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Machinae Supremacy - "Phantom Shadow" Review


Isto é estranho. Para já, algo surpreendente: Os Machinae Supremacy já têm no bucho seis álbuns de originais, sendo este “Phantom Shadow” o seu sétimo e mesmo assim permanecem algo obscuros nos meandros do power metal. Poderão pensar “ok, sete álbuns e são desconhecidos. Grande coisa, talvez não sejam bons, talvez sejam da Chinamarca, talvez tenham um som tão comum que passam despercebidos no meio de tantas bandas iguais.” Bem, a banda é sueca e aquilo que os caracteriza é usarem como instrumento o característico som do chip (Sid) da clássica consola de jogos Commodore 64.



Já absorveram e processaram esta informação? De certeza?

Existem muitas formas de chamar a atenção, muitos gimmicks. Temos bandas como os Van Canto que usam as vozes, literalmente, como instrumentos, ou como os Animetal que tocam exclusivamente músicas relacionadas com desenhos animados e videojogos ou até um caso mais geral, os Die Apokalyptischen Reiter, que simplesmente eram estranhos. O que acontece ou aconteceu com qualquer um destes casos é que a surpresa inicial ou gera enfado ou gera becos sem saída criativos, levando a que se faça mais do mesmo ou simplesmente não exista criatividade suficiente para conseguir surpreender e cativar mais do que cinco minutos.

É possível que a banda caia nesta armadilha mas como também já estão no sétimo álbum, não parece ser questão que os preocupe. O seu desconhecimento das altas esferas do género onde se inserem contrasta com a forte reputação underground, pelo menos no que na Ásia diz respeito. O que ajudou a esse efeito foi a banda disponibilizar muita música grátis e até publicitar a sua discografia disponível em sites de torrentes como o Pirate Bay. Sendo assim, a hora do julgamento chega com a audição deste “Phantom Shadow”, que após uma intro, “Wasn’t MadeFor The World I Left Behind”, e uma primeira faixa, “The Villain Of This Story” fica claro que esta história do chip Sid até resulta de forma surpreendente. Ok, por momentos parece completamente ridículo, como no início da “Perfect Dark”, mas depois as músicas em si são realmente boas o que deixa o ouvinte numa espécie de encruzilhada.

Para os amantes de power metal, não haverá aqui nada que os possa desiludir. Para aqueles que apreciam coisas esquisitas e fora do comum para mostrar aos seus amigos, os Machinae Supremacy em geral e “Phantom Shadow” em particular são capazes de chamar atenção por uns tempos mas depressa esmorecem nesse propósito, afinal, o foco da banda está mais no bom power metal que tocam do que propriamente no gimmick que usam. Mais do que veículos para esse gimmick, este trabalho tem uma série de boas músicas. É certo que talvez a sua duração seja um pouco excessiva mas a qualidade, variedade e dinâmica fazem com que este trabalho seja refrescante e vencedor – quando se tem uma emotiva balada como “Europa” antes de um festim de happy power metal como “Throne Of Games” (título engraçado). A sua longa duração também provoca que exija bastantes audições até que se consiga absorver por completo, mas tratando-se de um álbum conceptual a sua longa duração até é perceptível. Boa surpresa, boa banda, gimmicks à parte, evolução real e aberto o caminho para mais, muito mais, no futuro.


Nota: 8.5/10

Review por Fernando Ferreira