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Arkan - "Salam" Review

Parece contraditório, mas na música, tal como em qualquer outra das artes, quanto mais desgastado está um género ou subgénero, maior é a vontade de tentar explorar outros caminhos, ou ferramentas de modo a sobressair no meio de tantos outros nomes. Umas vezes essa procura soa natural, outras mais forçada. Ora pegando num subgénero já por demais explorado como o female fronted metal, é natural que se queira evitar ser o novo clone de Nightwish, Within Temptation ou Theatre of Tragedy. Os Arkan, socorrendo-se das suas origens orientais, embora oriundos da França, apresentam-nos uma proposta bastante interessante, e acima de tudo refrescante.

Talvez a surpresa não seja tão grande para os amantes de bandas como os Orphaned Land ou Aghora, mas mesmo assim, aquilo que ouvimos em Salam, não é de todo mais do mesmo. Portanto, existe de facto uma componente folk muito forte neste álbum, para tal, basta ouvir os acordes iniciais de Origin, executados por uma Mandola, para sentir aquele travo oriental tão exótico. Mas, as influencias dos Arkan não se estendem apenas até ao médio oriente, há também um toque mais magrebino na música deste colectivo, resultando num crossover bastante singular. Abranger tantas influências, e em tanta quantidade poderia, à partida revelar-se perigoso, e fazer a banda resvalar para um lado mais corriqueiro da música, mas felizmente os Arkan souberam dar a volta a isso. Mais que não seja porque as raízes do seu som estão mais no death metal, do que propriamente no doom ou gótico. Como tal, o peso das guitarras, a atmosfera opressiva, e a voz gutural de Florent, combinam na perfeição com os elementos mais étnicos. No entanto é mesmo a voz de Sarah Layssac o ingrediente principal desta proposta, pois esta senhora consegue capturar na perfeição toda a essência da banda, de forma intensa, chegando mesmo a brilhar no refrão de Beyond Sacred Rules, ou no tema Blind Devotion.

Mas nem tudo são rosas, pois Salam, embora seja um álbum homogéneo no seu som, não o é na qualidade, e a caminho do fim, a audição começa já a ficar algo cansativa, restando cada vez menos momentos que prendam o ouvinte. No entanto, a ideia é boa, e vale a pena tentar descobrir se ela resulta ou não na sua plenitude.

Nota: 7.3/10
"Salam" track list:

1. Origins
2. Inner Slaves
3. Deus Vult’
4. Blind Devotion
5. Jerusalem – Sufferpolis
6. Beyond Sacred Rules
7. Common Ground
8. Sweet Opium
9. Salam
10. Call From Within
11. Lightened Heart
12. The Eight Doors Of Jannah
13. Amaloun Jadid II


Review por António Antunes