A repetição é uma coisa terrível mas… não vivemos tempos fantásticos na música? Só mesmo tempos como este é que nos permite ter uma banda como os Turbowolf que nos dá cheirinhos de várias coisas que já lá vão há muito tempo (como aquele feeling genuíno do rock da década de setenta, um certo psicadelismo, assim como uma sujidade própria do stoner, uns refrões que podia estar numa banda de punk rock moderno e até uns pormenores de maquinaria esquisitos e desconcertantes fazendo lembrar levemente o experimentalismo de Frank Zappa), misturam tudo, resultando num pacote bem atractivo e totalmente viciante. A banda não é nova, mas este “Two Hands” rebenta nas nossas colunas, ouvidos e coração como se fosse a primeira vez que se está a ouvir música.
Poderá parecer que é entusiasmo a mais e provavelmente é, porque este tipo de propostas virais que tomam conta do nosso sistema nervoso, têm tendência a esmorecer com o tempo, mas a verdade é que estas melodias e o facto da sua música ser praticamente inqualificável faz com que “Rabbits Foot”, “American Mirrors” e , “Nine Lives” e “Twelve Houses” sejam tão diferentes entre si como que essenciais. Se há algo que as liga todas umas às outras é o facto de todas terem um grande espírito rock que torna este álbum essencial para todos os que gostam do género e uma boa representação que o rock, apesar de arredado das tabelas de vendas, ainda mexe e de que maneira.
Sendo assim, não vale como que classifica-lo, chegando apenas a uma conclusão que por vezes não vale a pena perder tanto tempo com análises e dissecações para que se consiga colocar numa prateleira, quando existem coisas que não vão caber em nenhum lugar ou não vão ficar sobre qualquer rótulo a não ser o da boa música. Talvez não seja tão relevante daqui a dez anos, mas pelo menos agora, e pegando na máxima de aproveitar o presente ao máximo, este é um disco infernal para ouvir muitas, muitas e muitas vezes.
Nota: 8.5/10
Review por Fernando Ferreira