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Reportagem: Arch Enemy, Unearth e Drone @ Paradise Garage, Lisboa – 21/05/2015


O regresso dos suecos Arch Enemy a terras lusas não foi marcado apenas pela apresentação do seu último álbum, “War Eternal”, lançado em 2014. Esta foi a primeira apresentação da banda com a sua nova formação – a entrada da vocalista Alissa White-Gluz (ex-The Agonist) e do guitarrista Jeff Loomis (ex-Nevermore). Por isso, as expectativas eram elevadas, principalmente para seguidores mais antigos da banda, que anteriormente viram passar pelo grupo o vocalista e co-fundador Johan Liiva, e a icónica Angela Gossow. A primeira parte do evento esteve a cargo dos alemães Drone e dos norte-americanos Unearth. 

O espetáculo teve início pelas 20h30 em ponto, meia hora mais cedo do que estava previsto inicialmente. Quando os Drone se apresentaram em palco, a plateia ainda se estava a compor, mas foi algo que não condicionou a prestação dos alemães. O vocalista Moritz “Mutz” Hempel mostrou-se comunicativo ao longo da atuação, de sensivelmente meia hora. O público retribuiu várias vezes, havendo lugar a um mosh pit e à interação entre um fã e o vocalista, tendo este último comentado, entre risos, que “devíamo-nos embebedar mais tarde”. Os Drone também lançaram um álbum, homónimo, no ano passado, e terá sido no tema “Hammered, Fucked and Boozed”, deste registo, que o público se manifestou mais, a par com “Welcome To The Pit”, do seu primeiro trabalho. Assim, foi um início de noite bastante competente e que aqueceu o ambiente para as duas atuações seguintes. 

Os norte-americanos Unearth já seriam uma banda mais conhecida do público português. Tal foi comprovado com os primeiros acordes da sua atuação, com o tema “Giles”, que gerou de imediato um circle pit fervoroso.  A banda de metalcore também lançou um álbum em 2014, “Watchers of Rule”, mas apresentou apenas dois novos temas em palco, “The Swarm” e “Never Cease”, dos oito que tivemos a possibilidade de ouvir. Foi um concerto bastante enérgico, onde facilmente se acreditaria que estavam a atuar numa noite em nome próprio, a julgar pela forma como o público recebeu a banda. Não haveria melhor forma de acabar a atuação: os guitarristas Buz McGrath e Ken Susi subiram a um dos balcões da sala, tocando “The Great Dividers” num momento de maior cumplicidade com os fãs.

A espera pelos Arch Enemy pareceu longa e o calor fazia-se sentir cada vez mais, numa sala que estava praticamente lotada. Os fãs mostravam-se ansiosos, principalmente para conhecer a nova vocalista em palco, e comentavam concertos anteriores onde tiveram a possibilidade de assistir à prestação de Angela Gossow. Assim, esta noite seria uma noite de provas. Em estúdio, era sabido que Alissa White-Gluz havia cumprido com o exigido. Mas em palco, como seria? 

Já passava das 22h00 quando se começou a ouvir “Khaos Overture”, seguido de “Yesterday Is Dead And Gone” e “Burning Angel”. Apesar destes temas iniciais, os Arch Enemy privilegiaram o seu novo álbum, “War Eternal”, tendo ocupado grande parte do alinhamento. Logo no início da atuação dos suecos, verificou-se claramente que Alissa tem uma grande voz e que os fãs não sairiam dali desiludidos. A vocalista puxou várias vezes pelo público, pedindo inclusive vários circle pits, ainda que a forma como comunicou tenha parecido, por vezes, algo ensaiada. No entanto, foi bastante competente e os fãs corresponderam: estiveram enérgicos ao longo de todo o concerto, havendo desde o ecoar das letras e o headbanging, até ao crowdsurfing.  “War Eternal” e “Stolen Life” foram os temas do novo álbum mais aplaudidos, muito embora Alissa tenha referido que a sua faixa preferida do novo registo fosse “As The Pages Burn”, que também foi contemplada na atuação. 

Naturalmente, também existia bastante curiosidade em relação ao guitarrista Jeff Loomis, que inclusivamente teve direito a um solo.  Infelizmente, a qualidade do som nem sempre esteve no seu melhor, o que pode ter condicionado, de alguma forma, a apreciação da música dos suecos, em particular do seu novo guitarrista. Por entre os temas do novo álbum, foi possível reviver registos anteriores, como nos temas “My Apocalypse”, “Bloodstained Cross”, “Dead Eyes See No Future” e “Ravenous”, que estavam bem presentes na memória dos fãs. “We Will Rise” foi o último tema antes dos suecos fazerem uma pausa de alguns minutos, à qual se seguiu um verdadeiro encore. “Never Forgive, Never Forget”, “Snow Bound”, “Nemesis” e a bastante aplaudida “Fields Of Desolation”, tema do primeiro registo dos suecos, “Black Earth”. De notar que a voz de Alissa permaneceu intacta, sem qualquer indício de cansaço, do início ao fim da atuação.

Certamente os fãs dos trabalhos mais antigos da banda sentiram a falta de outros temas emblemáticos, algo que por vezes é apontado como uma crítica às setlists que a banda tem vindo a apresentar. No entanto, a sala cheia demonstra que, ainda assim, os Arch Enemy continuam a mover multidões e a alcançar novos fãs de ano para ano. 

Texto por Sara Delgado
Fotografias por Igor Ferreira
Agradecimentos: Prime Artists