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Psychotic Waltz - "The God-shaped Void" Review

 

Se há coisa que não se pode apontar aos Psychotic Waltz é falta de coragem. Estar quase 24 anos sem lançar um álbum, e fazê-lo durantes estes tempos conturbados não é para todos e só por isso, merecem todo o nosso respeito. Tal não implica, naturalmente, que não haja aqui um acumular excessivo de expectativas, tendo em conta o tempo decorrido entre "Bleeding" e este "The God-shaped Void". Afinal, falamos de uma banda algo icónica e que gerou um certo culto na cena progressiva durantes os anos 90.  

Musicalmente, "The God-shaped Void" acaba por seguir os passos do supracitado disco de 1996, ou seja uma abordagem menos complexa e bem mas direta, quando comparado com os primeiros trabalhos, com o foco na atmosfera e sonoridades mais negras e depressivas. Embora haja quem argumente contra a simplificação de processos começada em "Mosquito" de 1994, a verdade é que foi esta mudança que realmente tornou os Psychotic Waltz numa banda tão única e interessante. A influência de Dead Soul Tribe, o projeto pessoal de Buddy Lackey (ou Devon Tribes), é também inegável do ponto vista atmosférico e até mesmo rítmico, especialmente em temas como "Stranded" ou "Demystified".

Tocado de forma exímia e cantado de forma singular, é em faixas como "Devils and Angels", "The Fallen" ou "Sisters of the Dawn", que "The God-shaped Void" faz sobressair toda a sua qualidade, com passagens épicas, cheias de intensidade e uma atmosfera envolvente.

Contudo, pese embora todos os predicados referidos acima, "The God-shaped Void" peca pela sua oscilação de qualidade, o que impede que se torne um marco, tanto ao nível da música progressiva, como do próprio grupo. Algum do material aqui contido, longe de ser inaudível, acaba por funcionar um pouco como música de fundo, devido à ausência de atributos fortes ao nível da escrita, que prendam a atenção do ouvinte.

Mas como referido anteriormente, para álbum de regresso, é sem dúvida um muito bom apontamento, quiçá uma rampa de lançamento para trabalhos de outra magnitude que possam surgir no futuro. Ficaremos expectantes. 

Nota: 8/10

Review por António Salazar Antunes