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Munruthel - "CREEDamage" Review


Com uma intro que tem tanto de cinematográfica (isto é, ambiente de banda sonora) como de tribal, "Ardent Dance Of War's God", abre os portões para "Rolls Of Thunder From Fiery Skies", uma malha de metal sinfónico, com recurso a vocalizações típicas de black/death metal, alternando com outras limpas que são de extremo bom gosto e é um pouco a fórmula que temos ao longo do disco. Uma fórmula que não traz nada de novo mas que é bem conseguida, tirando alguns problemas, mas quanto a isso, já lá vamos.

Munruthel, mais do que uma banda, é o nome do músico ucraniano que começou a sua carreira com os Silentium, um projecto ambient/electro darkwave, o qual foi reeditado recentemente e criticado aqui na Metal Imperium, num split com AR, outro projecto nos mesmos moldes. Na altura, Munruthel era o baterista da banda de death metal Ucraniana Suppuration que se viriam a tornar nos Nokturnal Mortum. O seu segundo trabalho viu uma mudança de nome, tornando-se o primeiro lançamento com a designação Munruthel. Depois de alguns problemas com os Nokturnal Mortum, de duas saídas e apenas um regresso, o músico aposto noutro projecto, Kolo, onde deu ênfase tanto à parte electrónica no que aos samples e loops diz respeito, assim como uma base mais rock. Depois disso acabou também por fazer a banda sonora para um jogo de computador, "Gothic II: Dark Saga Addon", que deu origem ao álbum "The Dark Saga - Original Soundtrack" .

E assim chegamos a "CREEDamage", um bom álbum que é muito bom no meio que se move tendo apenas um problema (que pode ser interpretado como grande ou pequeno, conforme o gosto de cada um). O feeling digital que fica ao longo de todas faixas, até mesmo na grande cover dos Bathory do clássico "Blood On Ice", "The Lake", que sintomaticamente ou não, é uma das melhores deste álbum. Talvez a explicação não seja tão simples como parece, pelo facto de ser uma one man band, até porque apesar de sair tudo da cabeça da mesma pessoa, Munruthel conta com a ajuda de vários músicos de sessão, que ajudam na performance de instrumentos que vão desde guitarras, passando por violinos, violoncelos, flautas, até às vocalizações e coros.

Este feeling digital não apaga o trabalho acima da média que está aqui e a preocupação em passar as raízes eslávicas próprias das tradições pagãs da região. Incomprensível será talvez a forma como o disco termina, com duas faixas instrumentais apoiadas em sintetizadores, que acabam por se revelar aborrecidas, por muito que faça sentido para o conceito. De qualquer forma, os arranjos orquestrais, o seu equilíbrio com aquilo que ao metal diz respeito, faz com que este trabalho seja obrigatório conhecer para todos aqueles que se interessam pela parte cultural - isto é, conhecer outras culturas, o seu folclore - e isso misturado com metal que não é tão extremo quanto isso, mas que esse facto também não o torna menos valoroso.
 
Nota: 7.5/10

Review por Fernando Ferreira