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Hills Have Eyes - "Strangers" Review

Se existisse uma “Enciclopédia da música pesada em Portugal”, certamente que a única passagem familiar não era o conhecido capítulo “dos Moonspell representarem o Metal nacional lá fora”. Infelizmente, ainda não são muitos os que fixam o capítulo da qualidade unusual do movimento ‘core do nosso país. Bandas como Devil In Me e More Than A Thousand não serão certamente nomes desconhecidos a quem seja fã de Hardcore ou de Metalcore, seja ele americano ou britânico.

Falando nos Devil In Me e nos More Than A Thousand, um nome que não pode faltar são os Hills Have Eyes, que apresentam este ano o seu terceiro álbum de originais, intitulado de “Strangers”, que é definitivamente a prova dos nove da discografia dos setubalenses. Ora, neste álbum oferece-se uma fórmula de Metalcore como deve de ser, deixando os azeites de lado, que com tamanha qualidade estende-se de “para fãs de Metalcore”, para “qualquer fã de música pesada, que seja open-minded”. Aqui há espaço para tudo. A agressividade cria um equilíbrio com a melodia que resulta num produto final já conhecido por bandas como os As I Lay Dying (Bandas diferentes, mas são raras aquelas que conseguem equilibrar estes elementos tão bem, e o conhecido colectivo americano é uma delas), e mesmo os nossos MTAT (fala-se tanto nesta banda porque é capaz de ser a maior semelhança com os Hills Have Eyes… basta compararem este álbum com o estrondo de 2010 intitulado de “Vol. 4 – Make Friends And Enemies” e notam!); e isso torna “Strangers” ainda mais desafiante. O que abunda aqui são refrões catchy’s. Salientar todos resultava em enumerar o disco todo, na prática… mas pode-se escolher como os melhores momentos a faixa título do álbum, “Hold Your Breath”, “Pinpoint” e “All At Once”. Lá mais para o fim temos “Anyway, It’s Gone”, onde a melodia, tanto nas vozes como nos leads, fala mais alto que tudo o resto, sem resultar numa proposta a condizer com o azeite e na tentativa forçada de fazer Metalcore, protagonizado por bandas como os Asking Alexandria ou os Blessthefall; enquanto a seguir somos esmurrados com o carácter agreste de “This Is A War”, em que é apresentado aquele que é provavelmente o único defeito aqui presente (A parte clean apresenta-se um bocado mais ‘fraquita’, sendo que fica aquela sensação de que a brutalidade podia continuar sem ser interrompida). Solos, existem, e bem distribuídos (aquele solo em “Here’s To You” é irresistível!). A finalizar temos “Dead End”, que tem tudo para se tornar no “hino de finalização de concertos” dos Hills Have Eyes.

Em suma, este álbum pode tomar-se como uma proposta além de deliciosa para os fãs de Metalcore, e uma proposta que agradará bastante a fãs de música pesada, simplesmente. Quanto aos mais conservadores, pode bem tornar-se num guilty pleasure.

Ao mesmo tempo, “Strangers” alimenta a questão imposta: Para quê ir procurar Hardcore à terra do Tio Sam, quando no nosso país temos algo que é bem capaz de concorrer com muita da qualidade, atrevo-me a dizer, mundial? Se alguém te esfregar com produto americano, cospe-lhes com os Reality Slap, Hills Have Eyes, Devil In Me e More Than A Thousand. E isto é só um cheirinho. O Hardcore/Metalcore nacional não se recomenda… precisa de ser reconhecido! E já se deram uns quantos passos para isso. É sempre bom ter propostas como “Strangers” a representar-nos pela Europa fora e a chegar a ouvidos do outro lado do Atlântico. Não se pode pedir mais nada!

Nota: 8.7/10

Review por Diogo Marques