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Mount Salem - "Endless" Review


Por momentos, em qualquer que seja a moda que está a dominar, apetecer fechar a torneira. Pelo menos é o que se sente quando a saturação começa a apertar. Black metal, Power metal, nu-metal, metalcore, thrash retro, tudo retro. Chega sempre aquela altura em que existem demasiadas bandas e as novas que aparecem, não fazem justiça ao nível de qualidade que se exige e começa-se a falar mal e a querer outra coisa. Os Mount Salem fazem com que esse dia... pareça longe. É rock com aquela vibe metal à la Black Sabbath, sem esquecer alguma componente viajante mas o grande trunfo é a mesmo a voz de Emily Kopplin, que também toca orgão. Esta ideia de colocar mulheres a cantar em bandas de rock/metal retro, sem querer ser sexista porque não é apenas uma questão de género e principalmente de talento) é uma das melhores ideias de sempre. Somos imediatamente transportados para uma outra era, em que o experimentalismo sónico era destemido e havia sempre uma voz hipnóticamente sedutora a guiar-nos na viagem.

Inicialmente lançado como EP em edição de autor, os Mount Salem chamaram a atenção da toda poderosa Metal Blade, que gostou tanto do trabalho que apenas pediu que juntassem mais duas músicas para que este ficasse a ser o primeiro álbum de originais. Assim sendo, "The Tower" e "Mescaline II" foram gravadas e acrescentadas às seis músicas que já fazia parte do alinhamento, fazendo este álbum uma enorme surpresa para todos aqueles que gostam de fechar os olhos e deixarem-se levar pela música. Considerando que a banda começou apenas em 2012 e que menos de dois anos depois já tem um álbum lançado pela Metal Blade, não será certamente um feito menor.

Quarenta minutos de rock/doom oculto com alma. Um bilhete para viajar sem sair do lugar. Para bater o pé de mansinho e quase sem se dar conta. Para abanar a cabeça em concordância, de forma repetida, envoltos em fumo. Para ouvir em loop, definitivamente. Um álbum, talvez não elaborado para o ser à nascença mas que mesmo assim, acaba por ser uma das grandes surpresas deste início discográfico de 2014. Dúvidas existam, é só ouvir para comprovar. Mas cuidado. Temas como "Hysteria" arriscam-se a ficar a tocar em loop muito depois da música acabar.


Nota: 8.9/10

Review por Fernando Ferreira