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Sonata Arctica - "Stones Grow Her Name" Review

E eis que chega ao mercado o muito esperado sétimo álbum dos finlandeses Sonata Arctica, e desde já estão de parabéns. Não propriamente por terem conseguido fabricar um produto de excelência, mas sim por nos presenciarem com um dos discos mais desequilibrados que já tive a oportunidade de ouvir. É difícil, quando finalmente temos consciência de tudo o que se passa aqui, não pensar que algo correu incrivelmente mal desta vez.

Para trás ficam os arrojos sinfónicos e teatrais do excelente The Days of Grays, e em compensação temos em Stones Grow Her Name um híbrido entre uma continuação de Reckoning Night e um piscar de olho ao passado ainda mais distante da banda. O que dá a entender é que na consciência de Tony Kakko existe uma voz que lhe acena com os euros, e o regresso dos fãs que não acharam piada aos seus dois últimos discos, e uma outra que o instiga a continuar a libertar a sua mente criativa, e o seu lado mais complexo. Divaguemos portanto sobre estes 11 novos estados de Tony Kakko.

O início das hostilidades começa com Only The Broken Hearts (Make You Beautiful), um tema que não destoaria em Reckoning Night. Desde logo se nota que Elias Viljanen desta vez tem um papel bem maior no disco, com linhas de guitarra bem mais proeminentes do que no anterior e um solo bem conseguido. O refrão não sendo nada do outro mundo até se ouve bastante bem, ainda mais quando comparado com que vem a seguir. Shitload Of Money e Losing My Insanity é onde a coisa começa mesmo a descabar, com a primeira a ser uma espécie de tributo ao lado mais alegre de Gamma Ray, e a segunda chatinha e genérica, própria de uma banda de power metal de segunda categoria.

Quando finalmente começamos a perder a fé no disco, aparece Somewhere Close To You, uma faixa simplesmente brilhante, com os dramatismos típicos de The Days of Grays a conseguirem dar finalmente alguma cor ao disco, uma espécie de restaurar de fé para prosseguir com em frente, que mais uma vez sofre um rombo com I Have a Right, o seu tema de avanço, que tenta ser Paid in Full, mas que falha redondamente. Já Alone In Heaven, embora mais uma vez pareça ser inspirado na banda de Kai Hansen, não desilude, e mostra-nos o lado mais antémico da banda de Tony Kakko, um tema que por ventura irá preencher os encores de futuros concertos. E como já começa a ser padrão em Stones Grow Her Name, a seguir lá levamos com mais uma chapada, neste caso The Day uma faixa irritantemente repetitiva, e candidata a pior música alguma vez feita pela banda.

Por esta altura uma pessoa já desespera sem saber o que esperar a seguir, e Tony Kakko não facilita dando-nos Cinderblox, uma espécie de divagação country muito up-tempo, mas que não passa de uma brincadeira interessante. E claro, sendo um disco de Sonata Arctica, não poderia faltar a obrigatória balada, neste caso Don’t Be Mean, a seguir um pouco a linha de Shy ou Shamandalie, ou seja mais um bom apontamento da banda neste campo como já é habitual.

Para o fim fica a surpresa, com as sequelas a Wildfire, tema de 2004 do álbum Reckoning Night. De forma a não provocar qualquer tipo de spoilers em termos líricos, pode-se dizer que tanto a segunda parte, One With The Mountain, como a terceira, Wildfire Town, Population 0, são temas bem agradáveis, e que em nada envergonham o original, sem bem que a dita terceira parte tem mais parecenças com Deathaura do que outra coisa, mas pronto.

Enfim, é Stones Grow Her Name um mau disco, mesmo com todos os defeitos apontados atrás? Não, mas também não é suficiente para quem já nos tão bons discos como estes finlandeses. Dos melhores esperamos sempre o melhor, e não uma tentativa de fazer as pazes com os fãs. O power metal de 8th Comandment e Wolf and Raven já lá vai, a banda evoluiu, as pessoas mudaram, é muito difícil tentar imitar a raiva e sentimento necessários para fazer este tipo de músicas, agora que 11 anos passaram. No entanto a banda continua a ser grande, e não há-de ser um disco mais desinspirado que irá apagar a magia dos outros 6. Cá ficamos à espera de um próximo capítulo, e de preferência sem Shitloads ou ShitReloads of Money…brincadeira.

Nota: 6/10

Review por António Salazar Antunes