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Monolithe - "Monolithe III" Review


Os franceses Monolithe voltam em 2012 com o “Monolithe III” tendo passado 7 anos do anterior álbum de originais. Aparentemente nada mudou mantendo-se a denominação lógica dos anteriores álbuns (“Monolithe I” e “II”), a estrutura de uma só faixa com duração a rondar os 50 minutos e até a temática lírica.

Confesso que esta entidade me era completamente desconhecida até receber este álbum na caixa de correio. Admito que não me despertou particular curiosidade muito devido ao facto de sempre ter achado que álbuns com este tipo de estrutura não eram mais que tentativas pretensiosas para algo grandioso, acabando por falhar muitas vezes em manter o interesse – já para não falar no acréscimo de exigência tanto para o ouvinte, como para o artista. Temos que ser realistas, grande parte das bandas de metal de hoje em dia não têm sequer argumentos para fazer uma coisa deste género funcionar. As expectativas não existiam e quando assim é torna-se muito fácil ser-se completamente apanhado de surpresa.

As primeiras notas colocam-nos de imediato num cenário de funeral doom pelo peso e inteligência dos colossais riffs. A envolvência foi tal que me fez sentir como que atirado lentamente para profundezas oceânicas, enquanto as melodias funcionavam como reflexos de luz sobre os primórdios da nossa existência. Tudo isto soa orgânico, completo e com objetivo. As formas como foram capazes de manter a atenção do ouvinte, recompensando-o a cada nota, incluindo novos elementos na viagem e mantendo a identidade da “canção” com subtis regressos aos riffs iniciais sem nunca abusar da repetição são provas da capacidade de composição destes artistas.

Em termos de referências vão beber de várias fontes dentro do doom metal do mais tradicional ao mais extremo e à música clássica. Os Skepticism saltam de imediato à memória quanto mais não seja pela utilização subtil de teclados, os Warning nalguns compassos e melodias e até os My Dying Bride.

Muito mais haveria a dizer sobre este trabalho mas nada como descobrirem-no vocês mesmos. A par do novo dos Evoken, “Monolithe III” é um dos melhores álbuns de doom de 2012 e um dos mais impressionantes e viciantes álbuns que ouvi nos últimos tempos. Uma relíquia para qualquer aficionado pelo estilo e para qualquer amante de metal com mentalidade aberta. Se bem que disponibilidade de tempo para absorver esta monolítica obra de arte de empreitada também se recomenda.

Nota: 9.1/10

Review por David Sá Silva