Melosa. Frufru. Arco-íris. Florzinha. O francês é isto tudo e muito mais. Confesso que se há uns seis ou sete anos me falassem de metal cantado na língua de Napoleão me iria rir à gargalhada. A língua gaulesa tem uma musicalidade pouco viril e é quase sempre conotada como, lá está, pouco máscula. Todas estas ideias foram refutadas quando ouvi pela primeira vez o álbum «Exécution» dos ADX. Se hoje sei e acredito que bom heavy metal pode ser feito em qualquer língua, em muito o devo aos agora veteranos parisienses. Pois bem, o nono álbum da banda já anda aí à solta e segue as pisadas bombásticas dos antecessores.
Cantar em francês será sempre uma espécie de «espanta-metaleiros», contudo o que temos aqui é tudo aquilo com que um verdadeiro fã de heavy metal pode sonhar. A voz de Phil Grelaud está aí para as curvas. Ainda que menos célere, o francês continua a ter uma daquelas vozes reconhecíveis entre milhares e isso é sempre de saudar. As guitarradas continuam a ser o trunfo maior dos ADX: todas as canções têm riffs daqueles de quem sabe o que anda a fazer e as canções são todas muito sóbrias ainda que com a espectacularidade que caracteriza o som da banda. Canções como «Red Cap» (que em inglês seria um «boné vermelho»), «Le Brave des Braves» ou «Divine Menace» são canções que poderiam constar dos clássicos que a banda lançou nos 80’s.
Se o ouvinte preferir uma malha mais acessível, daquelas de vídeoclip, terá «Commando Suicide» para lhe encher as medidas. Se as baladas forem o doce predilecto, então «Les Coeurs Eteints» será a escolha ideal. Os amantes da velocidade irão perder-se na maioria das canções. Os refrões orelhudos ecoam por tudo o que mexe neste álbum, até mesmo para quem não souber patavina de francês. No final do álbum há ainda tempo para recordar um clássico da banda, «King of Pain», ainda que aqui cantado na língua gaulesa. E voilá, «Ultimatum» é um álbum que tem de tudo e que agradará aos mais diversos ouvidos, se chegar até eles…
Pois é, peço desculpa por alguma parcialidade, mas os ADX são para mim uma daquelas bandas que não têm coisas más na sua discografia. Se provas faltavam, esta é mais uma prova cabal desse fenómeno. Contudo, o facto de a banda ter uma discografia imaculada nunca fez dela uma referência, o que acaba por ser triste. Álbuns como «Suprématie», «La Terreur» ou o já referido «Exécution» poderiam, e deveriam, ser álbuns referência do speed metal europeu, mas passaram ao lado das luzes da ribalta. Este «Ultimatum» é mais uma caixinha de pandora do heavy metal. Irá permanecer por certo na penumbra, mas aqueles que forem astutos o suficiente para a abrirem, irão adorar o que lá está dentro.
Nota: 9.2/10
Review por Pedro Bento
