About Me

Andre Matos – "Maestro do Rock – Parte I" Review


Andre Matos!!! Um Génio, poeta e escritor das melhores músicas contemporâneas, de Heavy Metal brasileiras. Morreu precocemente, no dia 8 de junho de 2019, com 47 anos, devido a um enfarte agudo do miocárdio. 

O metal brasileiro e internacional ganharam uma lenda e, para honrar o legado, o cineasta e diretor Anderson Bellini, idealizou este filme, que será dividido em 4 partes, onde começou em conversa com o próprio Andre ainda em vida, que resultou numa série de conversas gravadas.
Anderson contou com a ajuda da própria família do músico, que aprovou o projeto e partilhou fotos e arquivos (o primo Eco Moliterno, publicitário de profissão, e o irmão Daniel Matos, também músico, ajudaram exaustivamente com fotos e arquivos e representaram a mesma) e TRM (Thiago Rahal Mauro, assessor de imprensa do Andre). Pessoas próximas também foram entrevistadas.
O mais incrível deste filme é que foi feito por um fã, para os fãs. Ou seja, é uma produção independente, que foi feita através das doações e contribuições feitas pelas pessoas (cada um dava o que queria, sem limites de montante).
A primeira parte, foi apresentada no dia 14 de setembro do ano passado, dia em que Andre Matos iria completar 50 anos e foi apresentado no Theatro Municipal de São Paulo, local onde o músico sonhava apresentar um grande espetáculo, onde só um grande maestro da qualidade do Andre o poderia fazer. Parabéns, Andre, e acima de tudo Anderson e família, por terem conseguido realizar esse sonho ao nosso querido Maestro!!!
A primeira parte retrata a vida do Andre, a família, a formação dos Viper e adolescência. O filme é dedicado a Ary Coelho da Silva, avô de Andre, de quem ele era muito próximo e que morreu com 100 anos.
Começa com o avô a ler um texto e depois o Andre a falar sobre a morte e de como se sentia realizado. Preparem os lenços, pois muitas lágrimas vão escorrer pela cara!!! Segue-se um pequeno vídeo de 2005, onde Andre fala sobre a morte e diz que se tivesse de partir, naquele momento, iria feliz. Não há palavras para descrever o que se sente, quando se ouve isto!!!
A morte deste cantor não deixou ninguém indiferente, pois até os média internacionais e brasileiros o mencionaram e vemos alguns exemplos nas filmagens. Antes do filme propriamente dito, imagens da carreira são-nos apresentadas. O filme tem várias partes que são repartidas por atos:
Primeiro Ato: “O Refúgio” – Fala das origens de Andre Matos. Piedade (localidade onde a família tinha o chamado “sítio”, apresentado pelo próprio). Primo e irmão apresentam o “sítio” na atualidade.

Segundo Ato: “As Origens” - Sónia Coelho (mãe), fala como conheceu o pai do Andre (Pedro Henrique – fotógrafo de profissão, que usou o Maestro como modelo fotográfico), como era o cantor em bebé e criança. Fotos são mostradas. Andre Coelho Matos nasce no dia 14 de setembro de 1971 e D. Sónia explica a razão de ter escolhido os nomes para os filhos. Aprendeu a ler e a escrever por ele próprio. A mãe conta como é que ele descobriu o gosto pela música, que vem desde o berço. Compraram um piano e começou a ter aulas com uma professora, perto de casa, que dizia que tinha muito jeito. 

Terceiro Ato: “A Base” – Fala sobre a formação escolar e prémios recebidos. Yves Passarell (ex--guitarrista da banda Viper), dá exemplo de um desses prémios e faz uma visita guiada ao Colégio Rio Branco, em São Paulo, Brasil, onde ele, o irmão Pit, Kiko Loureiro (ex-guitarrista dos Angra e atual dos Megadeth) e o Maestro estudaram. Kiko fala um pouco dessa época. Colegas de escola também falam um pouco do que viveram com o Andre. Felipe Machado (guitarrista dos Viper) e amigos, contam como se conheceram, pois foi crucial para a primeira banda do Andre adolescente: Viper. História da formação da banda. 

Quarto Ato: “A Estreia” – 3 de janeiro de 1985 – Entrada do Andre nos Viper e também ano da primeira edição do Rock In Rio, no Brasil! Coincidência? Talvez sim, talvez não! Mas foi o evento e ano, que fez com tivesse a certeza que queria seguir a carreira de músico! Foi ao evento, acompanhado pela mãe. Primeiro ensaio da banda. Visual à la Bruce Dickinson. Primeiro press release e concerto, no qual foram banda de abertura, para a banda Platina (banda de Hard Rock, já extinta), no Lira Paulistana (foi um teatro e centro cultural da cidade de São Paulo), isto no dia 8 de abril de 1985. Julho de 1985 – Primeira demo – Killera Sword. 1987 – Primeiro álbum – “Soldiers Of Sunrise”, produzido por Andre Pomba Cagni, ou “Pomba Louca”. Agosto de 1987 – Concerto no Colégio Rio Branco – “Show Da Tocha” (um dos concertos mais icónicos do Metal brasileiro, onde o Andre entra com um cabo de vassoura podre, coberta com um lençol, embebida em querosene e em fogo, na música “Soldiers Of Sunrise”. Quando chega perto da bateria, desfaz-se e cai na caixa. Passado um pouco, vai parar à cortina do teatro, local onde se estava a realizar o evento. 

Quinto Ato – “A Amplitude” – Nova formação da banda. Banda de abertura para os Motörhead.  Outubro de 1989 – Segundo disco – “Theatre Of Fate”. Álbum mais elaborado, produzido por Roy M. Rowland. Conceito e história (história duma personagem operática, que vai passar por várias fases e que renasce ao som da lua). Influência do “Misplaced Childhood”, dos Marillion, “Operation MindCrime” – Queensrÿche e “Close To The Edge” – Yes. Pit trouxe a ideia da música clássica, mas o próprio Andre tratou dos arranjos, nomeadamente as partes orquestrais. Uma namorada, do tempo da faculdade, fez parte da composição. Pode ver-se um clip de “Moonlight”, que é um tributo a Beethoven, escrito por Andre, tocada por Renata Kubala, a ex namorada, no violino, e Fabrizio Di Sarno, Teclado. Este é um dos muitos extras. Explicação como “Living For The Night” foi composta, explicada pelo cantor. J. Alberto Torquato foi o responsável pela capa do álbum e o modelo foi o querido Andre Matos. 

Sexto Ato: “A Separação” – Fala da saída do músico da banda, para ingressar na faculdade de música e que estava a abrir horizontes musicais. Comenta com os membros da banda a sua decisão. Foi das decisões mais difíceis da vida do Maestro, mas que teve de o fazer. Prometeu assegurar a tournée de promoção do “Theatre Of Fate”, só que depois tem de se dedicar aos estudos. Entrada de Guilherme Martin para o lugar de baterista, cargo que ocupa até hoje. Último concerto de Andre com os Viper, que encerra com a música dos Iron Maiden: “Wasted Years”! Gostava de tocar com a banda, mas não fazia sentido naquele momento. Segundo a mãe, D. Sónia, ele queria ser um músico erudito. Esse era um objetivo dele! Entrou na faculdade para ser pianista, mas formou-se Maestro e Compositor. Prolongou o curso de 3 para 6 anos, porque queria aprender mais. Sentia essa necessidade! “Theatre Of Fate” foi um sucesso no Japão e os Viper ainda hoje um fenómeno no país do Sol poente. Para o lugar de vocalista, Pit, baixista, tomou as rédeas. 

Sétimo Ato: “O Artista” – Fala sobre a dedicação aos estudos e ao piano, enquanto instrumento, pois tem de se dedicar de cabeça. Vídeos divinos do músico e compositor a tocar piano, são-nos apresentados. Também tinha interesse em técnicas de composição e não perdeu o gosto pelo canto, pois também cantava no coro da faculdade. Tinha aulas de técnica vocal. Um vídeo da Faculdade Santa Marcelina (faculdade onde ingressou, juntamente com Rafael Bittencourt, guitarrista dos Angra) demonstra isso mesmo, tal como a disciplina de Regência. Fenomenal! Helena Matos (irmã) Daniel (irmão), Eco (primo) e D. Sónia (mãe) falam como era o Andre e vídeos de família são apresentados. 

O filme tem uma duração de 1:39:56, com legendas em inglês e espanhol. Como é um filme realizado por um fã e para os fãs, os mesmos que contribuíram para a realização conseguem ver o seu nome nos créditos.  O filme está disponível no Vimeo ou por aqui: https://roadiecrew.com/andrematos/

Um dos melhores, lindos, emocionantes e bem feitos filmes sobre a vida e obra de um cantor. Não há como não se emocionar! O esforço é notório e merece ser prestigiado. A todos os que deram o depoimento, foi muito importante para preservar a vida e obra do Maestro, quer no Brasil, que pelo Mundo fora!
À família, obrigada pelas imagens e vídeos. Um bem-haja a vocês!
Ao Anderson e à equipa, continuem com o magnífico trabalho. Não desistam!

Review por Raquel Miranda