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Ascension - "Far Beyond The Stars" Review


Já nem se está habituado a ouvir uma entrada com guitarra bateria, teclas e baixo, sem intros orquestrais manhosas, de um álbum de power metal. Power metal britânico. Escocês, para ser mais exacto, o que por si só já é uma raridade. "Far Beyond The Stars" é o álbum de estreia da banda escocesa lançado em Março do ano passado pela Spiritual Beast, uma editora japonesa. A edição europeia só surge agora, mais de um ano depois, pelas mãos da Limb Music. Para aquilo que é bom, nunca é tarde demais. Por ser bom, não quer dizer que seja lá muito original. A banda parece sofrer de um mal de identidade, já que soa muito (demasiado e perigosamente) a Dragonforce. Menos exuberantes técnicamente mas igualmente dotados, o quinteto debita o típico power metal europeu e dá-lhe aquele extra técnico que fez com que os Dragonforce tenham rebentado da forma como rebentaram.

A voz de Richard Carnie é um tudo nada semelhante à de ZP Theart, o primeiro vocalista dos Dragonforce, que digamos de passagem, tem todas aquelas características pelas quais quem não aprecia o género cita - o vocalista a dar nos agudos como se não tivesse testículos. O que é estranho é que, admitindo a qualidade que este trabalho tem, como já admiti atrás, porque é que fica aquela desconfiança de que algo não está bem? As músicas estão bem estruturadas, a qualidade técnica é do outro mundo, mas... parece que há algo que nos diz que já ouvimos isto em qualquer lado. E não propriamente num álbum de uma certa banda londrina - apenas para não referir o nome dos Dragonforce outra vez. Os clichês estão cá todos. Assumidos. Sabe-se isto, aceita-se conscientemente mas parece que o inconsciente continua à procura de algo mais.

As quatro primeira faixas são muito boas, todas com grandes batalhas de solos. Talvez os ânimos arrefeçam com a "Moongate", um pouco longa demais e se calhar é esse o problema do álbum. Acaba por se tornar muito longo e chega a uma certa altura começa a faltar a paciência para conseguir apreciar este álbum como deve ser apreciado. E é uma luta interior. Por um lado solos em profusão, nível técnico estúpido de tão alto, por outro, o resultado é algo mais banal do que aquilo que se desejaria. Fica a indicação de uma boa banda, a seguir no futuro, dentro do género do power metal europeu, que tem muito por onde progredir, principalmente se largar os clichês e um álbum que apesar dessa falta de originalidade/identidade, tem grandes momentos como a instrumental "Orb Of The Moons". Esta reedição tem disponível uma cover dos Roxette que está bem próximo do original e que não vai tão longe quanto poderia ir na metalização da coisa. É pena.


Nota: 7/10

Review por Fernando Ferreira