis (A coisa da Disney) O melhor vídeo jogo steampunk é o Bioshock Infinite.


M.I. - Há teorias que dizem que a Atlântida se situava algures entre Portugal Continental e os Açores e que estas ilhas são, precisamente, vestígios desta mítica terra. Acreditas mais nalguma teoria mais do que outra? Existe algo que faça mais sentido para ti?

Bom, na antiga descrição da Atlântida por Platão, diz-se que a cidade está localizada a oeste do estreito de Gibraltar. Isso é muito vago, mas a direção é sobre o encaixe. Não encontraram algo novo lá, ultimamente? Ou isso foi apenas uma farsa?


M.I. - Tomando os mitos e lendas da antiguidade, acreditas que alguns podem ser verdadeiros? Que há coisas que a história ainda não descobriu ou que a ciência ainda não consegue explicar? Temos, por exemplo, a Teoria dos Antigos Astronautas que diz que as principais civilizações do mundo foram visitadas por seres alienígenas e que ajudaram na evolução dessas civilizações. Atlântida entra nisso, como sendo uma cidade/nave extraterrestre que afundou ali.

Gosto de acreditar nesses mitos. Especialmente, a coisa das três pirâmides que aparecem em todo o mundo na mesma constelação e a mesma representação de uma pessoa/criatura em todos esses sítios, embora não tenham contacto entre si. É uma teoria excitante. Também tenho certeza de que ainda não descobrimos tudo.


M.I. - Finalmente o mundo voltou (quase) ao normal e voltamos aos concertos e festivais. Qual é o vosso calendário para os próximos tempos?

Até agora, temos dois concertos agendados para o próximo ano e, claro, a grande digressão com Grailknights e Victorius, que começa em março.


M.I. - Quando visitarão Portugal?

Espero que em breve!


M.I. – Quase a terminar… Últimas palavras para nossos leitores?

Obrigado a todos que ouvem a nossa música! Se quiserem manter-se atualizados, sigam-nos nos nossos canais de social media. Além disso, se quiserem saber mais sobre a história por detrás dos álbuns, podem lê-la no nosso website www.terra-atlantica.de.


M.I. – Mais uma vez, parabéns pelo álbum, obrigado pelas respostas e espero vê-los num palco aqui, na Terra Lusitana (Portugal).

Obrigado pelas perguntas! Espero vê-los em breve!

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Entrevista por Ivan Santos