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Skull Fist - "Chasing the Dream" Review


É factual dizer-se que o Canadá é um dos países mais descreditados na cena metal. Talvez por preconceito americano, bandas como os Rush, Annihilator ou Voivod parecem sempre merecedoras de mais destaque do que aquele que realmente recebem. Ainda assim, para remar contra esta tendência, têm surgido novos e bons valores canadianos no que diz respeito à música pesada, com grande ênfase para o heavy metal revivalista. Nomes como os Cauldron, Striker ou Skull Fist são prova disso, sendo que estes últimos lançaram um novo trabalho já este ano. Trabalho esse que surge como um sério candidato àqueles tops cliché de “melhores álbuns do ano”.

É certo que ainda é cedo, mas este novo álbum dos canadianos é uma surpresa daquelas que acontecem duas ou três vezes por ano. É também certo que para quem ouviu “Head öf the Pack”, álbum antecessor deste “Chasing the Dream”, este álbum não será uma surpresa assim tão grande, uma vez que já aí se percebia que estávamos perante uma banda diferente daquilo que encontra-mos vulgarmente no circuito metal mais moderno. Ouvir um álbum dos Skull Fist acaba por ser uma experiência de máquina do tempo, já que somos automaticamente empurrados para o início dos 80’s e possuídos por todo aquele espírito a la Judas Priest, com guitarristas alinhados a balançar telepaticamente ao ritmo da música. Não se pode pedir mais que isto a uma banda revivalista… 
“Chasing the Dream” oferece-nos oito músicas novas e uma regravada, que baloiçam entre as fronteiras da perfeição. A voz de Jackie Slaughter é a jóia da coroa dos canadianos, aquele factor diferencial que poderá fazer dos Skull Fist uma banda “grande”. Ainda assim todos os membros brilham de vez em vez, sempre numa toada orelhuda. Basta ouvir “Hour to Live”, “Bad for Good” ou “You’re Gonna Pay” para perceber isso. Outro atributo que salta à vista são os skills dos guitarristas Jackie Slaughter e Johnny Exciter. Os solos em “Call of the Wild” e “Shred’s not Dead” são prova da capacidade que a banda apresenta. Contudo, é difícil enumerar pontos altos, já que todas as canções são excelentes. Desde da electrizante faixa título, passando pela regravada “Sign of the Warrior” (uma música que se tornaria icónica se fosse gravada nos 80’s) ou por “Mean Street Rider”, que tem uma vibe de coragem e de “never give up”, que terá certamente a ver com os momentos difíceis que Jackie Slaughter passou no hospital aquando da sua queda de skate. Aliás, não será ao acaso que a música começa com o som dessa mesma queda.
Ouvir um álbum destes, ou seja, um álbum orelhudo do início ao fim, tem também os seus contras, já que a dada altura temos já demasiada informação retida de cada música e, por isso, a audição das últimas faixas resulta numa experiência algo fatigante. Ainda assim, essa sensação de fatiga desaparece assim que conhecemos de trás para a frente todas as canções. Aí é só divertimento! No final, com regravações e quedas de skate à parte, o que temos é um clássico da era moderna. Uma masterpiece, na verdadeira acepção da palavra, que irá devastar com estrondo cá em casa por muitos e bons tempos. Se calhar com quase tanto estrondo como a queda sepulcral de Jackie Slaughter… 

Nota: 9.5/10

Review por Pedro Bento