Na vida mais vale cair em graça do que ser engraçado, que o digam os finlandeses Insomnium. Há que dizer as coisas como elas são, pois desde que em 2002 lançaram a sua estreia In The Halls of Awaiting, que 5 álbuns depois continuam a presentear-nos basicamente com o mesmo, seja com melhor ou pior produção, mais ou menos directo ou complexo. E contra isto pouco ou nada há a argumentar.
Há no entanto outras nuances que tem de ser realçadas neste novo lançamento Shadows of the Dying Sun. A primeira é que os Insomnium parecem estar bem longe de entrar na estagnação pese embora o que foi dito anteriormente. Ouvir Shadows of the Dying Sun é quase que ouvir uma banda em inicio de carreira com todos os predicados que advêm disso, juntando a isso a maturidade da experiencia já acumulada.
Shadows of the Dying Sun, mesmo não sendo um disco conceptual quase que funciona como tal, na medida em que se trata de um álbum extremamente visual, e riquíssimo em pormenores. Facilmente poderemos, consciente ou inconscientemente, traçar toda uma narrativa visual a partir do crescendo da introdução, até à sua implosão no primeiro berro de Niilo Sevänen em While We Sleep, um tema brilhante. E casos como esse são mais do que recorrentes ao longo da audição do disco. No fundo o que os Insomnium fazem é pegar na complexidade das estruturas de um The Gallery, com os riffs de The Jester Race, ao qual juntam todo o imaginário melancólico, etéreo e místico do folk da terra dos 1000 lagos, de onde provêm. O melhor de 2 mundos portanto, com isso a sua música acaba por ser uma divagação entre diferentes atmosferas e estados de espírito.
É verdade que hoje em dia centenas de bandas compõem música que alterna entre movimentos mais lentos e rápidos, ou entre ambiências atmosféricas e caóticas, mas arrisco dizer que ninguém o faz da maneira como os Insomnium o fazem, pelo menos de forma tão intensa. A fluidez e dinâmica como o conseguem quase que nos remete a uma sinfonia clássica, o que aliado à complexidade dos temas reforça ainda mais essa ideia. Talvez o caso mais paradigmático disso seja The River, um tema onde ouvimos de tudo, blastbeats, ritmos cadenciados, partes etéreas, berros, vozes limpas, riffs tremolo, guitarras acústicas, enfim, apenas uma ideia da quão rica é hoje a musica dos Insomnium.
Um disco candidato a figurar nos tops de 2014, e que merece todo o tempo despendido à sua compreensão, até porque nada nos garante que este não seja mesmo o pináculo da carreira dos Insomnium.
Review por Antonio Salazar Antunes