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Moonspell - "Extinct" Review


Dez álbuns é obra. Para qualquer banda, mas que para os nossos Moonspell (nossos, fãs portugueses que seguiram do início a sua carreira e que encaram os sucessos da banda como se fossem os nossos próprios) tem ainda mais um gosto especial, depois de muitas dificuldades atravessadas, de luta(s) constante(s), de mudanças estílisticas, de um procurar constante por algo, procurar por algo melhor, por desafios melhores. "Alpha Noir/Omega White" foi um trabalho magistral que combinou ambos os mundos da banda, tanto o seu lado extremo como o seu lado gótico, ambos sempre presentes desde o início da sua carreira (faltando apenas o lado folk que apenas vimos no mítico "Wolfheart") e com isso tiveram em mãos um dos grandes trabalhos metal do ano 2012. Depois disso, o que falta mostrar? Para onde ir? Como superar ou pelo menos igualar tal momento inspirado? E será que seria possível?

A resposta pode variar mas o sim será o mais consensual. A banda pegou tanto no seu lado extremo de "Alpha Noir" e no lado gótico de "Omega White" e juntou-os em dez músicas, fazendo com que em vez de se ter um trabalho unidimensional (quer em cada um dos extremos), se tenha uma entidade musical completa, não havendo distinção entre as duas facetas. De uma forma simplista, "Extinct" é um "Alpha Noir/Omega White" condensado, não demorar muito a conquistar os seus fãs, mesmo aqueles mais exigentes ou cépticos. Não são necessárias muitas audições para que as melodias de "Breathe (Until We Are No More)", o tema título e "Medusalem" se tornem mantras a ecoar constantemente  na cabeça, com todas as características típicas da banda a estarem presentes e é algo que se vai suceder ao longo do resto do trabalho.

"Domina" é aquela que surge primeiro como declaradamente gótica, mesmo não sendo o a primeira a evidenciar que a voz limpa de Fernando Ribeiro está particularmente inspirada, assim como também os solos de Ricardo Amorim que está cada vez mais solto e sem problemas a evidenciar todo o potencial melódico dos seus solos. "The Last Of Us" segue as pisadas da música anterior, estando mais apta para ser o primeiro single, com enorme potencial comercial, soando como um cruzamento entre os Him e Sisters Of Mercy, estes últimos a surgirem como uma das grandes referências (se não foram para a banda na hora de compor, de certeza que serão para os fãs na hora de ouvir).

"Malignia" e "Funeral Bloom" focam-se também nas melodias góticas e dotando-as com um certo peso, provando aquilo que afirmámos anteriormente da fusão entre o lado extremo e o gótico. Nestas duas, o lado gótico é o que prevalece, mas em "Dying Breed", há um acréscimo de peso que é muito bem vindo. O álbum é finalizado com "The Future Is Dark" (talvez a abordagem mais gótica em todo o trabalho) e com "La Baphomette" uma estranha mas efectiva peça que nos transporta para um clube qualquer escuro nos finais do século XIX, um pouco à semelhança das ambiências de "Irreligious". Uma forma estranha de acabar o álbum e que deixa a sensação de que talvez este trabalho seja algo curto, mas este sentimento só espelha que realmente se apreciou a obra como um todo.

Em jeito de conclusão, "Extinct" é um álbum muito forte da banda que demora pouco tempo a tornar-se viciante, nem precisa de muitas audições até que as suas melodias fiquem interiorizadas. Gostando ou não, essa é uma tarefa que é complicada de atingir. A componente sinfónica está como nunca esteve antes, com um grande trabalho de Pedro Paixão (que dá a habitual perna nas guitarras), a batida de Mike está mais diversificada, o baixo de Aires está seguro e omnipresente, assim como as guitarras de Ricardo Amorim estão, como já foi referido anteriormente, afiadas e acertar em cheio sempre que aparecem e Ribeiro está a conjugar de forma perfeita as vozes limpas com as guturais. Já começam a ficar longe os tempos de extremismo de "Memorial" e de "Night Eternal", mas "Extinct" apresenta-nos um resumo de todo o que de bom ficou para trás, rejuvenesceu a proposta da banda e deixa indicações para o futuro de que aconteça o que acontecer, a banda sabe sempre reinventar-se.


Nota: 9.5/10

Review por Fernando Ferreira