About Me

Hark - "Crystalline" Review


Os Hark são a nova sensação do sludge/stoner britânico, tanto por nascer das cinzas dos Whyteleaf e Taint, como pela música apresentada, primeiro no EP "Mythopoeia", depois neste "Crystalline", álbum de estreia que chega com um estrondo. Tudo começa com "Palendromeda", que se instala, quase sem pedir licença, nas cabeças dos ouvintes, de forma hipnótica, misturando peso dos instrumentos com uma melodia, que as vocalizações de Jimbob, apesar de alguma ríspidez, não deixam de ter. A produção de Kurt Ballou (dos Converge) não passa despercebida como uma das responsáveis do poder do álbum - feeling analógico mas mesmo assim poderoso.

O principal trunfo desta estreia é a forma como cresce dentro do ouvinte. Se primeiro parece que se passa despercebido, conforme o álbum se vai desenrolando há certas coisas que vão marcando, sendo a principal a forma como a música flui toda no mesmo sentido. Não há elementos contraditórios, não há falta de harmonia. Tudo trabalha bem em conjunto e não se sente o peso da sua duração - quase uma hora. É óbvio que para quem procura emoções rápidas, poderão facilmente aborrecer-se com o que se passa aqui. Para os que gostam de algo mais extremo, até mesmo no género sludge/stoner/doom, poderão desistir facilmente. Os que continuam são amplamente recompensados.

Temas mais compactos como "Black Hole South West" e "Mythopoeia" (mas nem por isso, não assim tão mais imediados) convivem bem com outros mais longos como "Breathe And Run", "Sins And Sleeves" e o épico "Clear Light Of...", sendo no entanto comum a todos eles a necessidade de tempo e espaço para que cresçam. Ao final da terceira audição, já algo de diferente se começa a notar, até que a, talvez, teimosia em continuar a ouvir é substituída pela necessidade de ouvir mais uma vez e novos detalhes começam a surgir, novas sensações são sentidas. Nada de transcendental, apenas boa música, que desafio o teste do tempo. Parece transcendental porque é algo incomum hoje em dia.

 
Nota: 8.5/10

Review por Fernando Ferreira