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Kongh - "Counting Heartbeats" Review



Os Kongh tornaram-se em pouco tempo uma coqueluche do underground devido à sua abordagem muito característica ao doom metal. Essa caracterização preza-se pelo peso. P E S O! Já com um grande álbum lançado no início deste ano, a sua editora, inteligentemente, achou que esta era a melhor altura para disponibilizar o primeiro trabalho, chamado "Counting Heartbeats", a todos aqueles que só descobriram a banda com "Sole Creation". Esse público alvo deverá ter uma eterna gratidão, porque além do primeiro álbum estar agora disponível novamente, está disponível numa edição de luxo, em duplo digipack, contendo no primeiro cd o álbum e no segundo, a demo de 2006, inclusivé o épico de vinte e cinco minutos, do split com os Ocean Chief de 2008, totalizando nos dois cds mais de duas horas de música(!).

Agora lembremos os demais leitores que se trata de doom metal, ou como a editora refere no press release, "mistura de doom, sludge e metal progressivo". Por muito que a criatividade seja uma característica dos press-releases, aqui não é possível encontrar melhor descrição. Quando se junta doom e sludge, a coisa tem tendência a não ficar bonita. A sensação de progressão confunde-se aqui com o efeito psicadélico e hipnótico que os riffs têm, de soarem como um mantra que simplesmente não é possível de parar de entoar. Tudo se passa muito lento, tudo muito devagar (exceptuando a entrada fulgurante de "Zihuatanejo" e embora existam realmente momentos calmos, até mesmo esses mesmos momentos têm uma dose considerável de peso, o que faz com que este álbum seja mesmo aconselhado para aficcionados do doom. Todos os outros poderão ficar entendiados com o ritmo das coisas, sentimento que talvez não seja partilhado, por outro lado, por todos os que apreciam de alguma progressão no seu metal.

É um álbum que exige várias audições, exige que se lhe preste atenção, que se mergulhe nele sem distracções, tudo aquilo que hoje em dia parece que não nos é exigido a cada novo álbum que ouvimos. Poderá dizer-se que se os anos setenta morreram, ninguém avisou os Kongh disso. Quanto ao segundo CD, a "demo 2006" demonstra uns Kongh mais crus, com uma produção não tão poderosa mas não muito longe daquilo que se consegue ouvir no álbum. Talvez mais cru, talvez não tão refinado, mas mesmo assim com um som muito superior ao que se convenciona chamar "som de demo". Som do demo será mais correcto. A grande joia da coroa desta reedição é mesmo a faixa "Drifting On Waves". Um épico enorme, uma coisa impressionante que só por ela vale a compra de toda a edição. Sem palavras que se possa descrever, uma autêntica viagem, que mais uma vez refiro que não é para todos, mas que todos deveriam apreciar. Um monumento doom. Simplesmente isso. É nesse ponto em que se fica.
Assim sendo, esta reedição tem um carácter obrigatório para todos os fãs da banda, todos aqueles que não conseguiram apanhar a primeira edição do álbum. Mesmo para aqueles que já têm o álbum, o facto de ter a "Demo 2006" e a já referida música do split com os Ocean Chief, é razão mais que obrigatória para adicionar este item à colecção. Imperdível!
 
Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira