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Reportagem: Avatar, Veil Of Maya e Kassogtha @ L.A.V. - Lisboa Ao Vivo, Lisboa – 26.03.2023


Finalmente, o concerto dos Avatar tornou-se realidade. Digo isto por duas razões: a primeira, porque o concerto havia sido adiado; a segunda, porque a banda já não nos visitava há uma década e nessa anterior visita deixou boa impressão. A Dance Devil Dance tour trazia ainda como convidados os Kassogtha, que se estreavam em Portugal e os Veil Of Maya (VOM), que regressavam ao nosso país depois de em 2019 terem atuado com os Attila no RCA.

Os Kassogtha, banda oriunda de Genebra e que conta com cinco anos de existência, dois álbuns e um EP na sua discografia, tem uma sonoridade que, aqui e ali, até nos faz recordar Jinjer. Não precisaram de muito tempo para conquistar a meia casa que por esta altura se encontrava no LAV para os ver. A simpática Stéphanie revelou-se uma competente vocalista, alternando de forma adequada os guturais com as vozes limpas e o jovem Martin Burger encantou com os seus solos de guitarra. A atuação dos suíços focou-se única e exclusivamente no mais recente rEvolve, álbum do passado ano.

A sala encontrava-se muito bem composta quando os VOM subiram ao palco. O som destes norte americanos tem ganho mais e mais adeptos, principalmente desde que começaram a abraçar de forma mais efetiva o metalcore, sem nunca esquecerem o seu lado progressivo. Não foi preciso esperar muito até que tivesse início o tradicional moshpit. As backing tracks continuam a ser constantemente usadas pelos VOM e o público gosta do resultado, não parando de saltar sempre que Lukas Magyar lhe pede para o fazer. Na atuação desta noite tivemos ainda oportunidade de ouvir dois temas novos, “Godhead” e “Synthwave Vegan”, que figuram no próximo trabalho, (M)other, a sair em maio. Tal como na última visita, foi “Mikasa” que encerrou mais uma bem conseguida atuação de 40 minutos.

Quem assiste a um concerto dos Avatar dificilmente fica insatisfeito. Não é apenas a música, resultante da fusão de tantos estilos, é também toda a teatralidade envolvida. Um magnífico espetáculo visual com tudo que lhe é inerente, quer seja a nível de adereços, coreografias, fogo de artificio, luzes e até confetes. Foi ao som de sinos que a banda entrou em palco, fortemente aplaudida por uma sala muito bem preenchida. Com um novo álbum ainda fresquinho, foi precisamente por aí que os Avatar começaram, logo com o tema “Dance Devil Dance” a ser tocado entre colunas de fogo artificial. “Valley of  Disease” provocou a primeira Wall of Death da noite, estávamos ainda apenas na terceira música do concerto. Com os cinco elementos trajados a rigor, foi o vocalista Johannes quem dirigiu longos discursos para o público. Ficámos a saber que eles são freaks com muito orgulho e que este regresso a Portugal pecou por tardio, algo que eles não vão deixar voltar a acontecer. 

Durante o tema “Puppet Show”, Johanes surgiu inesperadamente no meio do público numa posição elevada, de onde tocou trompete, para surpresa dos presentes. Os guitarristas Tim e Jonas tiveram um momento de despique, ora solando um, ora solando outro, no que parecia uma competição, enquanto um figurante usando uma máscara de verdugo deixava uma caixa surpresa no palco. Como que por magia, foi dela que saiu Johannes segurando uns tantos balões, para cantar a música “Black Waltz”. O momento mais “fofinho” da noite foi a interpretação do tema “Tower”, apenas com o vocalista e o seu piano em palco. Os dois temas que se seguiram foram tocados com uma outra bateria. Esta encontrava-se na frente do palco e os cinco músicos ficaram assim alinhados. Antes de “A Statue of the King”, tivemos um momento de música techno, onde John Alfredsson aproveitou para dançar, enquanto a sua bateria provisória era removida, e que serviu também para que fossem desfraldados dois enormes estandartes com a figura do guitarrista Jonas Jarlsby impressa, um autêntico czar, com coroa e tudo. Foi com esse traje que ele reentrou em palco, usando um manto escarlate e negro, para essa que seria a música de despedida. O público não parecia querer deixar os Avatar irem embora e chamava por eles. O encore teve direito a não uma, nem duas, mas sim três musicas… e que musicas. Despedida em grande estilo com “The Dirt I´m Buried In”, “Smells Like A Freakshow” e por fim, “Hail the Apocalypse”. 

Atuação de duas horas que terminou com a bandeira nacional em palco e a promessa de um regresso para breve. Grande concerto, um deleite não apenas para os ouvidos, mas também para a vista.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists