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Entrevista aos Summoning




Os Summoning são uma daquelas bandas que dispensa apresentações! Estes Austríacos fizeram uma longa pausa de sete anos e estão de volta com mais um extraordinário álbum “Old Mornings Dawn”, que promete continuar a transportar os fãs para o universo fantasioso e fantástico de Tolkien. A Metal Imperium teve a oportunidade de conversar comProtector e Silenius, os dois fabulosos compositores e mentores de Summoning, para tentar compreender melhor o que ainda os motiva e o que torna a sua música tão apelativa.



M.I. – Passaram sete anos desde que lançaste “Oathbound” em 2006. Aliás, já antes de lançarem esse álbum também tinha havido uma pausa de seis anos entre “Oathbound” e “Let heroes sing your fame”. Porquê esta longa pausa? É algum tipo de tradição para os Summoning?

Protector: Eu estive muito ocupado antes do lançamento de “Oathbound”. Primeiro criei o novo álbum do meu projecto de electronic industrial “Ice Ages” e, depois disso, comecei a escrever músicas e fracções de músicas para os Summoning (mais tarde algumas transformaram-se em temas do novo álbum) e esperei que o Silenius as completasse e transformasse em temas completos, mas devido a problemas inesperados tudo isto demorou mais do que o previsto.

Silenius: Durante muito tempo eu não tive ideias nem inspiração para continuar com os Summoning. De certo modo sentia que já tinha dito tudo e não encontrava novas motivações para o universo dos Summoning.  Após algum tempo, para libertar a minha mente, comecei a trabalhar para o meu projecto "kreuzweg ost". Mesmo assim, continuei sem ideias e ainda sofri um enfarte do qual demorei mais de meio ano a recuperar. Claro que depois tive de começar tudo do início como se não tivesse feito nada para os Summoning, com riffs muito simples e demorei muito tempo a descobrir a direcção em que eles me levavam. Lentamente, a motivação e a inspiração regressaram e tudo correu bem, tendo resultado num ábum composto e pensado no último ano e meio.


M.I. –Os Summoning atingiram um estatuto de culto e, apesar de estarem inactivos durante tantos anos, a vossa música ainda é uma fonte de inspiração para muitos. Alguma vez pensaste que podias perder os vossos fãs e cair no esquecimento?

Protector: Quando estamos activos, estamos tão focados em fazer música que não perdemos muito tempo a pensar na nossa fama ou popularidade. Só nos lembramos das reacções dos fãs quando terminamos o álbum. Eu penso que o segredo do nosso sucesso está no facto de nos mantermos fiéis ao nosso estilo sem nos copiarmos de uns álbuns para os outros. Apesar de termos feito muitas mudanças em cada álbum, a nossa música ainda soa a Summoning.


M.I. - O conceito lírico da banda tem sido baseado na literatura de Tolkien mas já combinaste com cenas de fantasia de Michael Moorcock. “Old Mornings Dawn” é baseado nessa literatura ou vão surpreender os fãs com algo completamente inesperado? O que acontecerá quando essa fonte de inspiração “secar”?

Silenius: Liricamente não haverá grandes surpresas. Acredito que, passados quase vinte anos, quem conhece os Summoning já sabe com o que pode contar. Os Summoning continuarão ligados ao mundo de Tolkien até que a banda deixe de existir. Desta vez não há grandes mudanças. Não utilizámos letras do escritor que mencionaste mas usámos de outros e claro que o resto é extraído dos poemas de Tolkien. Desta vez tínhamos 4 temas que lidam com a Lenda do marinheiro Eärendil, dois poemas muito antigos feitos pelo Tolkien quando ele ainda estava a alinhavar as primeiras ideias para o conceito da Middle Earth. Temos temas convencionais como  "caradhras" e "the darkening of valinor".


M.I. – Quanto tempo é que “Old Mornings Dawn” demorou a ser produzido? Onde o gravaste? O que podemos esperar dele?

Protector: É dificil dizer porque o trabalho para o álbum aconteceu em dois períodos distintos. Como referi antes,eu comecei a trabalhar em temas dos Summoning logo a seguir ao lançamento de “Oathbound”, mas depois tive de parar. Portanto, depois da longa pausa causada pelos problemas do Silenius, começamos a trabalhar novamente e o segundo período criativo começou. O período mais produtivo durou cerca de um/dois anos. Gravámos novamente no meu estúdio e perdemos muito tempo para que este álbum soasse exactamente como nós queríamos. Experimentámos vários sistemas de som e certificámo-nos que soava bem mesmo nos sistemas mais baratos e simples.



M.I. - Os Summoning nunca foram uma banda de tocar ao vivo e o Protector disse que vocês eram bons compositores mas maus performers… contudo, há muita gente que apreciaria ver-vos ao vivo. Tendes planos para o fazer no futuro?Há alguma circunstância especial que pudesse tornar isso em realidade?


Silenius: Os Summoning nunca tocarão ao vivo. Como nunca praticamos, não somos músicos muito dotados e, tal como disseste, nós vemo-nos mais como compositores do que como músicos. Penso mesmo que qualquer banda de putos de escola faria uma melhor actuação do que nós!


M.I. –Napalm Records tem sido a vossa editora desde o início… sois uma das poucas bandas que nunca mudou de editora. O que torna a Napalm Records tão especial?

Silenius: Sim, somos os dinossauros do catálogo da Napalm. Não temos nada em comum com as outras bandas! Nem os nossos fãs são compradores habituais dos produtos da editora.Mas enquanto o Max e a equipa da Napalm nos apoiarem, sem dúvida, continuaremos ao lado deles. Sabes, é que os dinossauros não gostam muito de se mexer!


M.I. – Nestes sete anos, estiveste atento aos álbuns de black metal que foram editados? Notas alguma diferença neste género musical entre 2006 e 2013?

Silenius: Apesar de ser paradoxal, eu leio muitas zines de metal regularmente mas nunca ouço nova música da cena actual. Gosto somente de ler as histórias por trás das novas bandas e estou interessado no que é lançado e nas tendências que aparecem e as que se extinguem.Surpreendentemente, a nova música no geral não me interessa.Por um lado, há a vantagem de não ser influenciado e, por outro, as nossas composições não copiam as novas tendências da cena.


M.I. – Como é a cena musical na Áustria hoje em dia?

Silenius: Para ser sincero, não tenho conhecimento suficiente sobre a cena austríaca dos dias de hoje. Sei que a banda The Sorrow tem uma boa reputação e que o Martin Schirenk tem uma nova banda chamada Zombie Inc. Normalmente, só contacto com os Abigor e Amestigon.


M.I. – Referiste que agora estás mais virado para o dark ambient, death industrial. O que encontras nestes géneros que já não encontras no metal?

Silenius: O meu gosto musical mudou durante os anos 90. Eu prefiro os estilos mencionados e gasto centenas de euros mensalmente para comprar montes de cenas desses géneros.Para ser sincero, nem sei bem o que me fascina neste tipo de expressão musical extrema… talvez seja a disposição.

Protector: Para mim, todo o tipo de dark music feito com sintetizadores é música que se foca mais na composição do que na performance, portanto encaixa melhor na minha personalidade. Adoro a possibilidade de controlar tudo dentro da música.Posso controlar as notas, a frequência e cada som e ruído… isso é muito fascinante.


M.I. – Se pudesses escolher outro tempo e local para nascer e viver outra vida, qual seria o local e época que escolherias e porquê?

Silenius: Nunca sei como responder a estas perguntas especulativas. Penso que mesmo que tivesse a possibilidade de fazer viagens no tempo não o faria porque sou muito preguiçoso e, para falar a verdade, adoro a minha vida simples e aborrecida!



M.I. – Actualmente estás envolvido noutros projectos? São mais activos do que os Summoning?


Silenius: Há dois anos lancei o terceiro cd de Kreuzweg Ost pela Cold Spring Records. Regravei dois temas antigos de Abigor para o lançamento especial do single em vinil, que sairá em breve. Irei gravar, ainda este ano, as vozes para o novo álbum de Amestigon.

Protector: Não tenho tido muita paciência para trabalhar no meu projecto "die verbannten kinder evas" mas lancei um álbum do projecto Ice Ages logo após o lançamento de “Oathbound”. Muito certamente voltarei a trabalhar nesse projecto em breve mas é muito cedo para entrar em mais pormenores.


M.I. – Muito obrigada pelo vosso precioso tempo. Por favor, deixem uma mensagem final!

Silenius: Obrigada pela entrevista e pelo apoio dos fãs de todo o mundo!


 Entrevista por Sónia Fonseca