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Reportagem: Steve Vai @ Centro Cultural de Belém, Lisboa – 24.03.2023



Foi o habitual desfilar de classe de um dos melhores guitarristas do mundo. Steve Vai regressou a Portugal e ao Centro Cultural de Belém (CCB) para uma noite repleta de magia, fazendo as delícias de todos aqueles que se interessam pela técnica invulgar deste brilhante musico, mas também dos simples apreciadores de bom rock. Para isso, Steve Vai montou um espetáculo com mais de duas horas de duração que prometia não desiludir ninguém.
Eram precisamente 21h00 quando teve início o espetáculo. Fazendo uso da guitarra e de uma forma que caracteriza os inícios dos seus concertos, ele parecia perguntar “está aí alguém?”. Na verdade estava, pois o CCB esteve muito perto da sua lotação máxima, o que é normal sempre que este virtuoso norte americano nos visita. O motivo desta tour era o álbum Inviolate e por isso mesmo, nada melhor do que começar por um tema desse mesmo álbum, “Avalanche”.
Foi apenas ao final do terceiro tema que o guitarrista falou um pouco com o público que estava a assistir, referindo que esta segunda parte da tournée europeia, que arrancava precisamente naquela noite, visava visitar países que tinham ficado de fora da primeira passagem pela Europa. A banda, que não dava concertos desde o princípio de dezembro do passado ano, sentia falta deste ambiente que ele considera familiar e em que os problemas ficam do lado de fora da porta. Depois de tão sentido discurso, o ambiente ficou propicio a um tema como “Tender Surrender”.
Fazendo-se rodear sempre por músicos de excelência, todos eles tiveram oportunidade de mostrar o seu valor através de solos. O primeiro deles foi o baixista Philip Bynoe, que teve o palco apenas para si. Foi um momento que deu para tudo o que ocorreu entre os temas “Lights Are On”, “Incantation”. A presença de 4 guitarristas em palco em simultâneo para interpretarem parte de uma das músicas, aquilo que foi um autêntico duelo de solos de guitarra entre Steve Vai e o seu novo guitarrista, Dante, que se estreava com a banda e o referido solo de Philip Bynoe que serviu de introdução ao tema “Candlepower”.
Os mais saudosistas devem lembrar-se da tocadora de harpa que acompanhava Steve Vai. Ela já não faz parte da banda, assim como o guitarrista David Weiner que durante tantos anos fez parte da mesma. Justiça seja feita ao jovem Dante que através do seu solo teve oportunidade de mostrar todas as suas qualidades, apesar dos problemas técnicos que atrasaram o início da sua atuação.
Steve Vai não está tão comunicativo como no passado em que os seus espetáculos estavam carregados de humor. Agora parece ser apenas a música que importa. Num dos poucos momentos em que se dirigiu ao público foi para agradecer as vendas de Inviolate, o mais rentável desde Passion And Warfare e para lembrar que entretanto foi também lançado o projeto Vai/Gash. No ecrã que se encontrava por trás do palco e em que iam passando imagens em movimento que procuravam ilustrar os seus temas, surgia agora um excerto do filme “A Encruzilhada”, onde Steve contracenou com Ralph Macchio. “Bad Horsie” foi o tema que se seguiu, naturalmente.
Faltava ainda o solo do baterista Jeremy Colson e ele antecedeu o momento que muitos esperavam, o tema “Teeth of the Hydra”, interpretado numa guitarra com três braços que, pela sua forma, não parece deste planeta.
No final, uma surpresa. A chamada ao palco de Danny G., dono de uma voz fabulosa que usou para cantar em italiano, “For the Love of God”. O encore trouxe para despedida a música “Fire Garden Suite I – Bull Whip”, que pôs ponto final a 135 minutos de atuação, com todo o público a aplaudir de pé este mago da guitarra.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Everyting Is New