B-sides dizem eles….deve ser para rir no mínimo. De facto este EP, contendo apenas 5 faixas, e em que nenhuma chega aos 4 minutos, é apelidado como os leftovers dos anteriores discos 2 Unlimited e 342, rescritos e remisturados, como uma espécie de brinde para quem, como este que escreve esta review, anseia pelo novo disco Prefreaktion, a lançar no próximo ano. A questão aqui é…não há memoria de muitos lançamentos deste género com temas de qualidade tão elevada, sendo que alguns bem que poderiam ter substituído um ou o outro dos discos anteriormente referenciados.
Para quem não conhece este enigmático duo francês, trata-se de Alexis Damien (outrora nos Carnival in Coal), responsável por praticamente todos os instrumentos e vozes masculinas, e Asphodel (Ad Inferna, Penumbra entre outros), a cargo do resto das vozes, letras e artwork. Se a musicalidade e talento inato destes integrantes já é invulgar, então na parte da composição é que a coisa se torna ainda mais incrível.
Ouvir este, ou qualquer outro registo de Pin-Up Went Down, é entrar em contacto directo com a loucura e genialidade. Duas mentes que quando em prefeita sintonia, proporcionam algumas das maiores cacofonias de estilos musicais, que são no entanto, bem balanceadas por momentos mais introspectivos e serenos. O primeiro tema My Never Head é bom exemplo disso, apoiado em belíssimas atmosferas etéreas, e com Asphodel a brincar com a sua incrível gama de distintos registos, como se estivéssemos perante uma opereta tirada de uma criação de David Lynch. Já Ego Ego Ego mostra a força das guitarras, e a certeza de que a vocalista irá impiedosamente colar-nos o “Gimme Gimme all gimme gimme some more” na cabeça um bom tempo, sem que nada se possa fazer para combater tal feitiçaria.
De facto, quando se ouve as infames criações desta dupla, pode-se esperar quase tudo, bizarria e humor, mas também a seriedade necessária para escrever temas bem incisivos, que por vezes chegam mesmo a arrepiar pelo seu conteúdo mais melancólico e emocional.
Agora é esperar e desesperar por Prefreaktion…
Review por António Salazar Antunes
