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Soulspell - "Hollow’s Gathering" Review


Se é verdade que Arjen Lucassen terá sido porventura o maior impulsionador daquilo a que hoje chamamos de ópera metal, também não é menos verdade que foi o seu “pseudo” rival Tobias Sammet, a conseguir dar um contributo mediático significativo com os seus Avantasia. No entanto, e na base de uma opinião muito própria, infelizmente a genialidade destes dois senhores, também foi muito responsável pelo surgimento de alguns projectos que, salvo uma ou outra excepção, se basearam apenas na exaltação dos egos dos seus criadores, e no fraco conteúdo das composições, vocalizadas por listas de convidados em que o único critério de selecção parecia ser apenas o crédito de tais personalidades.

Talvez devido a um começo mais humilde, os Soulspell, fundados pelo baterista Heleno Vale, enveredam por outro diapasão, e consequência disso ou não, Hollows Gathering, o seu terceiro disco, apresenta-se sem dúvida como uma das melhores propostas do género desde há muitos anos.

À semelhança dos dois discos anteriores, a lista de convidados é maioritariamente composta por músicos provenientes da cena metaleira e progressiva brasileira, com pouca expressão, mas muito talento. Daí que tenhamos uns tais de Carlos Zema (ex-Heaven’s Guardian), Daisa Munhoz (Vandroya, atenção à esta menina), Viktor Emka, Leandro Caçoilo (Seventh Seal) e Livia Ishitami (Rosa Ígnea), aos quais se juntam a única experiente nestas andanças Amanda Somerville (Trilliun, Aina entre muitos outros), os nunca consensuais Blaze Bailey e Tim Owens, Matt Smith (Theocracy) e Michael Vescera (Obsession).

Ou seja, bem longe de ser um dream team….e ainda bem. Isto porque ouvindo o disco dá para ver que houve bastante critério nestas escolhas, na medida em que todos os vocalistas têm o seu papel bem definido, e ao invés de estarmos a ouvir 5 ou 6 grandes vozes mas pouco equidistantes, temos aqui um bom plantel, dinâmico e bastante heterogéneo.

Quanto à música, sim é verdade que a base é power metal melódico, e sim as influências de Avantasia são por demais evidentes, como costuma ser 90% das vezes que alguém se mete numa brincadeira destas. Mas há, no entanto espaço de manobra suficiente para podermos ser surpreendidos, como no atmosférico Anymore, onde as três vocalistas brilham. A juntar a isso, os temas apresentam qualidade bem acima da média, indo muito para além de bons refrões. Especial destaque para a faixa título inicial, onde pouco a pouco vão sendo dadas a conhecer uma a uma as vozes que entoam um conceito lírico que mistura a dimensão humana, com a componente fantástica.

É sempre bom sermos surpreendidos, ainda para mais quando se fala de estilos que já julgamos mortos, e este é um desses felizes casos. A fasquia para já está bem elevada, veremos como conseguirão no futuro jogar com as expectativas.

Nota: 8.8/10

Review por António Salazar Antunes