Chaos in Paradise - "Let the Bliss Remains" Review

No ano transacto fiz a review da demo de estreia desta banda relativamente recente, criada em 2008. Aí dei conta de um grupo com alguma qualidade e potencial, mas que teria de trabalhar mais a nível de composição e adicionar um ou outro elemento que tornasse o som da banda mais atractivo. Dei pistas do que poderia dar mais argumentos à música do colectivo portuense: um pouco mais de peso junto das boas melodias criadas e mesmo a junção de uma voz masculina para algumas partes guturais, ou gritadas. A banda nessa altura já se encontrava a trabalhar neste EP e escrevi que mostrando já outra maturidade e com uma produção mais a sério (a produção da demo foi caseira) o novo trabalho do grupo poderia superar largamente o primeiro lançamento apresentado.

Após ouvir este EP percebi imediatamente que tudo o que disse aquando escrevi sobre a demo foi concretizado. Há mesmo momentos mais pesados (embora a melodia continue a ser a principal arma do colectivo) e há várias partes gritadas mas o mais surpreendente é que é a vocalista Sara que além de cantar (e bem) neste EP, as faz! Não conhecia esses dotes por parte da frontwoman da banda nacional, ela que grita com grande convicção, num registo parecido com Maria Brink. Mas é no registo cantado que Sara mais brilha neste trabalho, demonstrando uma clara evolução e mais segurança, em relação ao que conhecia da mesma na demo.
Se a nível vocal a principal referência é a vocalista de In This Moment, a parte instrumental também faz lembrar a banda norte-americana, mas sente-se principalmente a influência de Killswitch Engage. Se na demo a sonoridade dos Chaos in Paradise já apontava para o metalcore melódico, este EP dá certezas quanto à direcção musical do grupo. Destaca-se Sara pela sua notável progressão mas o resto da banda também evoluiu bastante.
As guitarras estão muito bem na criação de melodias e solos muito mais memoráveis e contagiantes do que na demo e a secção rítmica assumiu neste EP um papel muito mais preponderante.

"Inertia" é uma introdução, sendo que "Awareness" e "Sign of Deliverance" foram os primeiros temas deste EP a serem dados a conhecer pela banda nas redes sociais e são de facto os melhores deste trabalho, mas seguidos de perto pelas penúltima e última faixas. O terceiro tema "The Hunter", está na mesma linha dos restantes, mas um pouco abaixo, não tendo nada de errado, simplesmente não tem melodias tão cativantes nem refrão tão 'orelhudo'.
De referir a excelente produção de Paulo Lopes nos SoundVision Studios que deu a qualidade sonora e definição que os temas precisavam.

Os Chaos in Paradise estão de parabéns pela brutal evolução demonstrada em "Let the Bliss Remains" e deixam aqui muito boas indicações acerca do que poderão fazer no seu álbum de estreia. Gostaria de ver a banda futuramente adicionar ainda mais algum peso às suas contagiantes melodias e de ouvir Sara utilizar com maior frequência o seu 'novo' registo gritado, mas tudo isto sem excessos para não desvirtuar o som da banda.

Nota: 8/10