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Lenore S. Fingers – "Inner Tales" Review


ESQUEÇAM O NOME, FOQUEM-SE NA MUSICA! Esta (forçada) chamada de atenção, mais não é do que uma desesperada tentativa para dissuadir, quem já de si se sente dissuadido ao ver o nome deste colectivo italiano, e ignore por completo a audição sequer de um tema. Admito que as intenções possam ter sido as melhores, mas quem no seu perfeito juízo baptiza uma banda de Lenore S. Fingers? Mas atenção que há um conceito, pois a banda quis prestar homenagem tanto à obra “Lenore the Cute Little Dead Girl” do escritor e artista Roman Dirge, como também à personagem Salad Fingers, criada por David Firth, enfim...

Isto porque a musica, que é o que realmente importa, contida nesta estreia (ainda por cima), é de muito boa qualidade. Estamos perante um colectivo com óbvias influências de Anathema e The Gathering (só isso diz muito), com um conjunto de músicos que, não sendo (ainda) mestres, conseguem ter criatividade suficiente para nos prender às suas partes instrumentais, ainda para mais quando a vocalista Federica Lenore Catalano é claramente o grande ex-líbris do colectivo. Uma voz com o balanço certo entre delicadeza e força, mas acima de tudo com uma personalidade muito vincada.

Em Inner Tales é verdade que ouvimos um disco acima de tudo melancólico, mas nem por isso é este um álbum linear. Quer-se com isto dizer que a dita criatividade dos músicos se reflecte essencialmente na forma como exploram diferentes andamentos, atmosferas e cadências. Estando no limiar entre o rock e o metal permite-lhes com isso fazer uso também de várias características de ambos os géneros, jogando com elementos acústicos e de distorção ou mudanças de ritmo. Daí que consigam, por exemplo uma ambiência algo progressiva no tema Doom, da mesma maneira que injectam um pouco de adrenalina em Victoria, que por sua vez surge após a serenidade de The Last Dawn. The Calling Tree por seu lado mostra-nos o lado orelhudo (quase viciante acreditem) da musica dos Lenore S. Fingers.

Claro que ainda há umas quantas etapas a percorrer no processo evolutivo deste colectivo, e Inner Tales mesmo sendo um disco bem acima da mediana, ainda tem as suas falhas. Mas como carta de apresentação não se poderia pedir muito mais. O potencial da banda é tremendo, resta esperar que a escolha do nome não faça muitos estragos.

Nota: 8.5/10

Review por António Salazar Antunes