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Entrevista aos Ultha

Black Metal alemão pode parecer um pouco estranho mas os Ultha, com o seu novo álbum "The Inextricable Wandering" estão prontos para nos provarem o contrário. A Metal Imperium conversou com o baixista e vocalista da banda, Chris Noir, para ficar a conhecer melhor esta banda que vai dar que falar.

M.I. - Porque sentiram necessidade de criar Ultha? Porque optaram por “Ultha”? O que significa?

Nós começamos a banda no início de 2014 após a dissolução das nossas antigas bandas (Planks, Goldust, Atka, Ira, só para citar algumas). Sempre tentamos incorporar elementos de Black Metal na composição de músicas nas nossas antigas bandas (especialmente o Ralph e eu), mas nunca foi a 100%. Então, quando tivemos a oportunidade de formar uma banda de Black Metal, agarrámo-la.


M.I. – Os Ultha surgiram há 4 anos mas já têm muitos lançamentos... pode supor-se que os seus membros são super criativos?

Eu acho que ser inquieto é quase tão importante como ser criativo. O Ralph, que escreve a música e as letras, consegue ter um incrível alto rendimento às vezes. Além disso, tentamos ensaiar uma vez por semana, o que não é fácil quando todos os membros da banda têm mais de 30 anos e têm emprego, mas é claro que isso ajuda a transformar os rascunhos do Ralph em músicas acabadas. Acho que poderia dizer-se que tudo ajuda... a criatividade, a inquietação e uma boa quantidade de ética de trabalho.


M.I. - Não é comum ver bandas alemãs a tocar Black Metal. Porque é que este género é tão especial para vocês? Como decidiram que era o melhor género para a vossa música?

Além do Pós-Punk, o Black Metal é o tipo de música que sempre me tocou mais, que ressoou melhor em mim. Eu não sei porquê, é difícil colocar sentimentos em palavras... Talvez seja a combinação da melancolia, melodia e agressividade que me agradou. De momento, ando a ouvir "Nattens Madrigal", dos Ulver, que é, indiscutivelmente, a essência do que mais gosto no Black Metal.


M.I. - O título do álbum e as faixas têm títulos muito elaborados… por quê? 

O Ralph escreve todas as letras e é muito importante para nós que um álbum seja uma obra de arte completa: música, arte, letras, título, tudo é igualmente importante e, portanto, muita atenção é colocada em tudo. Além disso, gosto do facto de cada ouvinte poder propor a sua própria interpretação do título e da letra, que até pode estar muito distante do conceito real.


M.I. - A banda escreve sobre melancolia, dúvida, tristeza e anti-religião... porquê estas questões em particular? Porque vos interessam?

Não é tanto um interesse nessas coisas, mas o facto de termos que viver com esses sentimentos. No que diz respeito à melancolia, dúvida, medo, perda, estas são todas as emoções e experiências que encontramos e sentimos regularmente. O Ralph escreve sobre o que o move, e pode ser brutalmente honesto às vezes, mas eu aprecio o facto de não termos de nos esconder atrás de letras pseudo-satânicas infantis ou ter de cantar sobre assuntos com os quais não nos identificamos. Se as pessoas querem fazer essas coisas, criar uma imagem ou, na verdade, têm visões satânicas, achamos bem que o façam mas para nós isso não é viável. Talvez seja em parte devido à nossa socialização na cena punk / hardcore DIY, que é bastante mais niilista do que qualquer outra coisa.


M.I. O que distingue o novo álbum "The Inextricable Wandering" dos dois álbuns anteriores?

Tentamos entrar num novo território com faixas como "There is no Love, high up in the Gallows", que está muito longe do Black Metal, ainda que esse seja o núcleo desta música. E acho que o álbum parece mais agitado, mais desesperado e melancólico. Diria que é de longe o nosso melhor lançamento, com um som muito natural, corajoso e poderoso. No entanto, tentamos manter a nossa “marca registada”, que é a frieza do Black Metal escandinavo misturado com as melodias de Dark Wave.


M.I. - O primeiro álbum “Pain Cleanses all doubt” tinha 4 faixas, o segundo “Converging sins” tinha 5 e o 3.º tem 6. Parece haver um padrão aqui… coincidência ou propositado?

Pura coincidência.


M.I. - “The Inextricable Wandering” possui apenas 6 faixas, mas tem um tempo de execução superior a 1 hora… como decidem a duração das faixas? Quão complicado é tocar temas longos ao vivo?

Basicamente, não é decidido, as faixas duram o tempo necessário até acharmos que estão bem. O nosso baterista provavelmente tem o trabalho mais difícil de tocar essas músicas ao vivo, apenas por motivos de resistência, mas não diria que é complicado. E como disse, nós tentamos ensaiar uma vez por semana, e depois todas as nossas músicas basicamente funcionam como músicas pop... pesadas, longas canções pop, mas não há um único momento em qualquer música em que eu me sinta perdido.


M.I. - De todas as 6 faixas, qual funcionará melhor ao vivo? Porquê?

Acho que "I’m afraid to follow you there" se tornará uma música importante no nosso reportório. Tem uma introdução muito atmosférica, melodias incríveis, é rápida, tem um final enorme, praticamente tudo o que as pessoas classificariam como uma boa faixa de Ultha.


M.I. – Os Ultha estarão muito ocupados no futuro próximo a promover o novo álbum que vai ser lançado pela Century Media. Quais são as vossas expectativas? Estão nervosos ou animados?

Estamos definitivamente animados para tocar ao vivo novamente. Depois de meses de luta para preparar o álbum e muita conversa teórica, é muito bom concentrarmo-nos no que é o motivo inicial para se fazer uma banda: tocar música.


M.I. - O álbum foi lançado há cerca de um mês... como têm sido as reacções dos média e dos fãs até agora?

Até agora, as reacções foram muito boas, na verdade estou um pouco surpreendido - não estava à espera.


M.I. - Haverá uma versão limitada em vinil do álbum disponível pela Vendetta Records. É incrível que tenham um óptimo relacionamento com a vossa editora anterior. Porque são tão gentis com eles?

Não há razão para não o ser. Sem o Stefan e Vendetta não estaríamos onde estamos agora, devemos muito a ele e ao seu trabalho. Nós não deixamos a editora por causa de problemas, pois não havia literalmente nenhum.


M.I. - Como surgiu o acordo com a Century Media?

Basicamente, eles abordaram-nos no início de 2017, demonstrando interesse em assinar-nos. Nós conversamos muito sobre a oferta e é claro que estávamos um pouco cépticos no início, sendo os punks DIY que somos. Mas as pessoas da CM são muito porreiras, parecem pessoas honestas, verdadeiros fãs da nossa música e cumpriram muitos dos nossos pedidos. Por isso, sentimos que deveríamos arriscar e dar-lhes uma oportunidade.


M.I. - Como músico, quais são os teus principais objectivos?

Eu não sinto que sou músico. Eu só espero ter esta banda como uma maneira de me expressar por mais algum tempo. E se puder influenciar alguns dos nossos ouvintes através disso, é mais do que eu poderia pedir.


M.I. - Que expectativas têm para os Ultha? Quão longe querem ir?

Acho que somos muito realistas. Todos nós trabalhamos a tempo inteiro em trabalhos normais, e uma tournée extensa (uma necessidade para nos tornarmos uma grande banda) simplesmente não é possível. Estamos ansiosos por fazer bons concertos e escrever mais músicas para nos divertirmos.

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Entrevista por Sónia Fonseca