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Swallow The Sun – "Emerald Forest And The Black Bird" Review

Há discos em que decididamente é preciso estar num estado de espírito muito especifico para os ouvir. Que o diga quem for escutar Emerald Forest And The Black Bird, o novo disco dos finlandeses Swallow The Sun. Antes de mais, goste-se ou não, se há coisa que esta banda sabe é como criar atmosfera. Não daquela minimalista, baseada essencialmente na repetição, mas sim na adição de elementos variados, na sua maioria sinfónicos, que se vão sobrepondo uns em cima dos outros de formar a criar uma obra de contornos épicos.

O problema aqui é que os Swallow The Sun querem contar-nos uma história de tal forma empolgante, e emotiva, cheia de rococós e floreados, que a certa altura o ouvinte tem que parar para respirar, e ainda só vai a meio do disco.

O estilo já de si não é algo para encarar de maneira leviana. Doom death de contornos góticos, baseado em longos temas, cheios de mudanças de tempo e ambiências, e com um conteúdo lírico poético numa narrativa conceptual que aborda a transição vida/morte, e todas as suas consequências.

A primeira faixa, que por acaso até dá nome ao disco, é exemplificativa daquilo que se ouve daí para a frente. Uma longa composição na qual os Swallow The Sun nos transportam para o seu mundo, através do som da chuva, e uma delicada foz feminina, que antecede uma explosão sinfónica que vai mudando pouco a pouco, até culminar numa arrepiante passagem de guitarra acústica, que faz a ponte para o segundo tema, This Cut Is The Deepest. Um tema sem dúvida mais sereno, mas nem por isso menos exigente de toda a atenção do ouvinte. Por esta altura a voz de Mikko Kotamäki começa a ser o grande foco de atenções, com uma tríade de registos impressionante entre gutural, gritado e cantado, e que conta com a preciosa ajuda de nem mais nem menos que Anette Olzon (Nightwish) em Cathedral Walls, naquilo que ela faz melhor, um canto suave e melancólico, acompanhado por uma passagem atmosférica.

Destaque ainda para Labyrinth Of London (Horror Pt IV), o único tema que foge ao conceito do álbum, por ser a quarta parte de uma outra história que começou em The Morning Never Came, e que conta com um refrão belíssimo.

Em suma Emerald Forest And The Black Bird é mesmo daqueles discos para se ouvir deitado na cama numa tarde chuvosa, e se deixar transportar para os cenários sónicos criados pela banda e…tentar não adormecer.


Nota: 7.8/10

Review por António Salazar Antunes