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Reportagem: Brainstorm, Delion, Mindfeeder @ RCA Club, Lisboa – 08.03.2023


Regresso a Portugal dos Brainstorm, três anos após a sua última passagem pelo nosso país. Muitos pontos em comum com esse concerto de 2019, como já vamos ver. Com exceção das bandas que os acompanharam e falamos dos nomes, é claro, a qualidade das mesmas foi, também ela, semelhante à do concerto anterior.

Se na primeira passagem pelo nosso país os Brainstorm se tinham feito acompanhar pelos Sinheresy e pelos Glasya, desta feita os privilegiados foram os espanhóis Delion que se estreavam em terras lusas e os nacionais Mindfeeder que aproveitaram a ocasião para celebrar ao vivo os 10 anos do seu álbum "Endless Storm". Talvez tenha sido por essa razão que tenham optado por tocar apenas temas desse trabalho. Há algum tempo afastados dos palcos, foi uma oportunidade que os portadores de bilhete não quiseram deixar fugir e assim, pelas 20h40, já a sala do RCA se apresentava bem composta. É sempre um prazer ouvir Leonel Silva, sem dúvida alguma uma das melhores vozes nacionais, no que ao heavy metal diz respeito. Toda a banda esteve muito bem, apesar das alterações de formação que tem sofrido. De salientar a chamada ao palco de Sérgio Temudo, ex-baixista dos Mindfeeder para cantar com Leonel o tema “Endless Storm”. Foram 35 minutos de power metal com muita qualidade que terminaram com o tema “Together”, dedicado a todos os metaleiros e em especial aos do sexo feminino, por estarmos a 8 de março.

Seguiram-se os Delion. Foi por culpa destes senhores que as portas abriram 30 minutos após a hora a que estava previsto. Nuestros hermanos atrasaram-se, mas redimiram-se em palco. A banda basca nasceu em 2017 e visitava pela primeira vez o nosso país, querendo por isso deixar uma boa imagem. Com maior parte dos temas cantados em castelhano, têm, num passado mais recente, apostado em letras em inglês e o que nos foi dado a ouvir nesta noite foi, portanto, uma mescla disso mesmo. Seja em que língua for, a verdade é que Aitor Arrastia mostrou ser um bom vocalista. Temas como “God of Fire” e “Trumpets of Heaven” soaram tão bem quanto “Tu Traición” ou “Mentirás”. Foi na sua comunicação com o público que ele se mostrou mais acanhado, ainda assim, pediu e conseguiu a participação da assistência em alguns dos temas. Missão cumprida para os Delion que souberam entreter o público ao longo de 45 minutos com o seu heavy metal.

Eu referi a existência de alguns pontos em comum com o concerto de 2019. Pois aqui vão alguns: atuação de luxo por parte de todos os elementos; setlist recheada de grandes malhas; um vocalista, Andy Frank, que continua com uma voz formidável, para além da sua imensa simpatia no trato com o público. Em três anos aconteceram muitas coisas. Para além de uma pandemia, houve também um novo álbum dos Brainstorm, de seu nome Wall of Skulls. Foi precisamente por aí que a banda começou a sua atuação. “Where Raven´s Fly” deu início a 80 minutos de power metal com garantia de qualidade alemã. Este novo trabalho mostra estar à altura dos anteriores e foi sem surpresa que vimos muitos dos seus temas serem interpretados alternadamente com autênticos hinos do passado, como as obrigatórias “Shivas Tears” e “Highs Without Lows”. Surpresa foram os dois solos a que tivemos direito a assistir. Primeiro com o baterista Dieter Bernert, posteriormente com o baixista Andreas Armbruster, que ingressou recentemente na banda. Andy Frank esteve incansável a puxar pelo público, referindo por mais de uma vez como os Brainstorm estavam contentes por estar a tocar novamente em Portugal, algo que se vai repetir, prometeu.
“Ravenous Minds” parecia ser o último tema da noite, mas houve encore, com Andy a explicar como o público devia fazer para que a banda voltasse. A “dica” resultou e os Brainstorm regressaram para a musica “End in Sorrow”, esta sim, a última da noite.

Estes eventos da Metal´s Alliance são sempre sinónimo de qualidade. Este foi apenas mais um em que o heavy metal reinou, para satisfação de quem se deslocou ao RCA. Um último ponto em comum com o concerto de 2019: o contentamento do público, esse foi também igualmente alto.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Metals Alliance