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Entrevista aos Winter’s Verge


Uma ilha pode ter excelentes bandas e músicos também. Os Winter’s Verge não são exceção. Eles vêm de Nicósia, no Chipre, com menos de 1 milhão de habitantes. 
Lançaram “The Ballad Of James Tig” no passado mês de setembro (dia 11), pela Pride & Joy Music.  Miguel Trapezaris (baixista) fala sobre a história do álbum, Frixos Masouras, Stratovarius e mais. 

M.I. - Olá, rapazes, espero que estejam bem. Vocês são de Nicósia, no Chipre. Podem dizer-nos, por favor, como é ser músico ou banda numa ilha? Como é que se divertem e andam em tournée?

Olá! Aqui é o Miguel! Bem, somos um país pequeno, a população é menos de 1 milhão, por isso, claro que o mercado e a cena são limitados aqui. Contudo, acredito que temos uma cena forte! Também temos sorte muita sorte em haver alguns bons espaços para eventos aqui também. Todos temos trabalhos “normais”, quer como professores de música ou a trabalhar em diferentes ramos.


M.I. - Porque é que decidiram escolher este nome para a vossa banda?

O inverno é uma época do ano – para nós especialmente, é uma época de frio, reflexão e intensidade. Achamos que mostra o sentimento da música que criamos, com um indício do frio que se aproxima e uma sensação de imprevisibilidade.


M.I. - O vosso novo álbum chama-se “The Ballad Of James Tig” e foi lançado no dia 11 de setembro, pela Pride & Joy Music. Quem é este personagem? É da cultura popular do vosso país ou um conto?

James Tig é um personagem fictício, que vive no mundo místico de Tiberon, onde todas as nossas músicas se centram. As personagens de Eternal Damnation, Captain’s Log, Wolves of Tiberon, I Swear Revenge, Dark Entries, Reflections of the Past, A Call from the Deep, Semeni, e outros, vêm deste sítio. 


M.I. - Os vossos temas líricos são baseados em sonhos, fantasia e amor. Que tipo de balada iremos ouvir e conta-nos a história por trás disso.

O James Tig sofreu uma grande perda para um monstro marinho, que matou a sua família e, à medida que cresce, quer vingar-se e convence alguns a segui-lo na sua causa…, mas será o monstro real? Qual será a verdade? Fiquem atentos para descobrir a verdade!


M.I. - Como é que criaram as letras e o som? Eu sei que o famoso autor e dramaturgo local Frixos Masouras teve influência nisso, certo?

Trabalhamos de muito perto com o Frixos Masouras, não só neste álbum, mas na construção do mundo de Tiberon durante todos os nossos álbuns. Frixos é o escriba da banda, por assim dizer, e é muito importante para a banda, como um sétimo membro. Ele escreveu a história do James Tig, e o George estava a conversar com ele, para o tornar num álbum a solo. Mas, em vez disso, decidimos produzi-lo como um álbum dos Winter’s Verge e estamos muito contentes com o resultado! Como tivemos algumas mudanças de membros nessa altura (os nossos irmão de longa data, Harrys Pari and Andy Kopriva tiveram de sair da banda por razões profissionais e familiares, o que quer dizer temos dois novos guitarristas), o George escreveu a maioria das partes das guitarras e focou-se mais no aspeto sinfónico – o que quer dizer que temos um álbum com um som mais sinfónico, como resultado! Contudo, achamos que ainda soa muito a Winter’s Verge.


M.I. - Podes, por favor, dizer-nos quais foram, para vocês, as músicas mais difíceis e fáceis de escrever?

“Blood on The Foam” foi um desafio, em geral para manter o balanço da dinâmica e texturas certos! Quanto à mais “fácil”, não tenho a certeza se houve uma canção “fácil” de escrever aqui – talvez a mais simples, foi a faixa-título, como é uma balada acústica, significa que em termos de produção, foi a mais fácil de produzir e gravar!


M.I. - Após 3 anos de preparação, podemos dizer que este pode ser o vosso lançamento mais ambicioso até agora. O que sentem sobre isso e concordam?

Sim, sem dúvida foi, mas não pelas razões em que estás a pensar. Como mencionei anteriormente, passamos por algumas mudanças importantes na formação, enquanto escrevíamos este álbum. Tivemos de aprender a trabalhar com pessoas diferentes, dizer adeus a outras, que fizeram parte da banda durante anos e marcaram a sua identidade na banda e nas músicas, que ajudaram a escrever e tocar. Com efeito, este álbum ajudou a “reconstruir” a banda, e acho que conseguiu bem isso. Temos um álbum com uma sonoridade diferente, sem dúvida desde o “IV”, que era mais orientado para guitarras – este é mais sinfónico e reflexivo. É uma escolha ousada de se fazer e quase que vai contra a abordagem baseada em riffs, que está a acontecer no Metal atualmente, mas porque não tentar ser diferente?


M.I. - George Eracleous (Oneirism Studios) ajudou na mistura e masterização do vosso som. Como é que se conheceram e onde é que a magia aconteceu?

O George Eracleous é meu amigo íntimo há muitos, muitos anos. Conhecemo-nos através de bandas e temos a nossa própria banda (Oneirism). Ele trabalha com composição, produção e design de som, e quando precisávamos de alguém para fazer a masterização, falamos com ele e ele fez um excelente trabalho. Queríamos que isto fosse 100% Cipriota, em termos de produção, e acho que produzimos algo de que nos podemos orgulhar.


M.I. - Um barco, o James Tig e uma mulher são as personagens da capa do álbum. É uma ótima arte gráfica. O George Vasiliou foi o responsável por este trabalho. Deram-lhe alguma ajuda? O que é que as localizações e as pessoas representam?

Falámos-lhe do conceito do álbum – ele depois reproduziu o que pedimos! O navio, o James e a Nina estão a contemplar o próximo passo da aventura. A natureza etérea e assustadora da capa, dá uma vibração sobrenatural, e realmente parece que acontece num mundo mágico. Ficamos muito contentes com o resultado.


M.I. - “I Accept” é o primeiro single. As vozes do George Charalambous são incríveis, as guitarras do Deniel Pavlovsky e do Savvas Parperi são lindas, os teclados do Stavry Michael são fantásticos, o baixo do Miguel Trapezaris e a bateria do Danny Georgiou são muito estruturados. O que significa esta canção? Quem é esta mulher, que canta com uma voz mágica?

“I Accept” é o ponto da história, em que o James Tig aceita as condições do que está a acontecer. É desespero, mas é final. Acho que o George transmite a emoção na canção, com o equilíbrio certo de sentimento e crueza. Teodora Stoyanova, da banda búlgara Freija, empresta-nos a sua voz para esta música, com um bonito som de ópera. Ela é uma fantástica cantora! Temos muita sorte em a ter neste álbum!


M.I. - “Blood on the Foam” é o próximo single. Porque é que escolheram esta canção, e lançarão outra canção? Qual será?

Escolhemos esta música, porque é uma secção transversal muito boa do álbum – grande refrão sinfónico, canto poderoso, bastantes intervalos, e alguns elementos progressivos. Achamos que esta canção daria aos ouvintes uma boa ideia do que podem esperar deste álbum como um todo! Ainda não há planos para lançar outro single a seguir a este, mas se calhar lançaremos!


M.I. - Andaram em tournée com os Stratovarius, na Polaris World Tour. Como correu? Se pudessem andar em tournée e trabalhar com outra banda/cantor, quem seria e porquê? Gostaram de algum país, e qual planeiam visitar pela primeira vez?

Foi um sonho tornado realidade. Os Stratovarius sempre foram uma das minhas banda favoritas e influentes para mim, e para os outros da banda também! Eles foram super amigáveis e profissionais – aprendemos muito com eles, e foram muito gentis por nos ajudarem na tournée. Tipos muito fixes. No futuro, gostaríamos de andar em tournée com Powerwolf, Alestorm e Sonata Arctica – acho que os fãs deles iriam realmente gostar de nós, por diferentes razões, claro! Adoramos tocar na Bulgária, Roménia, Sérvia, Áustria, entre outros, e adoraríamos visitar França, Espanha, Portugal e o Reino Unido!


M.I. - Após quinze anos, 4 álbuns e 3 EPs, estão os Winter’s Verge onde ambicionam estar? Algum sonho que ainda não foi realizado?

Por vezes, as coisas não correm da forma como queres - muitos obstáculos são lançados no caminho. Ainda temos muitos sonhos para cumprir e continuaremos a fazê-lo! Queremos tocar nos principais festivais e fazer mais tournées pela Europa. Tocar no Japão! Acho que é o maior sonho – quero que isso aconteça, sem dúvida!


M.I. - Muito obrigada por esta oportunidade. Algumas palavras finais para os fãs portugueses?

Obrigado por nos receberem! Espero que gostem do álbum, espero que tenham a oportunidade de ouvir também os nossos outros álbuns, e esperamos realmente poder visitar-vos em Portugal, algum dia. Cuidem-se!

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Entrevista por Raquel Miranda