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Entrevista aos Insomnium


“One For Sorrow”, lançado em finais de 2011, é o mais recente lançamento dos finlandeses Insomnium e alcançou posições bastante favoráveis nas tabelas de vendas e nas listas de melhores álbuns do ano. Perante semelhante feito, a Metal Imperium conversou com o simpático Ville Friman sobre todo este sucesso.

Metal Imperium – Os Insomnium formaram-se em 1997 mas só lançaram o primeiro álbum em 2002. Porquê a demora?

Ville Friman – Como é evidente, estávamos à procura de uma editora desde o início mas demorou algum tempo até alguma manifestar interesse. O nosso álbum de lançamento foi gravado no Verão de 2001 e demorou cerca de seis meses para a Candlelight o lançar, o que é normal na indústria musical. Foi bom para amadurecermos como banda e como músicos. Tenho a certeza que o álbum não teria sido tão bom se o tivessemos gravado mais cedo, por causa da inexperiência.

Metal Imperium – Qual é o tema principal abordado em “One For Sorrow”? Segundo palavras tuas, o ponto de partida foi uma canção de embalar inglesa, sobre contar corvos numa árvore, chamada “One for Sorrow” … como encontraste inspiração em material tão pouco usual?
Ville Friman – Não há um grande tema por trás das letras. Cada música representa uma história em si. A rima original liga-as todas metaforicamente. Eu cruzei-me com o poema numa livraria por mera coincidência. Apesar de ser uma canção de embalar, tem um lado muito obscuro e e lembra-me o Folclore Finlandês. Por isso, achei que se enquadrava perfeitamente na música dos Insomnium.

Metal Imperium – Inspiraste-te no poeta alemão Christian Morgenstern e no finlandês Kaarlo Sarkia… és fã de literatura? Que género aprecias mais?
Ville Friman – Esses autores inspiraram as letras do Niilo no álbum. Eu inspirei-me mais na cultura pop, como filmes, novelas, livros de banda desenhada e até na política. Todos apreciamos toda a boa arte independentemente da forma, expressão ou origem.

Metal Imperium – Como é o processo de gravação nos Insomnium? Trabalhais como banda ou só há envolvimento de alguns elementos na escrita? A bateria, baixo, vozes e guitarra acústica foram gravadas na Finlândia com o engenheiro de som Samu Oittinen (Fantom Studio) mas todas as guitarras eléctricas foram gravadas no estúdio Gothenburg Rock Studio (Gotemburgo, Suécia) do baixista dos Dark Tranquillity, Daniel Antonsson. Porquê a mudança de estúdio? Pretendias um som diferente do dos álbuns anteriores?
Ville Friman – Eu escrevi a maior parte da música para “One for Sorrow” e gravei todo o material em casa, no meu computador pessoal. Penso que ensaiámos quatro vezes todos juntos antes de entrarmos no estúdio e finalizarmos a estrutura e os arranjos das músicas. Todos os membros gravaram os seus instrumentos separadamente em diferentes lugares e confiámos no nosso engenheiro de som, Samu Oittinen, para organizar tudo no final. Com as guitarras queríamos tentar algo novo, refrescante e diferente. Conhecemos o Daniel quando andámos em tournée com os Dark Tranquillity em 2010 e foi aí que surgiu a ideia de gravar material com ele.

Metal Imperium – Agora és tu que cantas todas as vozes limpas e estas estão incluídas em cinco temas. Porque decidiram usar a tua voz em vez de vozes convidadas?
Ville Friman – Eu penso que estava na altura de o fazer porque já tinha amadurecido o suficiente para fazer isso. Não sou um cantor profissional mas, pelo menos, agora a fórmula é a mesma para quando toco ao vivo ou em estúdio. Penso que finalmente alcancei confiança na minha voz.

Metal Imperium – “One for Sorrow” atingiu o número 1 na tabela de vendas indie de álbuns na Finlândia e a 6ª posição na tabela oficial Finlandesa, para além de ter sido a maior entrada da semana (deixando para trás os novos álbuns de Bjork e Evanescence). Como é que te sentiste? Esperavas tornar-te tão “grande”?
Ville Friman – Foi espectacular saber que o álbum teve sucesso comercial. Pelo menos a editora ficou feliz. (risos) Recebemos boas críticas e fizemos muitas entrevistas. No entanto, o feedback mais gratificante é o que recebemos dos fãs e, se eles gostarem do álbum, sabemos que fizemos um bom trabalho.

Metal Imperium – No dia 9 de Setembro, os Insomnium lançaram o vídeo “Through The Shadows”, do novo álbum. Porque escolheram este tema para o promover?
Ville Friman – É um tema que cativante que fica no ouvido muito rapidamente.

Metal Imperium – Alguns dias após o lançamento do novo álbum, Ville Vanni saiu da banda por ter dificuldade em conciliar a sua carreira de cirurgião com a de músico. Vocês não perderam muito tempo à procura de substituto e acharam o homem perfeito para o trabalho, Markus Vanhala dos Omnium Gatherum. Como o encontraram tão rapidamente? Não fizeram audição a outros guitarristas? Sabendo que o Markus vão se manter nos Omnium Gatherum e que tem um papel importante nessa banda, acreditas que vai ser fácil gerir o stress de trabalhar em duas bandas que exigem tanta atenção e tempo?
Ville Friman – O Markus é um tipo porreiro e já me tinha substituído, por isso, naturalmente, ele foi a nossa primeira escolha. Ele é um excelente guitarrista, o que é um grande bónus. Já tínhamos discutido isto no início do Verão, portanto, pensámos bem na substituição que íamos fazer. Evidentemente, é sempre mais fácil escolher alguém que já conhecemos do que fazer audições que só nos fazem perder tempo, porque afinal o que conta é 50% da música mas também 50% da personalidade. Claro que haverá alguma dificuldade na gestão dos horários mas estamos confiantes que conseguiremos resolver tudo se planearmos correctamente.

Metal Imperium – O mês do lançamento foi bastante agitado pois a banda actuou praticamente todos os dias. Como é estar em tournée? Gostas? Há probabilidade de tocar em Portugal num futuro próximo?
Ville Friman – Andar em tournée é divertido mas também é tempo passado longe da família, do emprego, dos amigos e, basicamente, choca com tudo o resto na nossa vida. Em tournée, temos uma rotina normal e é muito bom conhecer novas pessoas, ir a novos locais. Esperamos voltar a Portugal neste ano.

Metal Imperium – A cultura finlandesa é muito rica e várias bandas finlandesas inspiram-se nela… tu também? Ouves bandas finlandesas, sejam de metal ou não?
Ville Friman – Sim, ouço bandas finlandesas regularmente, mesmo bandas que não tocam metal. Penso que a música finlandesa é muito boa no geral e temos um bom sentido de melancolia… talvez seja o tempo, a cultura ou outra coisa qualquer… mas a melancolia é muito comum e típica na música finlandesa, independentemente do estilo.

Metal Imperium – Porque é que os Insomnium são tão populares na Alemanha? Pela boa música ou pelo vosso bom aspecto? (risos)
Ville Friman – Por ambos, espero eu! (risos) Andamos bastante por lá em tournée e há algo na nossa música que atrai os alemães, acho eu. Gostamos muito de lá ir, por isso o sentimento é recíproco.

Metal Imperium – O vosso contrato com a Candlelight chegou ao fim e assinaram com a Century Media. Quais as principais diferenças entre as duas editoras?
Ville Friman – A Century Media tem, definitivamente, mais recursos e meios para que nós consigamos alcançar um determinado estatuto. Também têm mais ligações com a indústria. Tudo é feito mais calmamente desde que começamos a colaboração com eles e sentimo-nos bem assim.

Metal Imperium – Os membros dos Insomnium são muito activos e alguns ainda estão a estudar…é para gratificação pessoal ou tencionais ter um plano de segurança caso a música corra mal?
Ville Friman – Estamos todos a trabalhar e já concluímos os estudos há anos. Talvez seja um pouco das duas… precisamos de ter emprego porque não conseguimos viver só da música, por outro lado, trabalho porque gosto do meu trabalho. Ter uma profissão tira uma certa pressão de sermos bem sucedidos na música, por isso somos livres para fazer o que bem nos apetece musicalmente. A gestão de tempo é um autêntico pesadelo mas, até agora, tem funcionado bem.

Metal Imperium – Últimas palavras para os fãs portugueses…
Ville Friman – Obrigado pela entrevista e espero voltar a Portugal em breve!

Entrevista por Sónia Fonseca