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Entrevista aos GrowN


Ser crescido para muitos significa “ficar calmo à espera de morrer”, mas os noruegueses dos GrowN provam que não precisa de ser assim. Por trás da "nova" banda, está nada mais nada menos que o guitarrista dos Clawfinger, Bård Torstensen, e Harald Dose. Ambos apresentam o seu primeiro disco em três décadas. Mas boa música não é uma questão de idade! No dia 4 de dezembro lançaram “Stay Calm”, o primeiro single do seu álbum de estreia, intitulado “For Life”, que sairá no dia 19 de fevereiro. O Harald Dose e o Bård Torstensen tiveram uma conversa divertida e interessante com a Metal Imperium, na qual mostraram que estão realmente muito GrowN. Continuem a ler...

M.I. - Muitas pessoas acreditam que ser crescido significa “ficar calmo à espera de morrer”. Mas vocês provaram que estão erradas. Qual é o significado de ser crescido para vocês? 

Significa que temos muita experiência e espírito na calma de ser velhos e somos livres para fazer o que quisermos com isso e, no nosso caso, significa fazer música boa e poderosa até ficarmos surdos ou mortos.


M.I. – A experiência de vida e a maturidade musical podem ser o melhor terreno para criar sons estimulantes, frescos e ásperos mas cheios de coração e alma. O quanto é que a experiência de vida e a maturidade musical ajudaram os GrowN? 

Sentimos que temos "mais tomates", de certa forma somos mais confiantes. A criança ainda está dentro de nós, mas é mais fácil de controlar do que quando éramos jovens. Tudo o que passamos todos estes anos, tanto musicalmente quanto como seres humanos, tem um impacto na forma como a música sai.


M.I. - Por trás da "nova" banda está o ex-guitarrista dos Clawfinger, Bård Torstensen. Quais são as principais diferenças entre os Clawfinger e os GrowN? 

Bård: A música dos GrowN é um hard rock novo e antiquado com grandes vozes, enquanto os Clawfinger têm o rap metal como base. Quando toquei uma música para um dos tipos dos Clawfinger, ele disse: "Parece Clawfinger com um cantor em vez de um rapper". Acho que não consigo deixar de ser quem sou e evitar expressar música da maneira que faço. Se tentasse fazer diferente, não seria honesto.


M.I. - Este é o primeiro álbum de Bård Torstensen e Harald Dose em três décadas... como se sentem? Animados ou preocupados? 

Estamos entusiasmados com tudo isto e, certamente, acreditamos que ainda temos isso em nós. Vamos esperar que as pessoas se sintam da mesma maneira. A preocupação não é tão forte como quando éramos jovens. Naquela época, era como se toda a vida evoluísse em torno do sucesso da banda, mas agora sentimos que temos uma plataforma segura fora dela, embora os GrowN signifiquem muito para nós.


M.I. - No dia 4 de dezembro, “Stay Calm” foi lançado… como foram as reações dos fãs e dos média? 

As reações são muito positivas. Na verdade, mais do que esperávamos. Eu não vi uma má crítica ainda. Se já viste, envia-nos o link, para mantermos os pés no chão. (risos)


M.I. - O álbum de estreia intitulado “For Life” sairá no dia 19 de fevereiro. Por quê esse título? “For Life” é a vossa dedicação à música? 

O objetivo é refletir a nossa dedicação à música e às letras do álbum. Mesmo não sendo uma banda "política", gostamos de falar de assuntos da vida. Se temos a oportunidade de transmitir algo adequado nas letras, por que não fazê-lo em vez de não falar de nada de jeito?! Às vezes, quando ouço bandas, sinto que as letras não foram uma prioridade no processo de composição. Acho que uma música deve ter os dois para ser completa.


M.I. – Quando o corona surgiu no início de 2020, vocês encontraram-se na vossa cidade natal e redescobriram o amor de fazer música juntos. A ideia surgiu imediatamente ou depois de algumas jam sessions? 

Já tínhamos a ideia há algum tempo, mas o bloqueio deu-nos tempo para testá-la e concretizá-la. Por que não tentar usar essa situação deprimente de forma positiva, em vez de esperar que acabe?! Teríamos enlouquecido se ficássemos sentados à espera que os concertos aconteçam novamente.


M.I. - Vocês costumavam tocar juntos nos THEO nos anos 80. A química ainda é a mesma ou é mais intensa e madura agora? 

Mesmo que às vezes ainda sejamos “crianças” por dentro, somos pessoas mais maduras e refletidas (às vezes (risos) ). Isso tornou todo o processo muito tranquilo e divertido.


M.I. – O Torstensen disse: "Com o passar dos anos, escrevi inúmeras ideias de músicas que não combinavam com os Clawfinger. O meu coração bate numa ampla variedade de estilos musicais, não consigo controlar o que criativamente jorra de mim." Usaste estas inúmeras ideias de músicas com os GrowN? 

Sim, sim. Esse foi o ponto principal desde o início. Já há algum tempo que queria fazer uma banda com essas ideias de músicas.


M.I. - Há cinco anos, o guitarrista permitiu-se a diversão e ouviu novamente todas as demos antigas, percebendo que havia algumas abordagens muito boas para músicas realmente boas entre elas. "O meu coração falou comigo e gritou alto e bom som "SIMPLESMENTE FAZ!" Por que não as usaste antes? Ou o tempo passou e só agora conseguiste ouvir todo o seu potencial? 

Eu não as usei porque o meu foco estava em fazer músicas para os Clawfinger, e senti que essas músicas não se encaixavam neles. Sabia que essas ideias tinham potencial. Eu escrevi-as ao longo de tantos anos que tive tempo de esquecê-las. Quando me esqueço de uma ideia de música e, depois, pego nela de novo, de repente ouço-a da perspectiva de um ouvinte. Tornou-se como uma nova música para mim. Isso dá-me ânimo para continuar a trabalhar e, finalmente, concluí-la.


M.I. - O álbum tornou-se uma peça contemporânea e atemporal de New Classic Rock: sólido, e organizado de forma direta. Foi complicado / fácil criar este álbum? 

Foi um processo fácil, porque não tivemos que nos preocupar com o tempo. Não havia pressa e podíamos trabalhar quando quiséssemos e usar o tempo que fosse necessário. Se não nos sentíssemos inspirados, foda-se, tínhamos tempo!


M.I. - Como ocorreu o processo de gravação? Vocês reuniram-se mesmo com todas as restrições? 

Nós gravamos nos nossos estúdios caseiros (do Harald e meu). Enviámos ficheiros para frente e para trás. Passamos muito tempo a discutir ao telefone...


M.I. - Quem misturou e masterizou? 

Foi misturado e masterizado pelo Bård Torstensen no seu estúdio caseiro...


M.I. - Este é um caso típico de seguir o coração... acham que é um bom conselho para as pessoas? Deve-se seguir o coração? 

Absolutamente! …mas o problema para as bandas geralmente aparece no "segundo álbum difícil". Fazes algo bom e as expectativas de alguma forma restringem a tua criatividade.


M.I. - Na vossa opinião, GrowN é um nome: “... que nos convém. Afinal, estamos muito velhos agora. Mas também mostra que, mesmo sendo velhos, nunca perdemos a nossa paixão por esse tipo de música.” Então, basicamente, vocês são velhos em idade, mas jovens no coração, certo? 

Bem dito! (risos)


M.I. - Com o primeiro single “Stay Calm”, vocês forneceram, não apenas um verdadeiro tema de rock, mas também instruções para uso durante o corona. Para quem não sabe, que instruções foram essas? 

Fiquem seguros, mantenham a distância e tudo vai correr bem... e quando ficarem desesperados e nervosos de toda a espera, façam o contrário de gritar: FIQUEM CAAAAAALMOS !!!!!


M.I. - Como todos os outros músicos, os GrowN estão privados de andar em tournée por causa do corona. Como pretendem divulgar o novo álbum em tal cenário? 

É claro que é difícil, mas fazemos vídeos, usamos as plataformas sociais, etc. Também faremos alguns “live” para fins de promoção. Queremos sair e fazer alguns concertos em 2022.


M.I. - Agora que a vacina chegou... acreditam que será possível fazer tournées ainda este ano? Se sim, já estão a planear algo a esse respeito? 

Talvez seja possível fazer concertos no segundo semestre de 2021, mas todos estão à espera da oportunidade, e vai ser difícil... Ainda assim, começamos a preparar um concerto e estaremos prontos quando chegar a hora, mas como falamos... Acreditamos em 2022.


M.I. - De acordo com o comunicado à imprensa, se a pandemia continuar, este pode ser o vosso álbum de despedida também. Por quê? 

Isso refere-se aos 30 anos de separação. Se mantivermos esta frequência nos nossos lançamentos, pode ser um adeus... (risos)


M.I. - Boa música não é uma questão de idade e o stress é fundamentalmente contraproducente. Não é uma boa maneira para ajudar a manter-vos sãos? 

Sãos? Tenho uns tipos de bata branca a bater-me à porta mesmo agora. Vêm para me levar (risos)... A falar a sério, era muito importante ter o projeto GrowN para manter a sanidade durante a primeira onda da pandemia e, na vida normal, a música é o que nos mantém sãos.


M.I. - Imaginem que tudo volte ao normal em breve, o que querem alcançar com os GrowN num futuro próximo? 

Queremos tocar ao vivo para as pessoas que se importam com a nossa música. O facto de alguém se importar com o que estamos a fazer realmente significa muito para nós. Não há nada melhor do que sentir que o que fazemos é importante para outra pessoa! Temos planos para o difícil segundo álbum em 2050 também. (risos)


M.I. - Por favor, partilhem algumas palavras finais com os nossos leitores. 

Quando esta porra de pandemia acabar, esperamos ter a oportunidade de ir a Portugal tocar para vocês! Espero ver-vos em breve! Fiquem seguros e higienizados!

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Entrevista por Sónia Fonseca