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Entrevista aos Empyrean Fire


Um dos últimos lançamentos de 2020 foi assinado pelos Empyrean Fire, uma banda de Portland, formada por Tricia Myers (vocais), Jason Yorke (guitarra / baixo / voz) e Brian Rush (teclados/voz). O álbum de estreia, Deliverance, é um trabalho melódico e sinfónico de black metal com referências a bandas como Dimmu Borgir, Emperor, Dissection e Dark Funeral. Também têm influências de thrash e death metal, especialmente, em alguns dos riffs. A história e a inspiração por detrás do álbum são as obras clássicas da literatura: Paradise Lost e Paradise Regained. Conversámos com Brian sobre estes temas.

M.I. - Olá! Obrigado por responderes às nossas questões. E parabéns pelo excelente primeiro álbum!

Obrigado por nos receberem.


M.I. - Em primeiro lugar e por serem uma banda nova, gostarias de fazer uma apresentação? Quem são os Empyrean Fire e como surgiram?

Os Empyrean Fire começaram como um projeto conceitual da vocalista, Tricia Myers. Quando entrei no grupo, estávamos prestes a seguir numa direção influenciada por Dead Can Dance e Sisters of Mercy. Poucos meses depois, o Jason Yorke apareceu e a direção mudou significativamente para o que os três conhecemos e amamos: metal.


M.I. - Nas cosmologias antigas, o Céu Empyrean era o local no Céu (celestial) mais alto, que se supunha ser ocupado pelo elemento fogo. Na literatura cristã, é a morada de Deus e dos abençoados seres celestiais tão divinos que são feitos de pura luz e a fonte da luz e da criação. Mas a vossa música é muito, muito sombria e sinistra. Existe aqui uma contradição. Por isso, porque escolheram esse nome?

Sim, Empyrean Heaven é o mais alto dos altos, puro fogo, pura luz. Fomos inspirados por isso. A maioria associa o fogo ao Inferno. Lúcifer, o portador da luz, lutou para prosperar acima do trono, para ser o mais alto dos altos, para reinar acima das estrelas. O fogo é o símbolo supremo daquilo que move o homem, a natureza e outras entidades divinas. Para nós, representa a criação, uma saudação ao portador da luz.


M.I. - Quais são as vossas influências? Quais as bandas / artistas que mais ouvem?

Todos temos espectros enormes. Pessoalmente, sou atraído por energia extrema numa ponta do espectro e paisagens sonoras exuberantes, atmosféricas e fantasiosas, na outra. Em relação a bandas, Mystic Circle, Bal Sagoth e Anorexia Nervosa estão em forte rotação constante.


M.I. - Quem é o compositor principal? Todos participam da criação das músicas?

A Tricia é o catalisador na cadeia de composição. Ela tinha uma direção definitiva para cada música que o Jason interpretou e transpôs para o reino do metal. Depois que a estrutura básica foi estabelecida, eu escrevo e gravo as partes do sintetizador que, depois, voltam para o Jason misturar e nós os três completamos a gravação dos vocais.


M.I. - O vosso baterista é a tempo inteiro? Haverá um 4.º membro definitivo na banda?

O Michael Thompson apareceu quando estávamos a encerrar a gravação de Deliverance. Embora ainda esteja muito longe, esperamos que ele esteja connosco na próxima gravação.


M.I. - Falando agora sobre Deliverance... Qual é o tema do álbum? É baseado no livro Paradise Lost de John Milton, certo? Até a capa é uma ilustração de Gustav Doré. Porquê esta obra específica?

Sim! É baseado em Paradise Lost e Paradise Regained. É uma viagem de áudio pela guerra, desespero e inferno! Esses poemas são lindamente escritos e a história é linda e brutal. Entre os grandes temas, como o desejo e a guerra, trata-se também de aceitar escolhas e cultivar determinação face à adversidade. O Juízo Final, de Gustav Doré, é o representante de Lúcifer sendo expulso do Céu pela sua verdade não ser aceite.
  

M.I. - Como tem sido a receção, principalmente, pela crítica?

Geralmente, a receção tem sido positiva. O black metal sinfónico já não é um género popular, mas considerando que cada vez mais pessoas ouvem metal, está a fazer um pequeno burburinho! Obviamente, os veículos que apoiam a música romântica e fantástica têm mais coisas boas a dizer.


M.I. - O álbum saiu como vocês pretendiam ou, agora, ouvindo o produto final, fariam alterações?

Saiu além das minhas expectativas. Estou muito feliz com o resultado.


M.I. - Como foi o processo de gravação? Demorou muito? Imagino que com a situação de pandemia não foi fácil e houve constrangimentos.

O processo de gravação demorou muito no início, mas assim que alcançámos o nosso ritmo, as coisas correram bem. Definitivamente, houve restrições devido à pandemia. Todas as gravações foram feitas em casa e muitos arquivos foram transferidos, revistos, transferidos novamente e assim por diante.


M.I. - Têm algum concerto planeado (para um futuro mais ou menos próximo, porque a situação é difícil)?

Estávamos a começar a preparar concertos pouco antes da pandemia. Neste momento, estamos parados até que a situação melhore.


M.I. – Como estão a pensar apresentar o álbum ao vivo? Como pensam transportar toda essa sinfonia, poder e brutalidade para o palco? Com elementos orquestrais?

Bem, para uma banda totalmente nova, temos de contar com o equipamento que temos, neste momento. Eu tocaria baixo porque seria uma interpretação mais próxima da energia por detrás das músicas. Ainda estou para ver um tecladista de metal sinfónico transmitir a magnitude do que realmente foi gravado. Ou são estátuas ou exageram. É um instrumento difícil de manobrar para atuações em clubes. Claro, se alguém tiver uma orquestra que nos possa emprestar, avisem-nos!


M.I. - Como têm promovido o álbum?

Fazemos o que podemos nas redes sociais, mas é difícil encontrar o nicho certo para além do público em geral. Também não temos muito tempo para nos dedicar a isso. Acredito que o MDR tem lidado com muitas promoções nos media.


M.I. - Lançaram o álbum pela Heavy Gloom Productions. Quem são e porque os escolheram?

A Heavy Gloom Productions é a editora do Jason. Ele é o cérebro por detrás do projeto de black metal atmosférico, Eternal Valley, mas também lança outros projetos de black metal na HGP.


M.I. - Ainda é cedo, mas já planearam algo para o próximo álbum?

Sim! A escrita está em andamento e algumas faixas já têm alguns rascunhos básicos.


M.I. - Antes de terminarmos, últimas palavras aos nossos leitores?

Apoiem o que gostam. Considerem, mas não aceitem, cegamente, o que os formadores de opinião dizem. Os snobs foram enganados!


M.I. - Obrigado pelo tempo, fiquem seguros e espero vê-los no palco em breve!

Felicidades. Obrigado pela entrevista.

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Entrevista por Ivan Santos