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Entrevista aos Stortregn

Os Stortregn são uma banda suíça que, ao celebrar a sua primeira década de existência, lançaram este ano, Impermanence, o seu quinto longa-duração. Incluído num género muito específico, o Progressive Technical Blackened Death Metal é um álbum sólido, com canções coesas que fazem avançar a narrativa ao longo de todo o trabalho.
O Manuel Barrios (baixo) teve a gentileza de responder às nossas questões, descrevendo e dando a conhecer esta potente mistura de brutalidade e destreza progressiva helvética.

M.I. - Olá! Obrigado por disponibilizares o teu tempo! E parabéns pelo novo álbum! Um disco sólido do qual se devem orgulhar!

Muito obrigado! Estamos muito orgulhosos e as críticas foram extremamente emocionantes.


M.I. - Para nossos leitores que não vos conhecem, como caracterizam Stortregn?

Stortregn começou como uma banda melódica de Black Metal reminiscente de Dissection ou Dark Tranquillity. Depois de muitos anos à procura do nosso próprio caminho, colocámos cada vez mais influências de Death e Progressive Metal na nossa música e, hoje, acho que podemos dizer que gravitamos em torno do Blackened Tech Death.


M.I. - Penso que “Stortregn” é sueco para “chuva forte”. Tem outro significado? O que isso significa para vocês e porque escolheram esse nome?

Como a banda foi inspirada por bandas suecas dos anos 90, parecia adequado usar uma palavra sueca no nosso nome.


M.I. - No começo tinham outros nomes, até que acordaram com Stortregn. Que outros nomes usaram ou pensaram em usar?

Como muitos outros, Stortregn começou como um grupo de amigos a tocar música e a tentar encontrar uma identidade como banda. Divine Smile e Addict Repulsion foram nomes usados ​​nos primeiros anos, mas Stortregn tornou-se o nome definitivo antes da primeira demo.


M.I. - Dez anos desde o primeiro longa-duração… Qual é a tua opinião sobre a última década e qual a maior diferença que notas na banda e no seu som, entre o primeiro e o último álbum?

Caramba... Já fez dez anos...
Houve muitas mudanças na banda desde então. Restam apenas dois membros originais (Romain e Johan), mas acho que cada um dos novos membros trouxe as suas próprias influências.
Quanto ao som, colaboramos com Vladimir Cochet (Conatus Studio) desde o nosso primeiro álbum. Podemos dizer que o som fica melhor e mais “direto” a cada novo lançamento. Saudações para ele!


M.I. - A banda passou por várias mudanças na formação. Por exemplo, acho que na bateria, o Samuel é o 7º a ocupar a posição! Tudo isso, é claro, traz instabilidade para qualquer banda. Achas que isso vos impediu de ir mais longe e mais alto?

O Sam pode ser o sétimo baterista (realmente não sei), mas ele vem rebentando a sua tarola com Stortregn desde 2013! Desde o lançamento de Singularity (2016), que não houve nenhuma saída da banda e acho que isso mostra que cada álbum desde então, foi melhorando em relação ao anterior. Mas sim, acho que estabilidade é importante e ajuda muito no crescimento da banda.


M.I - Falando sobre o Impermanence… O álbum parece ter sido pensado como um todo, sem nenhuma música para se destacar, apenas uma continuação do anterior. É um disco de metal extremo que combina o melhor de vários subgéneros para criar algo maior do que a soma de suas partes. Estou errado na minha análise?

Não sei se estás certo ou errado, isso seria pretensioso, mas muito obrigado pela tua análise! Combinar vários subgéneros é algo que tentamos fazer conscientemente. Todos viemos de diferentes universos musicais e todos ouvimos diferentes subgéneros do metal no nosso dia-a-dia. Por isso, quando chega a hora de escrever uma canção, tens todas essas influências diferentes para trabalhar.


M.I. - O vosso processo de escrita é sempre o mesmo? Como foi com este álbum?

Foi mais ou menos igual ao anterior. O Johan e o Duran trocaram riffs e ideias para músicas. Depois organizaram-nas em músicas e adicionaram para aí 10.000 harmonias de guitarra em todo o lado. Depois disso, o Sam e eu, escrevemos as nossas partes e o Romain colocou a sua voz.


M.I.- Pessoalmente, acho que este é o vosso melhor trabalho. Algo que só foi conquistado com muita união e paixão pelo que estavam a fazer. Foi fácil chegar ao resultado final? Tiveram mais ou menos problemas com o Impermanence do que com os álbuns anteriores?

Só posso falar pelo Impermanence and Emptiness Fills the Void, já que só participei nas sessões de gravação desses dois álbuns. Não foi fácil, não foi nada fácil! Há uma tonelada de partes de guitarra, camadas e mais camadas de instrumentos em cada riff. O álbum é tão denso que foi muito difícil chegar a um resultado final com o qual todos concordássemos.


M.I. - A capa foi criada pelo pintor Paolo Girardi. Como surgiu essa parceria e o que significa o design?

O que procuramos quando se trata da capa dos nossos álbuns, é uma obra de arte. Como todos os artistas com quem colaborámos nas nossas obras, gostamos muito do trabalho dele e, por isso, decidimos entrar em contacto com ele.
Enviámos-lhe um pequeno texto a explicar o conceito do álbum e o que estávamos à procura. Além disso, enviámos, também, as letras e algumas músicas inacabadas. O Paolo Girardi ficou livre para interpretar os conceitos como quisesse.


M.I. - Sem concertos, como estão a promover o álbum? Estão a conseguir chegar onde querem e a ter as reações pretendidas?

Infelizmente não. Adoraríamos estar na estrada em digressão, durante semanas a defender o nosso novo álbum, mas a situação não nos permite fazer isso. Por isso, temos filmado playthroughs e videoclipes que foram muito bem recebidos e partilhados. Também estamos a experimentar coisas novas, ampliando os nossos horizontes promocionais. Vão ver isso dentro de alguns meses!


M.I.- Qual é o caminho que procuram para o futuro? Continuar a desenvolver o que já fazem - mas mais extremo e mais técnico - ou experimentar outros sons? Afinal, o vosso som também é uma mistura de subgéneros.

Outros sons? Nah... Mais rápido, mais forte e mais explosivo.


M.I. - É muito cedo para falar sobre um novo álbum ou já têm algo em mente?

Já trocamos alguns riffs entre nós, mas nada formal.


M.I.- Depois da experiência com single "Cosmos Eater", este é o primeiro álbum com a The Artisan Era. Porque decidiram mudar de editora? Estão a tentar ter mais exposição fora da Europa?

Claro, a exposição é muito importante e estamos sempre a tentar levar a nossa música para novos lugares. Mas decidimos mudar de editora principalmente, por causa da nossa mudança no som. Soamos cada vez mais modernos e pensámos que precisávamos de uma editora que tivesse um público à procura desse tipo de metal.


M.I.- O que ouvem no dia-a-dia? Onde procuram ideias?

Cada um de nós ouve diferentes estilos de música. Acho que o nosso terreno comum é o Death Metal e todos os seus subgéneros. Pessoalmente, ouço Thrash, Death e Heavy. Fora do metal, adoro música folk/country.


M.I.- Quando o mundo voltar ao normal e pudermos estar todos juntos... Têm algo planeado? Existe alguma hipótese de vos ver em Portugal?

Ainda esperamos poder fazer uma digressão antes que todos se esqueçam do Impermanence. Nunca estivemos em Portugal, mas adoraria: adoro a comida portuguesa e a doce, doce música de Quim Barreiros.


M.I.- A pandemia acelerou o mundo digital. Achas que esse é o único futuro possível na música e que, eventualmente, todos os suportes físicos irão desaparecer? Ainda compras os formatos mais antigos (vinil, cassetes ...)?

Pergunta difícil... Realmente espero que os suportes físicos não desapareçam, porque ainda é a única maneira de ter música. Plataformas de streaming apenas emprestam as músicas que ouves. Nos últimos dez anos vimos o ressurgimento do formato vinil e as pessoas também estão a começar a voltar às cassetes. Eu sei que é um público muito pequeno, mas dá-me esperança no suporte físico.
Quanto a mim, sou um hipster do vinil. Eu, absolutamente, amo esse formato. É incrível. Ainda compro CDs de vez em quando, principalmente, para apoiar bandas locais.


M.I.- Música e concertos à parte, o que mais sentes falta de fazer de novo?

Beber uma cerveja gelada com os amigos, no nosso bar preferido e ir a um restaurante.


M.I.- O que é que os membros da banda fazem fora de Stortregn? Têm outros empregos, outros projetos musicais?...

O Johan é professor de guitarra e tem a sua carreira na guitarra clássica. O Sam ensina bateria e tem um «trilião» de projetos musicais. O Romain é designer gráfico. Também canta nos Versus, que são uma banda de hardcore. O Duran é arquiteto e eu sou assistente social.


M.I.- Quase a terminar… Últimas palavras para os nossos leitores?

Cuidem-se e espero que possamos ver-nos muito em breve na estrada!

M.I.- Mais uma vez, obrigado pelo tempo. Espero vê-los em breve num palco português. Continuem sólidos.

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Entrevista por Ivan Santos