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Three Days Grace - "Human" Review


Os Three Days Grace são uma banda que poderia servir de estudo de caso para alguma teoria evolucionista das bandas de rock alternativo do séc. XXI. Estas bandas passam invariavelmente por diferentes estágios: começam por apresentar um som agressivo e algo emocional (nos TDG sempre foi bastante emocional); depois surgem alguns sons mais pop e radio friendly (o álbum “Life Starts Now” é essa fase); as “influências” electrónicas chegam no terceiro estágio (uma espécie de vai ou racha). Estes Three Days Grace vão já no quarto estágio: o regresso às origens. É certo que algum peso regressou e a vertente emocional continua lá, mas é estranho falar de um regresso às origens quando o timoneiro da banda, Adam Gontier, abandonou o barco em meados de 2013.

O álbum começa com um “I don’t belong here/not in this atmosphere”, cantado a plenos pulmões, o que de forma irónica acaba por descrever a sensação que temos ao ouvir Matt Walst numa sonoridade que era de Adam Gontier. Os TDG viviam muito da voz carismática do frontman e para os fãs mais acérrimos, que não é o meu caso, isso pode ser um problema. De resto as boas notícias não são muitas. A banda regressa a uma sonoridade mais básica, típica e irada, onde os refrões atropelam o resto das canções e há sempre uma acalmia antes da tempestade (que são as pontes para os refrões). Esta forma de fazer música tem muito mais impacto numa banda como esta, onde se vive muito do punch e da força que as canções têm para ficar memoráveis. Dito isto, a repetição é uma constante.

Quer se goste ou não do que se ouve em “Human”, certo é que algumas músicas se entranham automaticamente e, de súbito, dá-mos por nós a trautear estes refrões orelhudos, sem que no entanto tenha havido qualquer encanto no momento da audição. Sim, é estranho. “Painkiller” é uma malha padrão de Three Days Grace (podia representar tudo o que os canadianos fizeram ao longo de 18 anos), curta, acutilante, directa ao assunto e com um refrão que, na verdade, é a música. Isto acontece em praticamente tudo o que aqui é feito: “Fallen Angel” é mais melancólica, “emo” e comercial (cheia de rimas entre palavras pequenas), mas a base continua a ser a de “trabalhar para o refrão”.

O melhor momento do álbum acaba por ser copiado/roubado de outra banda do género (Rise Against). “Landmine” tem alguma velocidade, muita raiva e power, mas é idêntica a “The Good Left Undone” dos Rise Against. Torna-se um pouco patético quando o ponto alto de uma banda… não é dela. Quem (ou)via os Three Days Grace de “One-X” dificilmente adivinharia que a decadência da banda chegaria a estes moldes.

A segunda parte do álbum está cheia de fillers que não acrescentam nada de qualitativo a “Human”, ao invés, até deixam uma imagem pior do que aquela que havia sido criada com algumas canções bem sacadas. A força desvanece e as canções são ainda mais popularuchas e fracas. “One Too Many” é uma patetice em forma de música e mostra um pouco o ponto a que os Three Days Grace chegaram. Apetece quase dizer que este álbum acaba na sexta música. A energia foi toda gasta até aí e a pouca criatividade da banda também. Salvem-se os refrões, se não foram roubados entretanto.

Nota: 2.2/10

Review por Pedro Bento