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Aborted - "Global Flatline" Review


Perseverança. Este termo é perfeito para definir os belgas Aborted.

A banda de Sven de Caluwé, apesar de ter lançado discos com alguma exposição no campo do death metal brutal, tais como "Goremadeddon: The Saw and the Carnage Done" ou "The Archaice Abattoir", nunca foi reconhecida como uma força dentro do movimento europeu. Apesar da qualidade patente nos seus lançamentos,  o certo é que a banda nunca atingiu aquele patamar de sucesso que lhes permitisse ombrear com os grandes nomes da cena. As constantes mudanças de formação também não ajudaram muito o seu percurso, pois é difícil uma banda construir uma carreira sólida e coerente quando os seus membros não aquecem durante muito tempo o seu lugar.

Mas, no meio de tudo isto, o sobrevivente Sven sempre manteve o nome Aborted vivo (quer se queira quer não, Sven são os Aborted e os Aborted são o Sven) e, persistentemente tem tentado construir uma carreira e reputação para a sua banda. A face mais visível de tudo isso é os lançamentos regulares de discos que, apesar da qualidade latente, não traziam nada de novo ao já super-povoado mundo do death metal.

No entanto, ao sétimo disco de originais, o cenário muda de figura. Munido de uma nova formação, onde se incluem o guitarrista Mike Wilson e o baterista Ken Bedene (ambos ex-Abigail Williams), os Aborted lançam agora "Global Flatline", um disco que mistura tudo o que a banda fez no passado, injecta-lhe uma elevada dose de esteróides e o resultado que temos é um disco de death metal furiosíssimo e brutal.

Enquanto que a temática lírica se mantém inalterada (basta ver titulo como "Coronary Reconstruction", "Vermicular, Obscene, Obese" ou "Our Father, Who Art Of Feces" para se ter uma ideia do que Sven aqui vocifera), é na parte instrumental que se verifica a maior surpresa. Muito mais rápidos, precisos e técnicos que no passado, onde a relação de músicas rápidas e brutais versus meio-tempo e pesadas está bem distribuída, "Global Flatline" é, acima de tudo, um muito bom disco de death metal rápido, mas que também pisca o olho ao thrash metal, com alguns solos bem melódicos, fazendo com que o ouvinte não se aborreça de o ouvir. As músicas são bem distintas entre elas, sendo que os Aborted desta vez não caíram no erro de construir um disco monocórdico e banal. Em vez disso, é um disco que pretende mostrar ao mundo que, apesar de andarem por cá quase à vinte anos, esta na altura de este finalmente olhar com outros olhos (e ouvidos) para esta banda.

O que mais se destaca neste disco é a variedade de ritmos que aqui escutam. Desde as brutais e in your face "Vermicular, Obscene, Obese", "The Origin Of Disease" ou "Our Father, Who Art Of Feces", passando por temas mais lentos como "Expurgation Euphoria" (com apontamentos de piano) ou "Endstille" ou mesmo um tema tipicamente Swedish Death Metal como "Of Scabs And Boils", este "Global Flatline" é um disco que não compromete e que irá de certeza dar um (merecido) boom à carreira desta banda.

Outro ponto de interesse deste disco é o rol de convidados que apresenta, todas figuras ilustres do panorama metálico mundial: Trevor Strnad (The Black Dahlia Murder), Jason Netherton (dos Misery Index), Keijo Niinimaa (dos Rotten Sound) e Julien Truchan (dos Benighted) emprestam os seus dotes vocais em alguns temas, ajudando a tornar este "Global Flatline" um disco superior, sendo que a produção de Jacob Hansen nos Hansen Studios na Dinamarca é poderosa e limpa e outro ponto a favor.

Num ano em que Cannibal Corpse, Suffocation, Cryptopsy, Terrorizer ou Cattle Decapitation vão lançar álbuns novos, vai ser muito interessante chegarmos ao final do ano e ver onde este "Global Flatline" ficará posicionado nas tabelas que são realizadas pelas publicações da especialidade. Na minha (humilde) opinião, acredito que vão surpreender muitos.


Nota: 8.8 / 10

Review por João Nascimento