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Entrevista aos Martelo Negro



"Negro é o martelo que descende sobre o crânio dourado do anjo redentor". Martelo Negro dentro do underground e do que se pode considerar o mainstream do metal nacional, dispensa apresentações. Quanto mais não seja pelos concertos avassaladores que vamos encontrado em alguns festivais nacionais. Pretende-se nesta entrevista conhecê-los, nas palavras dos próprios filhos de Cronos. Martelo Negro surge em 2006, sob a denominação de Black Hammer, a comando de Simão Santos (The Beyonder) e neste registo são lançados o EP "Winds of Carrion" ('07), os singles "Hierofante em Chamas", "Sob os Cascos de Satã", "Bela Lugosi Is Dead, Buried and Forgotten" em 2009.

M.I. - Beyonder, sendo que iniciaste o projecto a solo, o que levaste em consideração para a adição de mais 3 elementos?

Mefistofélicas saudações, leitores da Metal Imperium. Respondendo rapidamente a esta questão, limitei-me apenas a procurar pessoas que se identificassem com a minha visão musical, tendo também em conta a ligação de amizade que já existia com as pessoas com quem passei a partilhar palco.Mas, indo mais ao fundo, o que me levou a transformar Martelo Negro numa banda a sério, de palco, foi a mesma necessidade com que formava bandas na adolescência, sou um entusiasta do punk e do metal e não encontro motivação maior para formar uma banda que a paixão que nutrimos pelo ruído.


M.I. - A primeira vez que ouvi Martelo Negro pensei que teria presente a reencarnação de Hellhammer e Celtic Frost.Actualmente Martelo Negro satisfaz fãs de black metal, death metal, punk, entre outras sonoridades nefastas.E sendo que os elementos são músicos que já passaram pelos mais variados projectos, como asseguram a coesão final das vossas composições?

A nossa composição é, actualmente, colectiva. Juntamo-nos no nosso espaço de ensaio, trabalhamos nota por nota, riff por riff, malha por malha.Temos uma visão musical bem definida e tudo o que não corresponde aos nossos padrões e fórmulas é colocado de lado.Tudo, absolutamente tudo é filtrado até ao limite.Isso também ajuda a explicar porque é que eu e o Melkor temos tantos projectos paralelos, uma vez que fazemos coisas interessantes que não servem para as canções de Martelo Negro e acabam por ser canalizadas para outras coisas que vamos desenvolvendo paralelamente.


M.I. - Durante o inverno de 2011 é tornado oficial o lançamento do primeiro álbum "Sortilégio dos Mortos" pela nacional Luci Dist Productions (Hellprod). Após as reacções deste lançamento, como consideram ter sido o vosso percurso até ao presente?

Acho que o nosso percurso tem sido um pouco acidentado, posso até dizer que houve um falso arranque da nossa parte. Hoje olhamos para trás e percebemos que o “Sortilégio dos Mortos” não é o melhor disco do mundo mas teve um propósito muito forte e serviu para percebermos muita coisa.Esse disco, apesar de ter sido gravado pela banda, não é representativo do colectivo, uma vez que se tratam de regravações de músicas antigas que eu tinha gravado sozinho quando o projecto se chamava ainda Black Hämmer e que fizeram sentido quando foram gravadas no contexto original da one man band, apenas e só. Não há qualquer arrependimento, apenas uma lição aprendida cujos ensinamentos foram já postos em prática no novo álbum que sairá em Maio.


M.I. - O line-up, após quarteto, sofreu algumas alterações com a saída de Asmodeus (guitarra e vocais), Bwzwys Narconomikron (bateria) e consequente entrada de Thamuz (guitarra) e Maalm (bateria). Em que medida estas alterações contribuíram para a evolução de Martelo Negro?

Posso dizer que são duas pessoas que se identificam plenamente com a visão musical da banda. Ambos faziam parte dos defuntos Namek, ou seja, tocarmos juntos não representa novidade absolutamente nenhuma. O Maalm é, quanto a mim, a versão portuguesa do Abaddon de Venom, ninguém bate nas peles com a força com que ele bate e essa intensidade faz-se notar nos nossos concertos.Há bateristas que são muito evoluídos tecnicamente mas depois falta-lhes o factor AGRESSÃO, algo que o Maalm possui em doses industriais, para não falar na experiência e profissionalismo dele.Quanto a mim, não desfazendo no nosso baterista anterior, o Maalm era o missing link. O Thamuz é um guitarrista com uma mentalidade expansiva e inconformada mas muito ligado à visceralidade do proto-punk, ou seja, é o complemente perfeito para fazer parelha com o Melkor que, por sua vez, é um guitarrista 100% Metal.Portanto, sim, contribuíram muito para que o som da banda fosse o que é hoje, sem desprimor por nenhum dos elementos que passaram anteriormente pelas hordas do Martelo.


M.I. - Desde o lançamento do "Sortilégio dos mortos" até ao mais recente concerto dado no Extreme Metal Attack, onde tivemos oportunidade se cheirar ares do próximo lançamento, datas de concertos têm sido sucessivas em território nacional. Consideram a hipótese de espalhar a negritude em campo internacional?

Claro que sim, desde que se reúnam as condições certas. Não nos interessa fazer digressões gigantescas pois não temos vida para isso, temos mulheres, filhos, etc, e sabemos que o retorno financeiro neste género de música é muito escasso, o que nos impede de arriscar muito. Mas, sim, interessam-nos datas pontuais lá fora e, acima de tudo, interessa-nos que as pessoas de fora nos conheçam e apreciem o que fazemos, ainda que 90% dos nossos temas sejam em português. Queremos disseminar a lusofonia de Lúcifer, ou melhor, a LUCIFONIA!


M.I. - Recentemente recebemos a novidade em forja, o segundo lançamento de longa duração "Equinócio Espectral". Que expectativas têm com o novo registo e como consideram que a evolução de Martelo Negro se reflecte nele? 

Penso que este disco reflecte uma evolução gigantesca em relação ao anterior, a todos os níveis. É fruto de um colectivo determinado que não embarca em modas ou tendências, com uma visão musical bem definida. Considero que o  novo disco, ainda que não seja nada de groundbreaking ou original (nós não queremos reinventar a roda), é um disco sólido de punk e metal, com refrões orelhudos e riffs de partir pescoços bem condimentados com d-beat e pancadaria avulsa em nome de Pazuzu.É o tipo de disco do qual eu vou orgulhar-me bastante de ver na minha prateleira, ao lado dos discos dos meus heróis pessoais.


M.I. - Agradecemos a vossa colaboração nesta entrevista.Palavras finais que queiram acrescentar?

Keep the flame burning high! Mantenham-se atentos ao que vamos fazendo!Cumprimentos a todos os leitores da Metal Imperium e uma palavra de agradecimento por esta entrevista!Stay tuned for some satanic rock n roll!


Entrevista por Susiana Pinto