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Entrevista aos Majestica



“…Jingle Bells, Jingle Bells…”. 
Desculpem. Canção errada. Nestes feriados, serão surpreendidos com outras canções e contos e quais serão? Um velho rabugento e egoísta, chamado Ebenezer Scrooge, é a personagem principal da história. O nome? “A Christmas Carol”, 4 de dezembro, via Nuclear Blast, é a data do lançamento.Comprem uma cópia deste álbum, sentem-se junto à lareira, com uma chávena de chá e uma tradicional “Fika” sueca. A Metal Imperium teve o privilégio de conversar com Tommy Johansson. Uma conversa muito agradável, com muitos risos e surpresas sobre este álbum.

M.I. - Olá. Obrigada por aceitares a entrevista. Como estás, a tua família e como está a situação atual na Suécia?

Sem problema. O prazer é meu. Bem, a situação na Suécia está bastante bem. Não é a melhor situação. Podia ser muito pior. Por isso, sou muito grato. Quero dizer, ainda temos pessoas a ficarem doentes e temos muitas restrições. Não podemos fazer muita coisa como gostaríamos de fazer. A minha família está bem e eu também. Deixa-me feliz, saber que ninguém da minha família ou próximo está doente. Eu conheço muitas pessoas que estão doentes e que têm esta doença.


M.I. - Vocês começaram com o nome ReinXeed. Porque é que o decidiram mudar? Alguma razão em particular?

Na verdade, lançámos seis álbuns como ReinXeed e, no final, no último álbum, tivemos muitas dificuldades com o nosso antigo baterista e muitos problemas com a editora. Tivemos muitos assuntos para tratar. Quando gravamos este álbum com um novo baterista, o Uli Kusch dos Helloween, necessitávamos de um novo começo. Foi uma boa ideia, principalmente porque significaria que, em vez de lançar um sétimo álbum, lançaríamos o nosso primeiro álbum e essa foi uma boa ligação e acho que foi a coisa mais correta. Apesar de ReinXeed ter sido a minha criança por muitos, muitos anos, foi triste ter de desistir. Por muitas razões, tive de o fazer. Tínhamos de começar de novo. Com um novo nome e tudo. Foi a coisa certa a fazer.
Quando assinámos com a Nuclear Blast, tínhamos assuntos com a nossa antiga editora, com os direitos do nome. Decidimos mudar de nome, para que a nossa nova editora não tivesse problemas com isso. Direitos, políticas, coisas e tudo isso. Esse também foi um dos motivos pelos quais mudámos o nome.


M.I. - “A Christmas Carol” será lançado no dia 4 de dezembro, pela Nuclear Blast. O que é que eles acharam deste novo álbum? Gostaram?

Sim, gostaram muito! Eu realmente acredito neste álbum e faz-me a mim e aos rapazes muito felizes. Quero dizer, se não acreditassem em nós, seria mau. Mas eles acreditam e isso deixa-nos felizes. Quando lhes dissemos: “Ok! Nós temos esta ideia! Vamos fazer um álbum de Natal!”, não houve hesitações. Eles ouviram duas canções e disseram: “Uau! Vamos a isso! Vamos fazer isso agora!”. 


M.I. - Foi difícil de misturar elementos inspirados por nomes como Twilight Force, Rhapsody,  Alan Silvestri, Danny Elfman, John Williams e o vosso puro Symphonic Power Metal, neste novo universo? De que maneiras?

Não! Não foi difícil, porque é algo que já tinha feito antes e que gosto bastante de fazer. Para mim, fazer isto, não foi um desafio. Bem, claro que é um desafio fazer um álbum conciso, porque não é fácil. Foi um desafio, mas divertido. Diverti-me a escrever estas canções. Ficaria feliz em fazê-lo novamente. Foi um desafio tentar encontrar os elementos certos para soar bem, sabes? Precisa de algo natalício, precisa de soar épico, sinfónico. Foi um grande desafio, na verdade. Mas acho que nos saímos muito bem. Estou muito feliz com o resultado.


M.I. - A música foi escrita, gravada e produzida por vocês, durante este verão, em Nygård, Ekshärad. Foi difícil de escrever? Tiveram ajuda?

Nygård significa quinta nova. Não! Eu diria que foi fácil sem qualquer tipo de problema. Tudo correu bem. Senti que tínhamos tudo sob controlo, mesmo que fosse stressante ter tudo pronto a tempo. Conseguimos fazê-lo e também foi divertido de o fazer. Foi um processo divertido de escrever tudo a tempo. Gravámos todas as baterias, baixo, guitarras, vozes, tudo, em dez dias. Trabalhámos stressados, para que tudo fosse feito a tempo. Conseguimos.


M.I. - A mistura e masterização deste álbum foi feita por Jonas Kjellgren (Scar Symmetry, Raubtier) nos Black Lounge Studios. De que maneiras é que ele vos ajudou?

Ele é o tipo que masterizou e misturou o álbum dos Sabaton. É o mesmo tipo, e isso foi fantástico, porque ele é um tipo espetacular e também um grande músico. Quando lhe dissemos o que estávamos a procurar, ele disse: “Sem problema! Eu estou convosco!”. Foi muito agradável (risos). Não foi um problema para ele misturar este álbum, porque ele soube imediatamente o que queríamos e fez acontecer.


M.I. - A história de Ebenezer Scrooge é o foco principal deste álbum. Quando foi a primeira vez que a ouviste? Achas que ainda é relevante nos dias de hoje?

A primeira vez que ouvi este conto foi há muitas luas atrás. Quando tinha dezassete anos, entrei numa peça de teatro da escola. Acho que foi aí que começou. Claro que conhecia o Ebenezer Scrooge antes disso, mas foi depois de representar o Scrooge à frente de toda a escola que fiquei realmente a conhecê-lo, a saber quem era e porque se comportava daquela maneira.
Sem dúvida! Claro! São tempos diferentes, mas ainda assim a mensagem é clara: “Faz coisas boas e coisas boas acontecerão contigo, tal como Earl Hickey, de ‘My Name Is Earl’!”. É a mesma mensagem. Acho que é absolutamente importante não esquecer, porque às vezes as pessoas tendem a esquecer isso. É triste, infelizmente, porque não deveríamos ser egoístas nestes tempos. Especialmente nos tempos atuais, quando o mundo está a passar por uma coisa má. É um bom tema para se cantar nestes tempos. Mas não é só por isso que escolhemos o tema, é também porque é uma boa história. Uma boa história para se ler e ouvir no Natal. Então, porque não fazer um álbum Metal sobre isso? Nunca ninguém o fez antes. Vamos ser os primeiros a escrever um álbum Power Metal Musical de Natal. Um novo tipo de música.


M.I. - Falemos sobre os convidados: Veonity, Hot Beef Injection farão parte do álbum e todos os membros da banda farão as vozes principais. Quais as personagens que representarão? Cada membro cantará uma música?

Eles representarão os Fantasmas e mais personagens, garanto-te. Espera por mais surpresas!
Sim! Cada membro dos Majestica cantará neste álbum, o que é realmente fixe, porque nunca o tínhamos feito antes. Desta vez, toda a gente dos Majestica canta, o que é algo novo para nós. Foi uma coisa fixe para se adicionar à história. Todos na banda são bons cantores. Quando começamos a fazer isto, dissemos: “Sim, claro! Toda a gente pode cantar! Vamos fazê-lo!”. Foi uma ideia engraçada, porque era entre mim e o Chris, o baixista. Ele disse: “Quero cantar numa música!”. Eu disse: “Sim, claro! Vamos encontrar-te uma música!”. Jacob Marley seria perfeito para ele. Ele representa o Jacob Marley e depois disse: “Bem, não!” e eu disse: “E se encontrássemos outras personagens para o resto dos rapazes?”. Foi o que fizemos. O Joel representa um homem de negócios, que pede ajuda ao Scrooge, tipo: “Pode ajudar as pessoas pobres?”. Depois temos o Alexander Oriz, que representa a parte do Bob Cratchit, numa cena e, depois, aconteceu uma coisa engraçada. Tivemos de juntar algo à história com o Bob Cratchit.
Até aquele ponto, o Alexander Oriz já tinha tapado aquele buraco. Então, tivemos de gravar a canção, enquanto o Bob Cratchit a cantava. Então, levamos o Joel para cantar Bob Cratchit na mesma música. Na mesma canção, vais ouvir duas pessoas a representar o papel de Bob Cratchit, o que é bastante invulgar e inesperado. Mas funcionou bem, porque não te vais aperceber que existem duas pessoas diferentes a cantar.


M.I. - Diferentes atores de voz participam neste excelente álbum. Que tipo de profissionais estavas à procura? Haverá um narrador?

Na verdade, eu fui aceitando as coisas à medida que o tempo passava, porque não pretendíamos ter nenhum ator de voz, no início. Era algo que poderia acontecer e que poderíamos usar, quando estivéssemos a gravar o álbum. “Mmmmm! Se calhar podemos usar esta voz para fazer isto!” “Sim, claro! Vamos fazer isso!”, e assim por diante. Não planeamos, no início, que todos tivessem papéis e personagens diferentes. Aconteceu ao longo do caminho. Estávamos a gravar e sentimos: “Mas precisamos duma voz feminina!”. “Que tal usarmos um pouco e representá-la aqui?”. Então encontrámos esta rapariga a cantar. Quando acabou, perguntamos-lhe se também poderia fazer um discurso, alguma representação. Ela disse: “Sim!”, e fez isso e depois dissemos: “Precisamos de alguém que fale nesta parte também!”. Perguntamos ao Joel e ele podia fazê-lo mas talvez tentar com outra voz, tentar não parecer ele!”. Numa canção, há quatro pessoas a falar, mas três vozes diferentes, porque ele pode falar alto e baixo. Não saberás que é o mesmo tipo.
Nós temos isso no final. Como este é um álbum de Natal e um musical, falei a um tipo que conhecia, que poderia fazer alguma representação. Ele fê-lo, mas infelizmente não recebemos a tempo, porque a primeira gravação que ele nos enviou, tinha problemas com muita distorção no fundo. Perguntamos-lhe se podia fazê-lo novamente, mas só tinha três dias. Mais tarde, quando lhe disse: “Precisamos de mandar esta mistura agora!”. Ele não teria tempo de a refazer. “Temos de encontrar alguém que soe realmente como um Britânico!”. Isso é o mais importante, pois não queremos soar ao mesmo. E aconteceu: Scrooge foi à cidade. Queremos alguém que diga: “E então Ebenezer percebeu que não é tarde…”, em voz teatral. Acabei por fazer isso. Baixei a minha voz, para que soasse mais grave, do que realmente é, para que as pessoas talvez não reconheçam que sou eu, Tommy, mas alguém com sotaque britânico.


M.I. - A capa foi criada pela Madeleine Andersson que é conhecida pelo trabalho que fez para os Twilight Force. Sei que a conheces há algum tempo. Qual foi o primeiro trabalho dela que viste, que te impressionou, e que fez com que quisesses trabalhar com ela?

Ela fez uma fan art para os Twilight Force. Alguma cover por diversão e achei que o que ela fez foi muito fixe. Perguntei se ela podia fazer alguma coisa parecida para nós e ela não hesitou por um segundo e disse: “Sim, claro! Gostaria muito!”. Então, ela fê-lo e estamos muito contentes com o resultado, com o que ela fez, porque foi fantástico. Claro que levou algum tempo a fazer a capa. Não é algo que faças num dia.
Mas ela foi muito rápida e ficamos muito felizes com o que ela fez e eu disse-lhe: “Estamos à procura de algo tipo isto! Consegues fazer algo tipo isto?”. E mandei-lhe algumas fotografias do Ebenezer Scrooge. Ela disse: “Sim, claro! Vou tentar!”. E ela fez! Ficamos muito felizes com o que ela fez e dissemos: “Não dúvidas sobre isso! Vamos continuar!”.
Então continuamos com a capa e ela acabou a tempo e ficamos tão contentes, porque eu sempre quis ter este tipo de capa num álbum. Por algum razão, quando fizemos os álbuns dos ReinXeed, não nos era permitido ter este tipo de capa que queríamos, porque a editora tinha um contrato com um tipo, que fazia as capas de todos os álbuns. Era um pouco triste, porque queríamos ter algo nosso e não o podíamos fazer, por causa da editora. Agora que não estamos mais nessa editora, temos a oportunidade de o fazer. Foi muito, muito bom. Estou muito, muito contente e continuaremos a trabalhar com ela nos nossos futuros álbuns, porque ela sabe o que queremos.


M.I. - O primeiro single foi lançado no dia 23 de outubro. Quem o dirigiu? 

Sim! É a canção “Ghost Of Christmas Past”. Será o primeiro single. É uma das minhas canções favoritas, porque é a canção em que o Scrooge narra tudo. Ele volta ao passado, conta sobre o que aconteceu no passado, o que aconteceu quando era criança e por aí fora. Ele conta sobre o que acontece. É puro Power Metal. É o que as pessoas podem esperar, mas também Power Metal, que soa a Natal. Temos todos estes elementos natalícios, que necessitamos, nesta canção.
É um vídeo com letra fixe, porque descobrimos que seria uma boa maneira de fazer isso imediatamente, para que as pessoas possam compreender: “Ok! Esta é uma música nossa!”. É a melhor maneira, porque decidimos fazer um vídeo com letra também.
Seremos nós. Dirigimos nós e gravamos nós mesmos, porque tivemos a oportunidade de fazer as coisas dessa forma. Quando podes fazer as coisas à tua maneira, porque não o fazer? Decidimos fazer nós mesmos e, na verdade, ficou muito bom. Estou muito feliz com isso.


M.I. - Que mais surpresas os fãs podem esperar com este álbum?

Podem esperam muitas canções de Natal. Se gostarem do Natal, isto será algo que eles realmente gostarão.


M.I. - Quais foram as principais influências, ao fazer este álbum?

Eram principalmente bandas, como Twilight Force, por exemplo. Alan Silvestri, do filme “A Christmas Carol”. Essa é a principal inspiração. É Alan Silvestri e Twilight Force. Eu adoro os Twilight Force, adoro os rapazes da banda. Eles são meus amigos e renho ouvido muito a música deles.


M.I. - Como é que achas que este novo trabalho será recebido pelos fãs e pelos media?

Acho que os fãs e os media vão gostar, porque estamos a fazer algo novo. Estamos a fazer algo que nunca ninguém antes fez. Nunca ninguém gravou um álbum de Christmas Power Metal. Acho que será bem recebido. Pelo menos, eu espero que sim.


M.I. - A tournée com os Dragon Force foi cancelada. Acontecerá?

Espero que sim. Não temos a certeza de como será, porque as pessoas estão a trabalhar, temos trabalhos diferentes, coisas assim. Quando esta tournée puder acontecer novamente, teremos de ver se será possível. Com sorte, adoraríamos que isso acontecesse. Adoraríamos fazer essa tournée, mas não é algo do qual estamos a falar, já que falta muito tempo para isso. Esperamos puder fazer a tournée.


M.I. - Eu sei que é muito cedo, mas vocês vão andar em tournée? Quais países gostariam de visitar? Portugal, incluído? Quais gostas-te e quais foram as tuas experiências favoritas?

Adoraria visitar Portugal, claro. Já toquei em Portugal algumas vezes com os Sabaton e isso sempre foi um prazer. A sério! É um ótimo país, ótimas pessoas e ótimas arenas. Quando tocamos lá, não me lembro de todos os nomes das arenas que tocamos, mas sei que, todas as vezes que estivemos em Portugal, foram fantásticas. Estou realmente ansioso para regressar a Portugal.
Não acho que haja um país de que não goste, porque cada país tem as suas próprias coisas que mais ninguém tem. Não é um país que tem o que Portugal tem ou Espanha, por exemplo. É por isso que gosto muito de viajar, porque descobres sempre algo novo, que ainda não descobriste. Isso é fixe.
Não sei. Como disse, muitas coisas diferentes acontecem nos países que já visitamos. Portanto, há boas histórias em todos os países que visitamos. O Japão foi fantástico. Havia algo novo, porque não esperávamos ir para o Japão. Mas fomos para o Japão com os Majestica. Isso foi incrível, porque aquela parte do mundo é completamente diferente do resto do mundo. Ir lá foi muito inspirador.


M.I. - És o guitarrista dos Sabaton. Como é que concilias o teu tempo com as duas bandas?

Funciona bem. Sem nenhum problema, na verdade. Tento encontrar tempo para fazer isso acontecer. É difícil.


M.I. - Muito obrigada por aceitares a entrevista. Alguma palavra final para os fãs portugueses e para o mundo do Metal em geral?

Muito obrigado por esta entrevista. Foi um prazer falar com alguém de Portugal. Espero que gostem do álbum tanto quanto nós gostamos de gravá-lo e mal podemos esperar por ver-vos na estrada. Cheers.

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Entrevista por Raquel Miranda