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Entrevista aos Exarsis


Os Exarsis são uma das grandes novas bandas do thrash grego, com álbuns e fortes e energéticas atuações ao vivo. O vocalista Nick Tragakis respondeu a algumas das nossas questões e falou do novo álbum Sentenced to Life, das suas influências, de como decidiram arriscar em algo mais moderno e melódico e que, apesar das dificuldades da indústria devido à pandemia, nunca puseram em causa o lançamento de um novo trabalho.

M.I. -  – Olá! Como estão? Obrigado por responderem às nossas perguntas!

Ei, sou o Nick, o vocalista da banda. Muito obrigado por dedicarem o vosso tempo e interesse a conversar connosco.


M.I. -  Parabéns pelo novo álbum! Até agora, como tem sido a reação geral? Os fãs e a imprensa gostaram?

Obrigado pelos elogios! Sim, a reação tem sido tremenda, até agora, por parte dos fãs e da imprensa. Temos recebido ótimas críticas e pedidos de entrevista diariamente. Estas reações são, realmente, um alívio, já que demos uma volta mais melódica com este álbum, além de algumas experiências em que não sabíamos como seria a reação das pessoas que seguem a nossa banda há mais tempo. Mas, o mais importante, é que Exarsis está de volta após dois anos de crise interna e com um álbum forte para provar isso!


M.I. -  Saiu exatamente como vocês queriam ou, ouvindo agora, mudariam uma ou duas coisas?

Não acho que haja uma banda que não mudaria nada em nenhum dos seus álbuns, antigos e novos. Cada vez que ouves algo que fizeste, tornas-te um pouco mais crítico, com uma coisa ou outra, mas isso faz parte da nossa natureza. Para ser honesto, estávamos um pouco preocupados com o resultado final deste álbum que estivemos a preparar por quase três anos por causa da sua abordagem melódica e canções como “… Against My Fears” que é a faixa mais lenta que já compusemos!


M.I. - Qual é a principal diferença entre Sentenced To Life e New War Order?

New War Order ”picou”  todos os “pontos Exarsis” e foi o auge da nossa formação anterior que fez quatro digressões. As músicas foram tocadas de uma maneira diferente por causa da proximidade e da química que construímos a tocar três anos seguidos. Quando “NWO” foi concluído, começámos quase imediatamente a escrever para Sentenced to Life e foi a hora de injetarmos mais melodia nas nossas músicas e nos concentrarmos em refrões que possas cantar com o punho no ar! Essa é a principal diferença. Além disso, o processo de gravação entre esses dois discos foi completamente diferente, já que New War Order foi criado por uma formação compacta e “STL” foi parcialmente gravado por uma formação nova e diferente e um guitarrista convidado (que é Christos Tsitsis) para as peças principais. Portanto, o seu período de gravação foi um pouco mais longo, se contares com o confinamento de 2020 também.


M.I. - Liricamente, o que abordam neste álbum?

Desta vez, decidimos tocar em tópicos como o sistema judicial corrompido e todos aqueles julgamentos executados pelos poderes instituídos. Vai mais longe, citando os julgamentos da Internet que as pessoas enfrentam diariamente, inspiradas pelas acusações que enfrentamos pela capa do nosso álbum anterior. Também uma parte importante do conteúdo lírico fala sobre depressão, sentimentos de traição e tendências suicidas, lutar com os teus demónios internos e, eventualmente, vencê-los. É um tipo de letra mais profundo que expressa muitos dos nossos sentimentos nos últimos dois anos e meio, que foram bastante difíceis, pois a banda foi dividida ficando dois pessoas tentando começar tudo do zero...


M.I. - A última música tem o mesmo nome do álbum anterior. Qual é a ligação?

Sim, é uma espécie de tradição no catálogo da nossa banda e que aconteceu em todos os álbuns, até agora. A última música traz o título do álbum anterior e as letras derivam de tópicos das letras desse álbum e tudo se liga no final, tornando-se uma imagem maluca... (risos). Gostamos de ter um tema comum em toda a nossa discografia, seja a última música de cada disco ou elementos da arte (ou seja, a nossa mascote) e o layout.


M.I. - Com a situação de pandemia, como irão promover o álbum?

Bem, os concertos estão fora de questão, de momento. Estamos muito felizes em ver que a imprensa e os fãs gostaram de Sentenced to Life, por isso, atualmente, o que fazemos são entrevistas e todas as coisas que qualquer banda faz na internet. É o que é. Estamos apenas à espera que esta loucura passe para que possamos subir ao palco novamente, onde pertencemos. Perdemos digressões.


M.I. - Pensaram em adiar o lançamento devido à pandemia?

Não. Este foi um disco difícil de fazer devido aos problemas pessoais e ao confinamento que atrasou as sessões finais de gravação dos vocais. Não tínhamos intenção de manter o disco na prateleira por mais meses. Só queríamos lançá-lo assim que estivesse pronto, promovê-lo da maneira que pudermos e esperar o sinal verde para os concertos. Isso é algo ansiamos muito.


M.I. - O Christos voltou à banda após oito anos. O que aconteceu para ele sair? E o que o fez voltar?

O Christos saiu em 2013 porque aceitou uma oferta de Suicidal Angels e isso foi algo que os elementos de Exarsis (eu entrei na banda alguns meses depois) entenderam totalmente. Ele está, atualmente, a tocar noutras outras bandas, como Bonded e Destroy Them. Esse é o seu foco principal, o que significa que ele não é um membro permanente da nossa banda, mas mais como um membro da família que nos ajudou a finalizar o nosso último álbum.


M.I. - Começaram há dez anos com a Demo 2010. Como avalias esta primeira década?

É apenas o começo. Alcançámos todos os nossos objetivos e sonhos, mas esse é outro passo para almejarmos mais alto! Lançámos cinco discos, viajámos pela Europa várias vezes, tocámos com os nossos heróis e sobrevivemos a tempos difíceis que quase mataram os Exarsis. Mas estamos aqui mais fortes do que nunca, com uma nova formação, prontos para novos objetivos.


M.I. -  Exarsis é uma banda de conceito. Ou seja, sobre teorias da conspiração. Quão sério levam essas teorias? Existe alguma em que digam "não, isso é realmente doido. Isso é impossível de ser verdade!".

Claro que dizemos isso! O tempo todo! Há certas coisas que acreditamos que têm um significado e uma explicação e falamos sobre esse tipo de coisa através da nossas músicas, tal como fizémos no nosso novo trabalho. Levamos isso a sério. Especialmente, durante esta pandemia e todas as teorias da Covid-19, ouvimos e lemos toneladas de coisas malucas. Cada pessoa tem um cérebro para entender o que está a acontecer com o mundo e decidir por si mesma para onde tudo isso está a ir...


M.I. - Quais são as vossas principais influências?

Principalmente, bandas de thrash clássicas como Exodus, Anthrax, Vio-Lence, Overkill, Sepultura, Nuclear Assault e Forbidden. Claro, o novo álbum é um pouco mais influenciado pelos deuses do heavy metal tradicional como Priest e Maiden, mas não posso garantir que isso acontecerá em cada um dos nossos futuros lançamentos.


M.I. - Se pudesses organizar um concerto com os “The Big 4” do thrash de hoje, quais seriam essas bandas?

Bom, vamos escolher qualquer coisa de 2000 em diante. Vamos tentar escolher quatro bandas totalmente diferentes. Violator, do Brasil, é um grupo muito importante para nós e uma forte influência. Na verdade, fizemos uma cover de After Nuclear Devastation no penúltimo disco. Vektor, dos Estados Unidos, é a minha banda de thrash favorita dos últimos 20 anos, uma mistura astrológica única de thrash técnico, Voivod, Destruction, Nocturnus e Death com uma visão e inspiração reais. Somos muito influenciados pelo black / thrash vintage, por isso, definitivamente, escolho algo da cena escandinava dos últimos anos. Todos nós concordamos com Nekromantheon, da Noruega, embora, acho que devam lançar discos com mais frequência! Por último, mas não menos importante, uma das bandas que trouxe o interesse de volta ao thrash metal da velha guarda, nos anos 2000 que é Municipal Waste, usando letras irónicas e movimentos deliciosos de crossover. Ótima banda ao vivo também!


M.I. - Já tocaram em Portugal. Como foi? Como é o público português?

Sim, mas infelizmente apenas durante a nossa última digressão com Nile e Terrorizer! Estivémos no Porto e em Lisboa perante uma multidão calorosa e entusiasta que nos fez lembrar as selvagens multidões gregas. É, definitivamente, algo mediterrâneo. É uma pena que não tenhamos visitado Portugal no início da nossa carreira, mas de certeza que tocaremos nesse país maravilhoso quando tudo isto acabar, com o novo álbum e formação!


M.I. - A Grécia é muito forte no Black e Death Metal com muitas bandas incríveis. Mas e a cena do thrash metal em particular? É claro que existem as lendas Suicidal Angels, mas que outras bandas podes sugerir?

Suicidal Angels é a banda mais importante, é claro. Eles trouxeram o thrash metal de volta à Grécia no final dos anos 2000, juntamente com bandas como Released Anger e Crucifier. “SA” chegaram a um ponto que se tornaram tão grandes, que levou o interesse pela cena de thrash metal grego a uma escala global. Assim, no início dos anos ‘10, bandas como nós, Chronosphere e Bio-Cancer renovaram a cena, e depois veio Typhus (depois  Nuclear Terror) e Domination, entre outros. De referir, também, Mentally Defiled e Violent Definition!


M.I. -  O que fazem quando não estão a tocar ou dentro de Exarsis?

Todos nós temos os nossos interesses pessoais e empregos diários, como toda a gente... Adoramos fazer coisas que têm a ver com música, como ouvir e colecionar álbuns, ir a concertos – quando existiam,ler livros e revistas sobre metal / hard rock e assistir a documentários e filmes sobre esse assunto, entre outros. Eu, pessoalmente, gosto de stand-up comedy, que faço frequentemente quando não estou ocupado com Exarsis.


M.I. - Ouves outros géneros fora do metal? Que bandas? Qual é o teu “prazer escondido”? Aquele totalmente fora de todas as coisas que ouves?

Gostamos de todos os tipos de punk, hardcore e hard rock dos anos 70 e 80, especialmente, AOR, no meu caso pessoal. Alguns membros da banda também gostam de hip hop. Eu gosto de rock gótico, pós-punk e darkwave... Posso citar milhares de artistas, mas não posso citar ninguém como um "prazer escondido" porque não sou tímido em admitir que gosto de ouvir algo. A música é ilimitada. Houve pessoas que ficaram surpreendidas quando lhes disse que estava ansioso pelos primeiros dois LPs de Clã de Xymox, mas não consigo entender por que é que isso é tão estranho.


M.I. - Este ano teve um preço elevado... sem festivais, sem concertos, sem qualquer tipo de ajuntamento... Quais são os vossos planos para o próximo ano e futuro próximo?

Assim que formos autorizados a ver-nos em janeiro, começaremos a ensaiar as novas músicas e também tentaremos as nossas novas ideias para um futuro lançamento. Mas o nosso principal objetivo é estarmos prontos quando os concertos e digressões finalmente começarem. Além disso, estamos em negociações para o lançamento em vinil de Sentenced to Life.


M.I. - Últimas palavras para os nossos leitores?

Povo de Portugal, obrigado por nos apoiarem todos estes anos e pela grande e calorosa receção nos nossos concertos portugueses no início de 2018. Voltaremos com certeza. Até lá, certifiquem-se de ouvir o nosso novo álbum.


M.I. - Mais uma vez, obrigado pelo teu tempo e fica seguro!

Cuida-te! Obrigado.


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Entrevista por Ivan Santos