About Me

Reportagem: Painted Black, Crushing Sun, Kandia, Bless The Oggs @ República da Música, Lisboa

A República da Música, em Alvalade, recebeu no passado dia 5 de Novembro, o Black Sun Festival, organizado pelos doomers Painted Black que, naturalmente, fizeram também parte do evento, encabeçando um cartaz ecléctico composto por mais três bandas nacionais – Bless The Oggs, Kandia e Crushing Sun. À hora marcada eram incompreensivelmente poucos os presentes na sala, talvez por isso o atraso verificado na esperança que mais chegassem. Concorde-se ou não, mais público chegou, o que aqueceu um pouco mais uma noite fresca de um Outono tardio. Os Bless The Oggs, colectivo na linha de bandas como Twentyinchburial, para situar o leitor, tiveram a honra de abrir o «Black Sun Festival», e fizeram-no com a postura e atitude habituais desta sonoridade. Pediram várias vezes maior movimento no coração da plateia, mas poucos foram aqueles que efectivamente se renderam aos temas tocados. Apesar disso, o elo mais fraco acabou por ser o som, alto demais, o que aliás se prolongou. Em seguida, subiram ao palco os Kandia, que ainda há bem pouco tempo estiveram na primeira parte de Within Temptation, no Coliseu dos Recreios. A avaliar pelas reacções, o típico rock com voz feminina dos portuenses não entusiasmou, tirando um par de fãs que gritou ao longo de todo o concerto. Era chegada a vez dos Crushing Sun entrarem cena, causando estranheza a frente do palco ter ficado menos povoada, pois estávamos na presença dos autores de um dos discos nacionais mais aclamados de 2010, «Tao». A banda teve uma prestação imponente, dedicou temas às donas de casa desesperadas e aos tarados sexuais, e emprestou finalmente peso ao cartaz. Todos aguardavam por Painted Black, e quando se começou a ouvir o desconfortável início do álbum de estreia «Cold Comfort», o público voltou a acercar-se do palco para aquele que viria a ser um concerto portentoso destes competentíssimos covilhanenses. Uma hora intensa, que teve um impressionante arranque com “Via Dolorosa” e “The End Of Tides”, do álbum supracitado, e “Nightshift” da Demo «Verbo». É um espectáculo aparte a forma como a banda, e especialmente o Daniel (vocalista), se expressa, e se deixa levar pela inquietude da sua inspiração, conseguindo, contudo, voltar à terra com bom humor entre os temas. Tudo começa e tudo acaba, e “Inevitability” foi o derradeiro distúrbio de mais uma apoteótica aparição dos Painted Black, que só têm o azar de estar na ponta da Europa.


Texto por Carlos Fonte
Fotografia por Inês Fonte

Agradecimentos: Painted Black