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Entrevista a Anders Buaas


Anders Buaas ficou conhecido como Andy Boss. Tocou guitarra para lendas do metal como Paul Di Anno (Iron Maiden) e Tim Ripper Owens (Judas Priest)... agora ele está por sua conta. O último álbum da sua trilogia instrumental "The Witches of Finnmark" está prestes a ser lançado e é a banda sonora perfeita para estes dias de quarentena. O Anders conversou com a Metal Imperium e contou-nos todos os detalhes interessantes sobre o novo álbum…

M.I. - Em primeiro lugar, muito obrigado por tirares um tempo para responder às nossas perguntas. Parabéns pelo novo álbum "The Witches of Finnmark III"! É incrível! Antes eras conhecido como Andy Boss e, para estes lançamentos, usaste o teu nome real... por que é que sentiste necessidade de começar a usar o teu nome verdadeiro? É porque o caminho musical é um pouco diferente agora?

Absolutamente! Ao tocar com uma banda de metal dos anos 80 e apoiar artistas como Paul DiAnno, era importante ter um nome fácil de lembrar e que se encaixasse na imagem da banda. Não é fácil pronunciar o meu nome corretamente em outros idiomas. Agora, como este é o meu projeto a solo, sinto que não há problema em usar o meu nome completo e real.


M.I. - “The Witches of Finnmark III” é o último álbum da trilogia conceptual sobre a perseguição a bruxas nos séculos XVI e XVII em Finnmark. Como é que uma perseguição pode ser interessante o suficiente para inspirar uma trilogia?

Essa parte da história é a mais sombria do meu país, e eu fui principalmente inspirado pelo livro "At the gates of Hell", do historiador Rune Blix Hagen. Sempre me senti fascinado por esta época na história, e também pelo ocultismo. O título e a primeira inspiração vieram quando eu estava a tocar na banda Amarula, em 2004, mas permaneceu na minha cabeça por muitos, muitos anos antes de encaixar algumas músicas que escrevi em 2016.


M.I. - Esta trilogia foi inspirada no livro "At The Gates of Hell", de Rune Blix Hagen. Como descobriste o livro?

Vi o autor pela primeira vez num documentário sobre Bruxas em Finnmark e depois ele lançou o livro, que comprei imediatamente. Ele é muito conhecido na Noruega pelo seu conhecimento sobre essa parte da história da Noruega.


M.I. - Quais foram os teus primeiros pensamentos quando leste o livro? A ideia de "convertê-lo" em música surgiu imediatamente?

Eu já tinha o título e a ideia, e o livro inspirou-me a agir e a transformar a ideia em algo real.


M.I. - Por que sentiste a necessidade de contar histórias com a tua guitarra? Qual é a tua relação com ela?

Algumas músicas foram escritas para vozes, mas nunca consegui combiná-las com letras. Tentei tocar as melodias na guitarra e funcionou imediatamente, portanto continuei nesse caminho. Sempre gostei de música instrumental e sinto que, hoje em dia, quase todas as músicas são com vozes. Muita música boa com certeza, mas nem sempre tem que ser com vozes. Quero reconhecer a ótima música instrumental por aí e torná-la acessível e mais mainstream novamente, como nos anos 70.


M.I. - As partes I e II foram lançadas em 2017 e 2018, e receberam ótimas críticas localmente e em todo o mundo. Que tipo de crítica recebeste da Parte III?

Praticamente só ótimas críticas para a parte III também. Sou muito grato por isso. Assinei com a Apollon Records para o lançamento da parte III, e a distribuição foi melhor, chegou a mais países e ouvintes, mas espero que eles também ouçam as partes I e II, pois é uma trilogia em que todas as partes estão ligadas.


M.I. - Todos os três álbuns incluem seis faixas... alguma razão específica para isso?

666 Sim, é isso!


M.I. - Os álbuns da trilogia são principalmente instrumentais... por quê incluir vozes em faixas como "Requiem"?

Eu considero tudo instrumental, pois não há letras. As vozes no final de Requiem são mais como um efeito. Foi fixe incluir vozes no final da trilogia, pois acho que os ouvintes não estavam à espera.


M.I. – Alguns dos instrumentos utilizados neste álbum foram guitarras, teclados, bandolim, banjo, bateria, baixo, percussão, tuba e trombone baixo... como decidiste que instrumentos se encaixam melhor em qual parte da música? É um processo longo?

Para gravar as demos, eu toco tudo sozinho no meu estúdio em casa. Tenho tempo de sobra para experimentar ideias e instrumentos diferentes. Tive uma ideia clara para a parte III. Por exemplo, a música "Firehorn" é sobre o diabo e a sua trombeta / buzina que dispara quando tocada. Misturei Tuba, Trombone e sintetizadores para fazer uma buzina soar como nenhuma outra.


M.I. - A arte da capa foi feita por Yannick Bouchard e, na minha opinião, é a melhor da trilogia. Qual é o significado? A bruxa está a ser seduzida pela morte?

O Yannick fez a arte da capa nas três partes da trilogia. Ele é verdadeiramente talentoso. Existem muitos significados ocultos na obra de arte para a parte III. O diabo (ou morte) está a seduzir a bruxa, sim. É disso que trata a música "Firehorn", e também a música "Raven" da parte II. Vê-se o corvo na capa, bem como as rosas e caveiras das outras obras de arte. E muito mais...  Cresci com as capas de álbuns dos Iron Maiden, e adoro quando os artistas dedicam tempo para incluir detalhes e coisas escondidas nas capas dos álbuns.


M.I. - A arte da capa dos álbuns sugere que a música é mais pesada do que realmente é... é intencional? Por que escolheste visuais tão intensos para a tua música?

É apenas o meu gosto. Sempre curti metal e as ótimas capas de álbuns de bandas como Iron Maiden, King Diamond, Ozzy, etc.


M.I. - A música contém elementos de folk, blues, rock progressivo, jazz e clássico, e foste inspirado por bandas e artistas como Mike Oldfield, Genesis, King Crimson, Al DiMeola, Yngwie Malmsteen, Marillion, Jeff Beck e Gary Moore. Acho que és fã de música em geral, apesar do género. Por que é que a música é tão importante para ti? Quantos anos tinhas quando percebeste que a tua vida tinha que girar em torno da música?

Comecei a tocar guitarra aos 14 anos e fiquei viciado quando ouvi Iron Maiden e Yngwie Malmsteen. Mais tarde, descobri o rock progressivo e a fusão. Ouvir boa música é ótimo, não importa o quê. Não gosto de géneros, pois acredito que, muitas vezes, impedem os ouvintes de descobrir novas e ótimas músicas. A música pode proporcionar todos os tipos de sentimentos e humores, e também é um ótimo escape.


M.I. - Esta trilogia foi escrita e produzida por ti, mas tens vários músicos que tocam contigo. Como os escolheste?

Eu conheço-os e toco com eles há anos. O Are (baixo) também tocou comigo quando fizemos uma tournée com Paul DiAnno e Ripper Owens. A escolha foi fácil. Bons músicos e amigos ainda melhores.


M.I. - Supostamente fizeste alguns mini concertos em Oslo em fevereiro passado... como foi? Foi uma apresentação acústica? Todos os músicos que tocam contigo no álbum acompanham-te ao vivo?

Foi um concerto promocional com apenas 3 músicas. Era só eu com faixas de acompanhamento. A banda completa fez um concerto para o lançamento das partes I e II. Agora estamos a ensaiar para um concerto com a trilogia completa tocada ao vivo.


M.I. - No dia 8 de janeiro, num post no Facebook, pediste aos fãs para dizerem quais as três faixas preferidas da trilogia... quais são as tuas?

“The Witches of Finnmark”, “Christmas Eve” e “Cunningham”.


M.I. - Os julgamentos e perseguições de bruxas em Finnmark nos séculos XVI e XVII foram alguns dos piores que a humanidade já viu. A humanidade evoluiu para melhor ou pior?

Principalmente para melhor, mas ainda temos muito a aprender com os nossos pecados do passado. O medo do desconhecido e do racismo ainda existe, apenas sob novas formas e maneiras.


M.I. - Agora que a trilogia está completa... o que podemos esperar de Anders Buaas num futuro próximo? Outro álbum? Outra trilogia? Algum livro te inspirou ultimamente a escrever mais músicas?

Estou a trabalhar num novo projeto agora, a escrever muitas coisas novas. Só precisam de esperar para ver...


M.I. – Tens planos para tocar a trilogia ao vivo? Que músicas estarão na setlist?

Eu pretendo tocar a trilogia ao vivo e o Rune Blix Hagen, autor do livro, juntar-se-á a nós em palco, a apresentar as músicas.


M.I. - Quais foram as principais lições que aprendeste quando tocaste como guitarrista do Paul Di Anno (Iron Maiden) e Tim Ripper Owens (Judas Priest)?

Tocar muito mais do que pensas que precisas.
Ter equipamentos confiáveis e equipamentos alternativos.
Começar as músicas imediatamente, e não perder tempo no palco.


M.I. - Quantas guitarras tens? Existe uma guitarra que tem um lugar especial no teu coração? Se sim, qual e por quê?

Cerca de 15 guitarras. Adoro a minha sonic Stratocaster cinza da Fender, que é a minha guitarra principal hoje em dia. Também a strat preta com dois humbucker que usei na maioria dos concertos do DiAnno é incrível, mas foi tocada até à morte.


M.I. - Achas que a tua música seria a banda sonora perfeita para um filme sobre a perseguição de bruxas? Seria um sonho tornado realidade?

Absolutamente. Adoro música de cinema, e muitas críticas sugeriram isso. Um sonho tornado realidade, com certeza.


M.I. - Alguma palavra final que gostarias de partilhar connosco?

Apenas obrigado por entrarem em contacto... Tudo de bom! 


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Entrevista por Sónia Fonseca