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Entrevista aos Belphegor


“Totenritual” é o 11.º álbum de estúdio dos  Belphegor e a banda  afirma que é o mais brutal de sempre. O icónico vocalista Helmut esteve à conversa com a Metal Imperium para nos contar tudo. 


M.I. - Primeiro que tudo, de onde vieram as ideias para o título e o conceito do álbum?

Salvé! Durante todo este tempo celebrámos a blasfémia e o viver a vida em excesso, claro que a musicalidade está acima de tudo, mas a atitude, ser autêntico e genuíno no que fazemos é o ponto central. O diabo é uma poderosa figura ficcional. Eu uso os mitos de Satanás/Lúcifer, o Portador de Luz no nosso conteúdo lírico como uma figura orgulhosa, majestosa que resistiu a toda a influência exterior. Não é religião para mim, uma religião envolve superstição e adoração de algo que não faz parte de nós, e isso é somente patético, independentemente da religião ou divindade. Satanás é uma invenção dos cristãos e eles vêem-no como um inimigo. Como diz o velho ditado, "o inimigo do meu inimigo meu amigo é” adequa-se aqui. O Cristianismo é uma religião terrível e maldosa, e eu sempre fui contra ela, pois é cheia de fúria e desgosto para com os oprimidos. Parece normal usar o seu próprio antagonista contra eles. Temos usado muitos poemas originais vindos de velhos livros ao longo das décadas. Estes consistem em feitiços/poemas/cânticos, maioritariamente na linguagem original para não alterar o significado. É por isso que o nosso conteúdo lírico vem em inglês, latim e alemão. Latim, a linguagem da igreja... é uma blasfémia extrema gozar com eles na sua própria língua. Os versos em alemão soam muito desagradáveis na sua pronúncia e dão ao sentimento geral uma abordagem brutal e atmosférica. O uso de três línguas desde 1994 já é uma espécie de imagem de marca nossa. Eu tive muitas oportunidades durante a minha vida de aprender e saber que a vida real é mais estranha do que qualquer ficção.


M.I. - Vocês dizem que este é o álbum mais pesado que já fizeram e eu cito "É a oferta mais pesada e brutal que consagrámos até agora." Eu ouvi as músicas e estou a começar a concordar convosco.  Mas que mais podemos esperar deste álbum? 

O nosso objectivo principal era criar a oferta mais pesada e brutal que consagrámos até agora, sim. A bateria está extremamente explosiva e técnica com muitas quebras/preenchimentos e mudanças de tempo. O baixo é como um tanque de guerra a deslocar-se pelo terreno. As quatro guitarras rítmicas são agressivas e com um tom demoníaco e obscuro. E eu acho que esta é a minha melhor e mais variada performance vocal até agora. Eu faço grunhidos, gritos, recitação e até coros de monge. Estou muito orgulhoso deste álbum e mal posso esperar até que seja lançado. Tudo impulsiona os limites de qualquer coisa que tenhamos feito até agora. 


M.I. – Como é que o público recebeu as novas músicas? 

Se as pessoas interiorizarem, respeitarem e perceberem o que nós estamos a fazer, é óbvio que isso é muito gratificante, e elas são a razão pela qual ainda estamos aqui e continuamos a percorrer o mundo com a força máxima. Para os haters ou outras pessoas ofendidas é bom também. Eu não choro por aí para ouvirem a nossa música/arte, são eles que perdem, não sou eu, que se lixem! Eu também não gosto de muitas coisas. Eu apoio o que gosto e ignoro o resto. 


M.I. - Desafiaram-se a criar este álbum? Pensam que deu mais trabalho, que levou mais tempo a preparar do que os outros?

Para cada projecto que nós começamos é preciso mais tempo, energia e sacrifícios, claro. Acho que isso é importante para desenvolvermos e progredirmos. Para o "Totenritual" nós afinámos as guitarras num tom ainda mais abaixo do que antes, por isso conseguimos atingir um tom mais grave e uma vibração mais ritualística. As guitarras afinadas num tom mais grave são um novo desafio e uma experiência interessante. Foi uma boa decisão e o abrir um novo mundo na minha forma de tocar. Eu desprezo restrições ou estagnação. Nós tentamos sempre desafiar-nos. Fazemos isto mudando o processo de gravação, escrita, produtores, estúdios, etc. O objectivo principal quando começámos este projecto era escrever o álbum mais brutal com uma vibe de ritual que continua durante todas as 9 músicas e acho que o conseguimos e que soa exactamente como nós queríamos.


M.I. - Como foi a experiência de gravar um novo álbum? Continua a ser o mesmo sentimento ou com cada novo álbum vocês ficam mais entusiasmados?

Depende sempre, claro. Muitas coisas mudaram. Somos muito melhores músicos agora com muito mais experiência, e ainda tentamos aprender coisas novas, sair da nossa zona de conforto, criar. Faixas como "Baphomet", "The Devil’s Son" ou a mais brutal música deste novo álbum, "Swinefever – Regent of Pigs", são uma representação perfeita de Belphegor para 2017, como queríamos soar. Ficámos mais eficientes. Encontrámos a nossa essência, a nossa marca, mas também somos capazes de desenvolver, desde que somos melhores músicos fazemos as coisas mais extremas tal como desejamos. Adicionámos novos arranjos às nossas músicas, algumas músicas é preciso ouvir quatro ou cinco vezes para descobrir tudo o que pusemos lá. Em "Totenritual" tudo está a arder.


M.I. - Este é o álbum de estúdio número onze. Como é que os fãs receberam as mudanças álbum a álbum?

Eu não uso a palavra fã. É decadente e degradante para mim. Não quero isso para os nossos apoiantes. Temos uma base de apoio leal e dedicada e a horda está sempre a crescer. Isso é óptimo e estamos muito gratos. Faz com que sejamos imparáveis e adoramos o facto de podemos marchar pelo mundo todo e ter uma atitude contra-mainstream. A resposta até agora tem sido brilhante. As pessoas estão maioritariamente muito agradadas com o resultado e isso é muito bom.


M.I. - Vocês irão começar uma nova tour em promoção do novo álbum. Têm falado com promotores sobre a possibilidade de haver um concerto aqui em Portugal em breve?

Sim, o plano é fazer uma tour pelo mundo nos próximos anos. Espero que sejamos convidados em 2018 e possamos voltar a Portugal… já é tempo. Depois do lançamento de "Totenritual" começaremos pela Europa e de seguida faremos 30 datas pela América do Norte. Um Ritual a meio de Dezembro vai terminar este ano de sucesso para nós com um festival chamado Black Cristmass na Suécia. Sabes, um Ritual de Belphegor é como soltar os demónios para dançar. Tentamos fazer com que tudo seja autêntico.... O sangue é real, os ossos, o sentimento, a intensidade, tudo real. É um Ritual mais do que um concerto de metal. Eu adoro abandonar o meu corpo espiritualmente durante uma hora e pouco durante um concerto de Belphegor, deixando os demónios dominar e entrar em transe com a música. É um prazer, especialmente se a cerimónia for boa e o público colaborar e for louco, glorificando Lúcifer connosco, é magia... Uma das melhores e mais interessantes coisas para mim. Essa é a essência dos Belphegor, e eu acredito no poder dos concertos ao vivo, todos os 4 no palco a soltar o inferno.


M.I. - Últimas palavras?

Obrigada por este espaço e pelo apoio, Catarina. Salvé a todos os demónios que nos apoiam ouvindo a nossa música, indo às nossas cerimónias, comprando merchandising e espalhando a praga. Eu espero que as pessoas estejam entusiasmadas para ter o novo álbum e apoiar-nos para que possamos continuar a marchar pelo mundo com a máxima força! Vemo-nos na estrada em 2018 em Portugal! Uma honra - este horror...


Entrevista por Catarina Gomes