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Entrevista aos Cradle of Filth


O 12.º álbum 'Cryptoriana - The Seductiveness Of Decay' das lendas britânicas Cradle of Filth acabou de ser lançado pela Nuclear Blast e Rick Shaw aceitou o convite da Metal Imperium para uma conversa. 

M.I. – Finalmente, o vosso tão esperado 12.º álbum 'Cryptoriana - The Seductiveness Of Decay' foi lançado e o Dani referiu que é uma mistura de 'Hammer Of The Witches' e 'Cruelty And The Beast''. Concordas?

Concordo. É natural que tenha uma sonoridade semelhante a ‘Hammer of the Witches’ já que o line-up é o mesmo. Trabalhamos muito bem juntos e, depois da tournée do último álbum, sentimo-nos mais confortáveis em levar a nossa escrita ao limite, o que tornou o álbum mais forte. A comparação com ‘Cruelty…’ surgiu por causa do toque cinemático que os temas começavam a ter. Nunca foi intencional mas sentimos que tínhamos de ir além do último álbum em vez de escrever outra versão de ‘Hammer of the Witches’.


M.I. - “Hammer of the witches” foi um grande sucesso … achas que Cryptoriana o conseguirá ultrapassar?

Quero acreditar que sim. Estamos muito orgulhosos de ‘Hammer of the Witches’ mas, a cada novo álbum, esperamos ir cada vez mais longe e atingir algo que os Cradle ainda não tenham atingido. Depende do modo como os fãs reagem. Tudo o que podemos fazer é escrever o melhor álbum possível e esperar que resulte. 


M.I. – O novo álbum entitula-se “Cryptoriana - The Seductiveness of Decay” e, supostamente, o título reflecte o estilo de horror gótico vitoriano presente no álbum. Quem é Cryptoriana? O álbum tem um conceito que une todos os temas? 

Cryptoriana é um jogo de palavras da era Vitoriana. Nessa era, muitas pessoas sentiam fascínio pela morte, o oculto, o estranho e belo, e o Dani queria transmitir isso nas letras. Ele estava a ler Literatura Vitoriana e foi liricamente influenciado por ela. 


M.I. – O lançamento do primeiro single teve de ser adiado uma semana. O que aconteceu?

Pelo que percebi, teve algo a ver com a pós-produção. Não tenho certeza de todos os pormenores mas produzir um vídeo requer muito trabalho e, por vezes, demora mais tempo do que o previsto a ter tudo tal como se pretende. O mesmo se aplica a todas as outras artes. 


M.I. – O álbum contém 9 temas originais e uma cover de “Alison Hell” dos Annihilator, tendo estes assumido que esta era a melhor versão do tema. Porque escolheram fazer esta cover? Sentem-se orgulhosos? 

O Dani já falava disto desde que eu e o Ashok entrámos na banda. Estava sempre a falar disso quando andávamos em tournée. Depois conhecemos o Jeff Waters na Alemanha e o Dani disse-lhe que estávamos a pensar fazer uma cover de ‘Alison Hell’ e o Jeff deu-lhe a benção para o fazer. Estamos muito orgulhosos. O nosso produtor, Scott Atkins, forçou-nos de modo a que fizéssemos jus ao original e, ao mesmo tempo, soássemos a Cradle of Filth. Acredito que o tema está equilibrado.  


M.I. – Na tua opinião, qual é o tema mais forte do álbum?

É uma pergunta muito difícil. Sinto orgulho de todos os temas e todos deram o seu melhor. Todos os temas têm pontos fortes.


M.I. – O line-up da banda não mudou desde “Hammer of the witches”… achas que tal influenciou este álbum?

Penso que teve um grande impacto, tanto na escrita como na sonoridade do álbum. Começámos a escrever ‘Hammer of the Witches’ apenas uns meses após eu e o Ashok termos entrado na banda. Desta vez, já estamos na banda há dois anos e meio e já tocámos imensas vezes juntos. Desde o início que a química era boa mas conseguimos levá-la ainda mais além, mesmo além do que considerávamos possível.


M.I. – A espectacular capa ficou a cargo de Artūrs Bērziņš, também responsável pelo artwork, fotografia e vídeos, tendo já sido proclamado como o “monstro sagrado do pós-modernismo lituano”. Como o descobriram?

O Dani disse que ele iria fazer a arte para ‘Hammer of the Witches’ e foi quando ouvi falar dele e comecei a pesquisar o seu trabalho. Fiquei boquiaberto com o que vi. A visão dele para o novo álbum adicionou uma nova dimensão à música.


M.I. – O álbum teve de ser lançado em Setembro por causa da vossa promotora estar a planear uma longa tournée que terá início na América, numa data já definida. Por isso o álbum teve de ser feito e lançado. A pressão para lançar um álbum é sempre muita, não é? Tal afecta a criatividade?

Pessoalmente, eu adoro ter prazos. Penso que sou muito mais criativo quando tenho prazo para um trabalho que tenho de fazer. Parece que tenho mais ideias quando sou pressionado. Alguns membros da banda gostam de se sentar e escrever no tempo livre, enquanto eu preciso da pressão para conseguir ser mais produtivo. 


M.I. – Porque escolheram o tema “Heartbreak and séance” para promover o álbum? É o melhor?

É um tema forte mas nós achamos o mesmo de todos os temas, porque se não fossem, não estariam no álbum. O tema tem elementos característicos dos Cradle of Filth mas, ao mesmo tempo, representa o tom cinemático do álbum.  


M.I. - “You will know the lion by its claw” é um vídeo muito bem conseguido… quem tem estas ideias? Foram vocês que o escolheram ou foi a Nuclear Blast?

Tanto quanto sei, o Dani teve algumas ideias com o director, Sam Scott Hunter. Ele dirigiu os vídeos para os singles de ‘Hammer of the Witches’ e é um visionário. Temos sorte de trabalhar ao lado de pessoal talentoso e criativo. 


M.I. – O álbum de estreia dos Cradle O Filth « The Principle of evil made flesh » comemorou o seu 23.º aniversário. É um momento importante, não é ? Eras fã deste álbum em particular ?

Eu agora gosto deste álbum mas comecei a ouvir Cradle a partir de “Midian”. Depois fui ouvir ‘Cruelty and the Beast’ mas os anteriores passaram-me ao lado. Quando me juntei à banda, tive de aprender a tocar o material mais antigo e foi aí que comecei a apreciar os 3 primeiros álbuns, que são verdadeiros clássicos e eu tenho a sorte de os poder tocar ao vivo.  


M.I. – A banda irá tocar no Reino Unido, Irlanda e Japão. Quando irão anunciar mais datas? Portugal está nos planos? 

As datas europeias e russas já foram anunciadas para Janeiro – Março de 2018. As datas para a América do Norte e do Sul, Ásia e Austrália serão anunciadas em breve. Quanto a Portugal, iremos tocar no Vagos Metal Festival no dia 10 de Agosto de 2018.


M.I. – A tournée que começa em Janeiro irá contar com os Moonspell. Como é a vossa relação com eles? Conheces outras bandas portuguesas? 

Os Cradle of Filth andaram em tournée com os Moonspell antes de eu estar na banda. Estou ansioso por estar e tocar com eles. Não conheço bandas portuguesas mas gostava de conhecer, já que ando sempre atrás de nova música. Por favor digam-me que bandas portuguesas devo ouvir! 


M.I. – Já gravaste 2 álbuns com os Cradle… ficaste entusiasmado quando a oportunidade de entrar na banda surgiu?

Fiquei mesmo! Eu já era fã, mas o meu irmão era mesmo grande fã da banda desde 1998, e ficou muito contente quando lhe contei a novidade! Tive de aprender ‘Cthulu Dawn’ e ‘Born In A Burial Gown’, e enviar uma audição em vídeo. Uns dias mais tarde, recebi um email do Dani a perguntar se gostava de entrar na banda dali a uns dias e a dizer o que tinha de aprender para a minha primeira tournée que começaria dali a um mês. Foi uma roda viva e foi complicado mas foi uma boa experiência. 


M.I. – O Kanye West foi visto a usar a t-shirt “Fuck your god”. Achas que este tipo de “publicidade” resulta ou és contra?

Não tenho nada contra. Quantas mais pessoas conhecerem a banda, melhor. Acho estranho que as pessoas tenham algo contra os que usam as t-shirts das suas bandas preferidas. E se ele for fã? E se não for? No final de contas, ele usa o que lhe apetece e não se importa com o que o pessoal diz ou pensa dele. Todos deveríamos poder usar o que nos apetece! 


M.I. – Por favor deixa uma mensagem aos leitores da Metal Imperium e fãs de Cradle of Filth.

Quero agradecer imenso a todos os leitores da Metal Imperium e todos os fãs que nos têm apoiado ao longo destes anos. Agradeço a vossa paixão pela banda e pela música. Vocês são os melhores!


Entrevista por Sónia Fonseca