Esta é mais uma daquelas bandas que parece querer criar uma aura de mistério em torno de si mesma, tendo-se mostrado ao mundo na mesma altura em que lançaram este álbum de estreia cujo formato é unicamente digital, mantendo os seus membros no anonimato e apresentando-se apenas com a poética frase “the fire was our saviour”. Até é uma das melhores posturas que se pode ter quando se quer essencialmente transmitir uma mensagem e que a atenção do ouvinte se concentre exclusivamente na música, porém, já lá vai o tempo em que tal podia ser considerado original. A única coisa que é dada a conhecer dos Black Drop effect é que vêm de Gotemburgo e têm membros dos seus camaradas suecos Waning na formação e até dá para ver umas quantas semelhanças entre as duas bandas, especialmente na sonoridade e também nos tópicos sobre a condição humana e a vivência em sociedade.
O que temos em “Injecting Pain” é black metal atmosférico que, por vezes, chega a roçar o industrial – “Dead Eyes Staring Back” e a primeira parte de “The Hidden Realm” são bons exemplos disso e até remetem para alguns dos trabalhos dos Blut Aus Nord – mas sem nunca atingir aquela característica fria e mecânica que define o sub-estilo. Acrescentando a esta mistura temos subtis melodias que contribuem para dar uma boa dose de intensidade aos seis temas extensos.
O facto de todas as faixas serem na casa dos 9-10 minutos também pode funcionar contra elas, particularmente nas duas que surgem a meio do álbum: “The Waiting” e “The Frost And The Moon”, especialmente a primeira que, ao fim de uns minutos, se torna repetitiva e se transforma mesmo numa “espera” para que o próximo tema entre, o qual acaba por ser o outro que já referi, que é melhor que “The Waiting”, mas, ainda assim, acaba por soar menos inspirado que as restantes quatro músicas.
Os Black Drop Effect apresentam-se como um projecto que sabe usar as ferramentas necessárias para concretizarem a música que querem compor, se bem que o nível de solidez do trabalho nem sempre se mantém. Felizmente, isto não chega a estragar “Injecting Pain” e o registo prova ser um lançamento de qualidade no geral.
Review por Tiago Neves
