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Ulcerate - "The Destroyers of All" Review

Definitivamente, a geografia tem um papel importantíssimo no mundo do metal. As fronteiras estilísticas estão mais ou menos delineadas no mapa e é possível saber de onde vem uma banda apenas pelo que ouvimos dela, mesmo sem sabermos qual a sua origem. Ouvindo “The Destroyers of All” dos Ulcerate, a reacção que tive foi do tipo: “Isto deve ser lá para os lados da Austrália... pesado e complexo como é...”. E não andei muito longe disso, pois a Nova Zelândia é logo ali ao lado.

Não conhecia os Ulcerate até este disco me ter sido apresentado já este ano. No entanto, esta banda já por cá anda à mais de dez anos e apesar de este ser apenas o seu terceiro disco, mostram uma genialidade e maturidade de fazer corar algumas bandas que por cá andam à mais tempo.

“The Destroyers of All” é um disco de death metal, mas na sua vertente mais técnica e atmosférica (este termo pode utilizar-se aqui?). Complexo e pesado, cerebral e fulminante, este disco é uma orgia de sensações que nos deixa a respirar com dificuldade ao longo dos 52 minutos de duração. São sete temas que nos deixam totalmente de boca aberta e nos ficam a martelar na mente durante muito tempo.


Este sucessor de “Everything is Fire” de 2009 (que tive que pesquisar “à posteriori”), aposta mais na variação de ritmos e introdução de apontamentos mais calmos que o album anterior não tinha tanto. “Everything is Fire” era mais directo, caótico e frenético. “The Destroyers of All” é também tudo isso, mas aqui podemos encontrar passagens mais “calmas” e introspectivas, como se fosse algo semelhante à calma antes da tempestade.


À primeira audição deste disco, duas coisas saltam logo à vista: a complexidade dos temas e a execução dos mesmos. No primeiro ponto, introduzir complexidade e atmosfera gélida no death metal não é algo ao alcance de todos. Para vos situar, imaginem uns Deathspell Omega menos esquizofrénicos misturados com uma brutalidade própria dos Hate Eternal e misturem tudo com a complexidade superior de uns Immolation. “The Destroyers of All” é um pouco de tudo isso, uma “sopa” do que do melhor as bandas atrás mencionadas nos dão ao longo dos anos, mas com um toque próprio das bandas provenientes daquele hemisfério, onde a tendência de injectar melodia e arranjos absurdamente absurdos é um acto perfeitamente natural.

O segundo ponto não é menos importante. Para se conseguir um disco complexo e poderoso como este, é fundamente executantes de primeira linha. E os Ulcerate são isso. Músicos exímios, principalmente o baterista Jamie Saint Merat. Para verem o que digo, passem pelo Youtube e veja alguns vídeos dele e comprovem.


O death metal tem evoluído imenso desde a sua criação, no início dos anos 80. A cada ano que passa, acontecem mutações (umas benéficas, outras nem tanto) neste género, de forma a o tornaram vivo. Existem bandas que o fazem como sempre o fizeram, bandas que mudaram radicalmente a sua postura e atitude perante o death e metal e outras, tais como estes Ulcerate que pretendem trazer algo de novo e fresco a este género. “The Destroyers of All” é um disco que certamente verá esse reconhecimento. Sem dúvida, um dos melhores de 2011.


Nota: 8.9/10
"The Destroyers of All" track list:

1 - Burning Skies
2 - Dead Oceans
3 - Cold Becoming
4 - Beneath
5 - The Hollow Idols
6 - Omens
7 - The Destroyers Of All


Review por João Nascimento