About Me

Weedeater - "Sixteen Tons" Review


A Season Of Mist continua na sua senda por capturar do passado o fumo de charros já fumados. Por outras palavras, esta é a reedição do segundo álbum dos norte-americanos “Weedeater”, lançado apenas um ano depois da estreia, já aqui revista por nós “…And Justice For Y’All”. A analisar logo pelo épico que abre o álbum, de resto a faixa de maior duração de “Sixtee Tons”, fica-se logo com a ideia de que os Weedeater estão bem mais doom do que a estreia um ano anterior anunciava, mas, mesmo assim, a sua identidade continua a não ser tão fácil de deslindar como isso. Continua a ter elementos de sludge - pelo menos a sua sujidade - continua a ter elementos de stoner e até um elementozito, muito pequeno, de punk.

“Potbelly” confirma totalmente que o doom e o stoner são realmente o grande foco deste segundo álbum, assumindo uma certa descontracção como que a erva a bater dentro e acaba por ser esse a sua maior vantagem. Mesmo para quem não seja consumidor de erva. As músicas soam mais relaxadas, mais hipnóticas, perdendo um pouco da sua potência e força, é certo, mas ganhando na parte do psicadelismos e groove. Se pegarmos numa música como “Time Served”, aquele riff dura para sempre, pelo menos assim parece, em loop, repetindo-se vezes sem conta e quando passa para a faixa seguinte que lhe surge colada, a “Dummy”, é que reparamos que nem chega a ter três minutos.

É graças a essa descontracção que é possível termos vários momentos em modo letárgico, literalmente. Primeiro a “Woe’s Me”, com um espírito bem minimalista, bem sulista (ou redneck), acústico, enquanto as “Lines” e “Riff” usam e abusam da distorção como mamutes monolíticos e paquidérmicos. A forma como tudo desagua na instrumental e singela “Kira May”, faz com que tudo resulte de forma perfeita e que fique a vontade de ouvir tudo outra vez. Relembra-se mais uma vez que poderá ser um género de música ou até mesmo uma fórmula que poderá aborrecer de morte quem gosta de coisas mais mexidas, mas este segundo álbum dos Weedeater equivale a dezasseis toneladas de erva na cabeça, provocando uma overdose de fumarada de prazer auditivo.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira