A Oceânia já há muito que possui a fama de ser possuidora de uma fauna exclusivamente peculiar: animais que não se encontram em mais nenhum ponto do globo e que surpreendem pelo seu aspecto tão próprio como o vombate, o equidna e o ornitorrinco vêm todos de lá. Dado este facto, até nem é de admirar que um grupo como os Portal venha da Austrália. É claro que existem muitas bandas espalhadas pelo globo que elaboram sonoridades altamente peculiares como é o caso de Blut Aus Nord ou Mitochondrion, mas existe uma razão para ter feito esta analogia com a Oceânia. Iremos explicá-la na altura devida, um pouco mais à frente.
Os Portal são uma banda já estabelecida no panorama metálico internacional e logo que “Kilter” abre o álbum, o ouvinte é imediatamente transportado para a negra, ameaçadora e asfixiante dimensão que os Portal criaram. Nesse sentido, nada consegue ilustrar melhor o que se vai experienciar neste álbum do que a própria capa do mesmo – um distorcido mergulho nos cantos mais obscuros da mente. Ou isso, ou o já se saber o que esperar de um álbum de Portal, pois aqui, apesar da qualidade de cada tema ser indiscutível e os Portal não falharem para com o estatuto que estabeleceram e têm vindo a estabelecer, a verdade é que é mais um álbum de Portal. “Curtain” e “Awryeon” conseguem destacar a faceta mais progressiva da banda australiana, oferecendo a parte mais inovadora de Vexovoid. Também poderíamos dizer que este álbum é mais acessível que Swarth, de 2009, mas não será isso devido o facto de já sabermos o que esperar de Portal a falar?
E assim regressamos à metáfora da fauna animal australiana: tal como quando, ao ver um documentário ou ler alguma coisa, descobrimos um animal bizarro e depois vem a nada surpreendente informação de que a criatura só se encontra na Austrália ou na Tasmânia; não é de surpreender que Vexovoid seja um disco de Portal. Como já disse, é um álbum bastante sólido que satisfará na perfeição aqueles interessados em explorar as singulares sensações que os Portal conseguem despertar, nessa categoria mais uma pérola, ou melhor, uma pedra de ónix (pérola é algo demasiado brilhante para se associar a Portal) na discografia da banda, mas que não chega a surpreender como fizeram os seus antecessores.
Nota: 8.2/10
Review por Tiago Neves
