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Entrevista aos Dark Tranquillity



24 anos após a sua formação, os Dark Tranquillity preparam-se para lançar o seu 10º álbum de originais. Para nos falar mais um pouco de "Construct" - cujo lançamento será a dia 27 de Maio - estivemos à fala com Niklas Sundin.



M.I. - Antes de mais agradeço a oportunidade e o tempo despendido, para a realização desta entrevista!

Sem qualquer problema!


M.I. - Como correram os trabalhos de composição do novo registo?

Como habitual, criar um álbum é algo complicado para nós (risos). Nós nunca fomos uma daquelas bandas que podem levar as coisas com mais calma, trabalhar num local relaxado e depois surgir com um bom album. Existem sempre sangue, suor e lágrimas envolvidos e, desta vez, demorou um pouco mais para que a inspiração fluísse. No entanto, acabámos com sensivelmente 14 a 15 temas, que sentimos que eram bons o suficiente para os levarmos para o estúdio. A fase de gravação foi bastante tranquila, uma vez que o nosso teclista é dono do estúdio.


M.I. - Esta foi a primeira vez que trabalharam com Jens Bogren. Qual o motivo da escolha de Jens Bogren para misturar e masterizar "Construct"? Estão satisfeitos com a colaboração?

Absolutamente! A razão principal para termos escolhido o Jens, foi porque ficámos impressionados com a diversidade do seu trabalho e, já que sabíamos que o álbum estaria dependente de pequenos detalhes no que ao som diz respeito, foi natural recorrer a ele. Felizmente ele mostrou-se interessado e estamos extremamente satisfeitos com o resultado. O Jens foi capaz de fazer sobressair alguns detalhes que inicialmente não estariam audíveis na música.


M.I. - Pude identificar que a nível da produção dos vossos álbuns, nunca deixaram este assunto 100% nas mãos do produtor - a não ser para trabalhos de misturas e masterização - tendo sempre sido vocês a produzirem os vossos lançamentos. Qual a razão para tal acontecer?

Bem, já se encontram seis pessoas na banda e todos estão activamente envolvidos na composição. Trazer ainda mais uma pessoa para a mistura apenas iria causar mais confusão, além de que nunca tivémos necessidade de deixar alguém exterior à banda ter qualquer influência sobre as nossas músicas. É óptimo ter algumas sugestões no que diz respeito, por exemplo, à escolha da afinação das guitarras, que tarola usar, mas aqui não existe espaço para opinião de terceiros. Acho que é mais fácil para uma banda que apenas tem um compositor, incluir um produtor neste processo, uma vez que é um numero reduzido de pessoas, mas para uma banda super democrática como os D.T., onde todos os elementos têm algo para dizer, isso seria impossível de praticar.


M.I. - Num comunicado, indicaram que as poucas pessoas que tiveram o privilégio de ouvir o vosso novo álbum, terão achado o mais diferente e diversificado desde "Projector". O que nos podes adiantar sobre "Construct"? E o que nos trás de novo em relação aos lançamentos anteriores?

É muito difícil sermos objectivos acerca da nossa música, especialmente logo após termos terminado um álbum, mas penso que é seguro dizer que este novo álbum é uma besta bastante diferente do que temos feito nos últimos 10 a 12 anos. Não é uma mudança radical, e ainda tem elementos característicos e tradicionais dos D.T., mas houve uma abordagem diferente quer a nível da composição quer a nível da produção. Bem, é sempre complicado fazer uma análise destas coisas, e palavras serão sempre apenas palavras, por isso as pessoas terão a possibilidade de ouvir (o novo álbum) por elas próprias.


M.I. - Segundo informação que consta no vosso site, o "artwork do novo álbum capta perfeitamente o espírito da nova obra-prima". Qual a essência do mesmo e quais os temas abordados neste novo registo?

Isso é o comunicado da editora (risos). Seria muito pretensioso da minha parte, afirmar que criei um álbum que é uma obra-prima e que teria criado uma capa igualmente genial. O que posso dizer é que estou muito satisfeito com o resultado de ambos. Realmente tenho alguma dificuldade em comentar o visual ou explicar o que tinha em mente. Na minha opinião, estas coisas devem ser deixadas em aberto para o ouvinte interpretar de acordo com as suas próprias referências. Parece um pouco tolo tentar indicar que um determinado elemento representa isto ou aquilo, ou que um determinado componente da obra de arte é uma referência a alguma coisa. É um pouco como tentar explicar uma letra linha por linha, ao invés de deixar cada um desenhar as suas próprias conclusões.


M.I. - De alguma forma sentem alguma pressão por serem os Dark Tranquillity? O público e também a imprensa tende a ser mais exigente - no que aos lançamentos diz respeito - tratando-se de uma banda tão importante e tão influente.

Acho que a nossa pressão interna é 100 vezes maior do que a pressão exercida pelos fãs ou pelos média. A maior razão pela qual nós ainda somos uma banda, é porque acreditamos que a música é importante e porque nos queremos expressar de uma forma que não pode ser feita por qualquer outro meio. É um processo muito pessoal, portanto a opinião de outras pessoas não interessa. Num nível prático, nós, claro, precisamos de fãs e ouvintes, de forma a manter as tours, e é verdade que a indústria da música está a ficar mais difícil e mais competitiva, mas seria impossível pensar sobre essas coisas durante a fase de criação.


M.I. - Como reagiu a banda aquando a saída do Daniel Antonsson? Já têm em mente algum substituto?

Mudar de formação é sempre uma situação triste, mas começou a tornar-se evidente que o Daniel não se estaria a sentir creativamente realizado a tocar baixo e que seria realmente mais feliz se estivesse a fazer as suas próprias coisas, portanto sem ressentimentos. A vida é demasiado curta para se continuar a fazer coisas que não gostamos. Quanto aos substitutos, temos algumas opções em mente, mas as coisas têm o seu rumo natural e não temos pressa em encontrar o sexto membro permanente.


M.I. - Os Dark Tranquillity completam este ano 24 anos de carreira... certamente será muito tempo de aprendizagem e crescimento quer a nível individual quer enquanto banda. Que balanço fazem destes 24 anos? Quais as experiências mais marcantes que viveram?

É difícil de dizer... de certa forma os primeiros tempos são sempre os melhores, o que mais me marcou foram as primeiras vivências: o primeiro concerto; a gravação do primeiro álbum; a primeira tour mundial e assim por diante. Com isto, não quero dizer que não existam emoções ou recompensas mais tarde, mas o nível de excitação é geralmente maior ao início. No lançamento de "We Are The Void", tivémos a sorte de tocar em alguns países que anteriormente não havíamos visitado como o Uruguai, Brasil, Israel e Geórgia, e dentro de um ou dois meses vamos visitar o Dubai pela primeira vez. Estas coisas normalmente são as melhores - visitar países que provavelmente nunca teríamos hipótese de visitar de outra forma.



M.I. - Encontram-se a preparar uma Tour Norte Americana e certamente mais tarde deverá haver uma tour Europeia. Haverá planos de inclusão de Portugal, já que são tão acarinhados por cá?


Espero que sim, mas infelizmente os membros da banda não têm grande voto na matéria, no que diz respeito ao planeamento das tours. Tudo se resume aos promotores dos diversos países: se eles quiserem marcar uma data connosco e tudo correr bem quanto à logistíca, nós tocamos. Tivemos grandes experiências em Portugal, quer em festivais quem em concertos em nome próprio, portanto espero certamente voltar a Portugal. 


M.I. - Em Outubro de 2010 visitaram Portugal para a apresentação de "We Are The Void", mais propriamente Corroios. Casa cheia.. um calor abrasador... (risos). Que memórias tens do concerto e do público?

Foi uma boa experiência, segundo aquilo que me recordo. O nosso técnico de som é Português e nós aproveitámos o dia anterior para descontrair e relaxar na sua casa, portanto o concerto foi um bom final para uma já fantástica experiência.


Entrevista por Diana Fernandes